quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

METALLICA - DEATH MAGNETIC (2008)



Para comemorar o show do METALLICA em Porto Alegre (hey, faltam menos de 48 horas!), aproveito para esquentar os ânimos com uma resenha de Death Magnetic, o mais recente álbum dos caras, lançado em 2008.

Quem é fã da banda há mais tempo vai lembrar que, depois do estrondoso sucesso comercial do álbum Metallica (que ficou popularmente conhecido como "The Black Album" - o Álbum Preto) em 1990, a banda enveredou por uma fase heavy rock com influências de blues e country, tendo lançado em 1996 o álbum Load, provavelmente o disco mais polêmico daquela década. Choveram acusações de que a banda tinha "se vendido", que tinham "virado as costas para o metal" e semelhantes bobagens. Os álbuns seguintes, Reload (1997), Garage Inc (1998) e o ao vivo com orquesta S&M (1999) não contribuíram muito para mudar aquele preconceito generalizado de que a banda "não era mais heavy metal".




Por conta disso, houve uma enorme expectativa em 2003, quando o álbum St.Anger estava para sair. A banda prometia um álbum pesado e destruidor, e muita gente sonhava com um retorno triunfal ao estilo thrash metal que consagrou o grupo nos anos oitenta. Mas a decepção não podia ter sido maior. Load e Reload podem não ter agradado os fãs mais radicais por conta do estilo musical, mas contavam com uma produção impecável e caprichadíssima. Já St.Anger era um desastre do começo ao fim: músicas excessivamente longas, sem inspiração, ausência completa de solos de guitarra (nem unzinho no álbum inteiro), a bateria de Lars Ulrich soando como um amontoado de latas de tinta e Hetfield se esgoelando em vocais gritados e irritantes. Umas poucas faixas se salvavam, como Frantic e The Unnamed Feeling, mas no geral o disco era sofrível e, pela primeira vez em vinte anos de carreira, sem entrar no mérito de gostos pessoais e estilos, o Metallica lançava um álbum REALMENTE fraco.




Por isso, Death Magnetic foi aguardado com grande ansiedade, pois havia uma percepção geral de que o álbum seria a redenção ou a sepultura definitiva da banda. Os shows que o Metallica vinha fazendo nos últimos anos já indicavam que a banda estava muito melhor do que se ouvia no lastimável St.Anger, e reforçavam a fé na qualidade do álbum que viria. E, em setembro de 2008, Death Magnetic chegou chutando bundas ao redor de todo o globo. O álbum foi um sucesso de crítica e público, e chocou ao mostrar um Metallica com imensa vitalidade, detonando num disco cheio de composições longas, complexas, intrincadas, agressivas e recheadas de riffs e solos de guitarra. Alguns apressados saíram dizendo que a banda havia "voltado ao thrash", embora uma audição mais atenta demonstre que boa parte do material de Death Magnetic não faz jus a tal rótulo. Ainda assim, não há dúvidas: por mais que se possa gostar de Reload, Death Magnetic é pelo menos o melhor disco de composições próprias da banda em uma década, e o mais agressivo e próximo do estilo original do som do Metallica desde And Justice For All, de 1988. Não é pouca coisa!



O disco abre com a rápida That Was Just Your Life. Fiel aos álbuns mais antigos da banda, a música começa com uns dedilhados suaves e de repente o pau começa a comer. A música remete diretamente à sonoridade e estilo do clássico disco And Justice For All, mas com a diferença de que o baixo não é horrivelmente apagado, o que é um defeito notório de And Justice for All. De cara, dá pra ver que - graças a Deus - a banda deixou de lado a sonoridade duvidosa e os arranjos excessivamente crús de St.Anger. Estão de volta os riffs elaborados, a batida thrash e os solos de guitarra excelentes.

The End of the Line começa de forma mais cadenciada, e surpreende pelas várias mudanças de ritmo, pelo andamento quebrado e pela variedade de diferentes partes instrumentais ao longo de seus quase oito minutos de duração. É aquele tipo de música que faz a gente se perguntar "putz, como é que eles não se perdem tocando isso?", ou "como é que eles não erram essas viradas de tempo?".

Broken, Beat and Scarred é a mais memorável das três primeiras músicas do álbum, e já marcou lugar garantido no setlist dos shows da atual turnê da banda. Assim como a faixa anterior, estão presentes aquelas mudanças de andamento com um pé no prog metal, mas nessa aqui a estrutura da música é mais simples e mais direta, calcada no bordão "what don't kill you make you more strong" da letra.




The Day That Never Comes é provavelmente a faixa do disco que mais se destacou nas rádios. No começo, a música lembra muito a clássica Fade to Black, do álbum Ride The Lightning de 1984. É uma audição mais fácil do que a maior parte do material de Death Magnetic, mas agrada tanto aos ouvintes casuais (pelas boas melodias) como os fãs da banda, que reconhecerão de cara o estilo das antigas baladas heavy do grupo, como Welcome Home - Sanitarium, One e a já mencionada Fade to Black. Um baita som, que começa suave e melódica e termina furiosa. São quase oito minutos de música que, literalmente, passam voando pelos ouvidos!

All Nightmare Long é outra faixa excelente, que também está rolando direto nos show da turnê de Death Magnetic. São quase oito minutos de uma condução nervosa que novamente remete aos álbuns mais antigos do Metallica.

Cyanide é um hard rock quase pegajoso e uma faixa quase curta para os padrões deste disco (tem "só" seis minutos e meio de duração). Embora diferente da sonoridade geral do álbum, é uma ótima faixa, que mostra que a banda respeita a diversidade de estilos que caracteriza sua carreira, pois essa música poderia muito bem estar no álbum Reload, por exemplo.




The Unforgiven III dá sequência às músicas The Unforgiven (do Black Album, de 1990) e The Unforgiven II (do Reload, de 1997). Sem dúvida, a música é a grande pisada de bola de Death Magnetic. Após uma introdução monótona no piano, um riffzinho dedilhado sem graça basicamente dá o tom da música inteira. É uma faixa extremamente burocrática e que não diz a que veio. Lembro que os fãs "meteram pau" em The Unforgiven II na época, por ser meio melosa demais. Mas aquela música era interessante e tinha ótimas melodias, e o resultado era mil vezes melhor do que essa. Enquanto The Unforgiven II tinha a sensibilidade de ser uma música nova que ao mesmo tempo evocava a música original, essa The Unforgiven III não tem nada em comum com as outras, em termos de instrumental. Fraquíssima.

The Judas Kiss é a música mais "Black Album" de Death Magnetic. A faixa tem aquele andamento pesado e cadenciado, que lembra BASTANTE Holier Than Thou do clássico disco preto. É um som que parece se situar num meio termo entre And Justice For All e Black Album. Muito legal.



Suicide & Redemption é a quinta música instrumental da carreira do Metallica e a primeira nos últimos vinte anos! Antes dela, a última havia sido To Live is To Die, em 1988, no And Justice For All. E, caramba, COMO essa música lembra To Live is To Die! De todas as faixas instrumentais da história da banda, nenhuma parece ter influenciado tanto essa aqui quanto a boa e velha To Live! É incrível como a banda reproduziu aquele mesmo clima, atmosfera e sentimento com essa nova faixa. Essa aqui sim poderia muito bem ter sido batizada de "To Live is To Die II". Como eu quase ia às lágrimas ouvindo To Live is To Die quando a ouvi pelas primeiras vezes, é óbvio que fiquei de queixo no chão por essa nova Suicide & Redemption, que consegue ser simples e evocativa ao mesmo tempo.

My Apocalypse
, a última música, é a porrada-mor de Death Magnetic. Pense numa mistura de Damage Inc (do Master of Puppets) com Blackened (do And Justice For All) e você estará perto. Uma música destruidora, puro Metallica dos velhos tempos, para enfartar os fãs e fechar o disco com chave de ouro!




Conclusão: Death Magnetic é um álbum excelente, com várias composições intrincadas, e requer duas ou três audições atentas para ser bem desfrutado. Feito isso, não há dúvidas: quem é fã da banda vai babar de felicidade, e quem ainda não é tem em Death Magnetic uma ótima oportunidade de ser introduzido à discografia de uma das melhores e mais bem sucedidas bandas de rock de todos os tempos.

O Caveira ama o METALLICA profundamente, e recomenda Death Magnetic até debaixo da água!

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