quarta-feira, 18 de outubro de 2023

O Caveira resenha: THE BURNING ("Chamas da Morte", 1981)

 

Se alguém perguntar se você sabe o nome daquele filme de horror que tem um maníaco homicida desfigurado, que promove uma chacina de adolescentes libidinosos num camping de verão à beira de um lago, provavelmente você responderá: "Sexta-Feira 13". 

Mas quem disse que só o bom e velho Jason pode fazer matanças vingativas em campings?The Burning está aí para provar o contrário, e o faz com muita propriedade. Em certos momentos, o espectador quase sente que descobriu algum episódio perdido da longa franquia Sexta-Feira 13, tamanha a semelhança de locações, ambientação, feeling e até de cenas específicas.


Mas calma aí antes de rotular The Burning como sendo apenas "uma imitação barata de Sexta-Feira 13". A bem da verdade, os primeiros esboços do roteiro deste filme já circulavam pelos bastidores da indústria desde 1979 (um ano antes da estreia da primeira película da famosa franquia de Jason). Vale lembrar que, antes do surgimento da icônica franquia do assassino da máscara de hóquei, as histórias de serial killers maníacos já estavam em alta nas produções hollywoodianas depois do sucesso de O Massacre da Serra Elétrica (1974) e do mítico Halloween (1978) de John Carpenter.

De qualquer forma, apesar disso, parece seguro dizer que o sucesso do primeiro Sexta-Feira 13 (1980) foi importante para viabilizar a realização de The Burning, e as comparações deste filme com os dois primeiros Friday the 13th são inevitáveis - ainda mais levando em consideração que The Burning foi lançado nos cinemas apenas sete dias depois de Sexta-Feira 13 Parte 2!

Apesar de ter sido completamente ofuscado pelo sucesso da franquia Sexta-Feira 13 na época, não é à toa que a reputação de The Burning foi progressivamente aumentando ao longo das décadas seguintes. Seja pela fotografia, pelos sustos eficientes, pelo ritmo excelente ou pelo ótimo trabalho de efeitos práticos, seria difícil não admitir que o filme merece ser considerado como um dos melhores slasher movies dos anos 1980 (a década de ouro do gênero). 


Estas qualidades técnicas também não decorrem de coincidência: na equipe responsável por The Burning, temos o lendário mago dos efeitos práticos de horror Tom Savini (que integrou a equipe técnica do primeiro Sexta-Feira 13). A edição ficou a cargo de Jack Sholder (que logo depois iria dirigir o interessante Alone in the Dark - resenhado semana passada aqui na Cripta do Caveira - e o controverso A Hora do Pesadelo 2). A música ficou a cargo do lendário tecladista do Yes, Rick Wakeman. 


E vamos à trama: em uma certa noite, no camping Blackfoot, um grupo de imbecis juvenis resolve sacanear o zelador do lugar - um alcoólatra abusivo conhecido como Cropsy. Um dos adolescentes entra na pequena cabana de Cropsy enquanto o sujeito dorme e coloca em cima da cama dele uma caveira coberta de vermes e com velas dentro. 

 


O zelador acorda apavorado, o fogo acaba se alastrando, as chamas atingem alguns produtos inflamáveis na choupana e eis que, em questão de segundos, Cropsy é transformado numa bola de fogo ambulante e posteriormente vai parar no hospital, severamente desfigurado pelas queimaduras.


Cinco anos depois, Cropsy recebe alta e começa a sua jornada de vingança e matança. Alheios a tudo isso, um outro grupo de jovens descolados, bem humorados e sedentos de sexo está curtindo as férias de verão no camping Stonewater, próximo ao local em que Cropsy foi assado vivo anos atrás. Entre os irreverentes mocinhos do filme, está o amigável Dave (Jason Alexander, em sua estreia na carreira de ator, oito anos antes de começar a brilhar na TV como o George Constanza da famosa série Seinfeld), o tímido Woodstock (Fisher Stevens, mais conhecido por seu trabalho nos dois filmes da série Short Circuit nos anos 80), a mocinha comportada Michelle (Leah Ayres, a namorada do Van Damme em O Grande Dragão Branco) e o esquisitão pervertido Alfred (Brian Becker, mais conhecido por seus papeis em Loucademia de Polícia IV e Picardias Estudantis).


Estabelecida a premissa, o resto do filme é aquela conhecida fórmula padrão dos slashers dos anos 1980: nudez feminina gratuita, cenas brutais de assassinato, sequências de suspense que não dão em nada e que só estão ali para despistar a atenção do espectador ("ah, é você? Você me assustou!"), mais garotas nuas, insinuações sexuais variadas, muita alegria e descontração da animada turminha jovem (até que, faltando vinte minutos para acabar o filme, a galera FINALMENTE começa a perceber que está sendo MASSACRADA), a revelação do assassino, o combate final com o vilão e fim da história. 


No entanto, toda essa tradicional receita de bolo é levada adiante com máxima competência. Os sustos funcionam, os efeitos visuais são excelentes, as mortes são brutais, a fotografia do filme é ótima, a ambientação é perfeita e as atuações são realmente adequadas e divertidas. Não há monotonia, não há pausas, não há marasmo: é uma hora e meia de diversão slasher realizada com maestria. O que não entrega em originalidade, The Burning entrega em execução.


 O Caveira recomenda! 💀💀💀💀



 

domingo, 8 de outubro de 2023

O Caveira resenha: ALONE IN THE DARK (1982)

 

E cá estamos, nos aproximando de mais um halloween - a época do ano favorita do Caveira que vos fala. Vai ter maratona de filmes de horror antigos? Mas é CLARO que sim! Tudo devidamente resenhado aqui na Cripta. Vamos começar com ALONE IN THE DARK, de 1982, dirigido por Jack Shoulder.

Oh, boy, esse aqui estava na minha lista há décadas! Na última madrugada, finalmente assisti essa pouco lembrada antiguidade.

 

A primeira vez em que ouvi falar de Alone in the Dark (não confundir com a série de games de mesmo nome) foi lá por volta de 1996, por meio do meu exemplar do bom e velho Guia de Vídeo Terror da Editora Escala, de autoria do Guilherme de Martino. Vamos ver o que o livrinho tem a dizer sobre este filme (que foi distribuído aqui no Brasil com o título "Noite de Pânico"):

"Três assassinos fogem de um manicômio e invadem a casa de uma família. Ponto de partida comum, na onda do sucesso de 'Sexta-Feira 13', mas com resultado interessante. Nada de novo ou original, mas um thriller envolvente com bom elenco."

 
O Guia Terror deu apenas duas estrelas (de um máximo de cinco) para o filme. Acho que é uma avaliação um pouco severa demais. Eu daria pelo menos três estrelas. "Alone in the Dark" realmente não reinventa a roda, mas o elenco é fantástico e o ritmo é muito bom. É uma ideia simples porém muito bem executada.

 

Na trama, o psiquiatra Dan Potter (vivido por Dwight Schultz, famoso nos anos 1980 por seu papel como o Murdock da clássica série "Esquadrão Classe A") é indicado para trabalhar em um hospital psiquiátrico conhecido como The Haven, chefiado pelo excêntrico e audacioso Dr. Leo Bain (interpretado pelo saudoso Donald Pleasence - o Dr. Loomis do "Halloween" original de 1978 e o presidente dos Estados Unidos no clássico "Fuga de Nova York" de 1981). 


Neste estabelecimento, existe uma ala de segurança eletrônica reforçada no terceiro andar, que abriga quatro assassinos potencialmente perigosos: o ex-militar Frank Hawkes (vivido pelo grande Jack Palance, conhecido pela minha geração aqui no Brasil por ser o apresentador da versão dos anos 80 do programa "Acredite se Quiser", bem como por sua participação no icônico "Batman" de Tim Burton), um maníaco sexual gordão chamado Ronald Elster, o ex-pastor Byron Sutcliff (interpretado por Martin Landau, nesta que talvez seja a atuação mais afetada e tresloucada de toda a carreira do ator) e, por fim, o enigmático John Skaggs, conhecido como "Bleeder" ("Sangrador").

 

Até aí, tudo tranquilo. O problema é que essa ala psycho killer do hospital psiquiátrico fica indignada com a chegada do novo Dr. Dan Potter. A inconformidade chega ao ponto de Hawkes convencer seus sinistros colegas de terceiro andar que, na verdade, o antigo psiquiatra deles teria sido "assassinado" pelo Dr. Dan. Nasce, aí, um desejo de sangue e vingança. 

 

                           

Para conveniência do roteiro (e alegria do espectador), essa revolta silenciosa do quarteto de assassinos se converte em fuga quando, após um blecaute prolongado, todo o sistema eletrônico de segurança de The Haven é desativado. Pronto: tá feita a merda! O resultado, por óbvio, é muita sanguinolência.

 


Só a oportunidade de ver simultaneamente na tela os veteranos Palance, Landau e Pleasence já seria motivo mais do que suficiente para dar uma chance para este filme. Mas ver Palance e Landau como serial killers torna tudo muito mais único e divertido. 

 

O então jovem Dwight Schultz se sai muito bem no papel de "mocinho" também. Destaques, ainda, para uma pequena ponta da veterana Lin Shaye (hoje mais conhecida pelos fãs de filmes de horror por conta de seu papel na franquia "Sobrenatural"), e para as divertidas performances da banda punk "Sic F*cks" (tente não rir ouvindo a hilária pérola "Chop Up Your Mother").

 

                     

 O Caveira recomenda! 💀💀💀


"Garota, me contaram que você falou mal de 'Tango & Cash' ... é verdade isso?!?"