sábado, 24 de novembro de 2012

Misfits Cover - show no Abbey Road (Novo Hamburgo, 04/11/2012)


Segue abaixo uma série de vídeos e fotos do show que eu e os demais garotos perdidos da Misfits Cover fizemos no bar Abbey Road, em Novo Hamburgo, no último dia 04 de novembro - abrindo para a banda holandesa Antillectual
 

Saturday Night




Kong at the Gates + Forbidden Zone




Halloween




Skulls



















Bônus!
Aí vai também um vídeo do show da Misfits Cover no Pop Cult, em Novo Hamburgo, em outubro de 2011!





Bônus - parte 2!

A banda toda "xunta e rêunida", em HD, tocando Saturday Night no estúdio!  :)




Bônus - parte 3!

O que acontece quando o vocalista não vai no ensaio? Simples: o guitarrista/backing vocal toma conta do microfone. Confira aí algumas músicas do setlist sendo devidamente assassinadas comigo nos vocais hehehe! = : )


Saturday Night



Forbidden Zone



The Haunting



 Astro Zombies



Dig Up Her Bones




Last Caress





I Turned into a Martian




Horror Business




domingo, 11 de novembro de 2012

Review: SKYFALL (2012)


É fato: Skyfall, o novo filme do 007, é muito divertido. No entanto, está longe de ser perfeito e evidentemente não faz jus às críticas exageradamente positivas que o filme tem recebido da imprensa européia (que tem chegado ao cúmulo de chamar esse filme de "o melhor James Bond de todos os tempos"!).

O roteiro é sofrível, o ritmo é irregular e o melhor do filme acaba sendo o tom de auto-homenagem da cinessérie (quase auto-paródia, em alguns momentos),
que irá agradar muito os fãs dos filmes mais antigos (confesso que adorei as várias referências) mas que certamente não comoverá o público mais jovem ou menos familiarizado com o histórico de filmes de Bond.


O destaque absoluto vai para Javier Bardem, que interpreta o flamboiante e afetado vilão Raoul Silva, talvez o inimigo mais incoerente e inverossímil que 007 já enfrentou até hoje, mas que se torna impagável graças ao imenso talento do ator. 
 
(Atenção: este e os próximos parágrafos contém pequenos spoilers!!!) O roteiro, como já referi, é danado - chega a ser inverossímil até mesmo para os padrões da série. Basta apontar que o vilão, apesar de ser um dos mais perigosos cyber-terroristas do mundo, ex-agente do MI6 e um criminoso de periculosidade inconcebível, capaz de fazer qualquer coisa imaginável, não tem outro objetivo no filme além de choramingar na frente da "M". Não dá pra dizer nem que o objetivo dele é matar ela, pois ele tem dezenas de oportunidades de fazê-lo no filme e não faz.

Outro ponto inacreditável da trama é que Bond, querendo proteger M, bota ela num carro e ambos vão, sozinhos, para uma zona rural no absoluto meio do nada. Lá, serão apenas Bond, M e um velho caseiro decrépito enfrentando um exército de soldados do vilão - além do próprio, é claro. Se esse não é o "plano de proteção" mais ridículo e inverossímil da história do cinema, então eu não sei de mais nada. A intenção explícita e manifesta do filme, a todo momento, é destacar a dicotomia "new ways - meio urbano - alta tecnologia" versus "old ways - deserto rural - primitivismo", mas convenhamos: dava para fazer isso através de uma narrativa menos absurda.
 

O filme também tem alguns problemas graves de ritmo. No meio da projeção, quase parece que o espectador está vendo um clone de The Dark Knight, tamanho é o caos na tela e a sensação de que o vilão é onipresente e controla tudo o que acontece. De repente, não mais do que absolutamente de repente, o filme vira uma viagem bucólica ao meio do nada, em busca das raízes e do passado de James Bond. Particularmente, eu me senti como se estivesse no meio de um passeio de montanha russa e a luz do parque tivesse sido desligada subitamente. Embora ambas as abordagens (ação maníaca e frenética e retorno contemplativo às raízes do protagonista) sejam interessantes, precisaria haver um mínimo de transição entre uma e outra.

Apropriadamente, Skyfall coloca para descansar a personagem de Judi Dench (que está há dezesseis anos - e sete filmes - na série) e sinaliza o possível fim da "Era Daniel Craig" na pele do espião mais famoso do cinema.

Skyfall, no final das contas, se sustenta através da confissão explícita de que a fórmula da série está esgotada e de que é anacrônica sob muitos aspectos. Funciona, mas coloca uma interrogação sobre o futuro da série: ou ela se reinventa novamente, ou cai num ostracismo decorrente de sua agora confessada fórmula surrada e esgotada. Talvez nós fiquemos sem ver um novo filme de James Bond por alguns anos, e é provável que seja melhor dessa forma.

Review: THE POSSESSION (2012)



Confesso que já fui ver "Possessão" (The Possession) com um pé atrás, pois o cartaz anunciava que o filme é produzido por Sam Raimi e já estou acostumado a ver grandes diretores de horror colocando seus nomes na produção de películas abaixo da média. Mas, para ser sincero, "Possessão" é um terror acima da média - não muito, é verdade, mas acima.

A história é o feijão com arroz de sempre desse subgênero de horror: família disfuncional, homem de meia idade fazendo o máximo para cumprir bem o seu papel de pai (sem sucesso, é claro) e crianças confusas e entristecidas que, subitamente, são transformadas em alvo fácil para um espírito demoníacos que cruza em seu caminho. E haja exorcismo para tirar a entidade do couro da criança!

A direção é boa, as atuações são fortes
e o filme até possui dois ou três momentos levemente assustadores. Mas, no geral, é um filme genérico sobre o tema e fadado ao esquecimento.

O pior momento da película, sem sombra de dúvida, é o humor involuntário causado pela cena na qual o maligno espírito é visto dentro do corpo da pobre menininha inocente ... num exame de tomografia! Deu vergonha alheia. Foi certamente uma das cenas mais involuntariamente idiotas que eu já vi num filme em toda a minha vida, e evidencia que a produção parece não ter se decidido entre assumir uma roupagem mais séria e sisuda ou uma abordagem mais ao estilo anárquico e semi-humorístico de Sam Raimi.
 

Já faz alguns anos que esse filão derivado do clássico "O Exorcista" está na moda, mas a verdade é que esse subgênero do cinema de horror não apenas não evoluiu nada desde os anos 70 como - pior - jamais conseguiu chegar novamente no nível das produções do gênero mais significativas daquela época ("The Amityville Horror", "Rosemary's Baby" e, acima de qualquer outro, "The Exorcist").

Não adianta: quando o assunto é possessão de famílias disfuncionais por espíritos malignos, os melhores filmes ainda são de 35 ou 40 anos atrás. Ainda assim, para quem gosta de filmes de terror, "Possessão" vale uma ida ao cinema.
 
Em tempo: a "história real" na qual o filme diz se basear é a história inventada por um maluco no Ebay, quando ele colocou à venda um objeto supostamente amaldiçoado. É claro que Sam Raimi e o diretor do filme juram de pé junto que acreditam na história e que morrem de medo dela. Aham, ok, a gente é bobo e acredita ...

domingo, 23 de setembro de 2012

BAY OF BLOOD (Reazione a Catena) - 1971



Como fã de filmes de horror, há muitos anos tenho lido que "Bay of Blood" (1971), dirigido pelo fantástico Mario Bava (o pai do cinema de horror italiano), foi uma das maiores influências do clássico "Friday the 13th" (1980), que originou a franquia de "slasher movies" mais famosa e icônica de todos os tempos. Mas eu nunca poderia imaginar que as semelhanças entre o filme de Bava e o popular "Sexta-Feira 13" eram tão grandes assim. 


Agora que finalmente vi Bay of Blood, percebo que Friday the 13th é quase uma reimaginação da produção italiana. Toda a concepção do camping "Crystal Lake", a atmosfera e a ambientação de Friday the 13th foi diretamente copiada do filme de Bava, assim como o enfoque gráfico nos sangrentos assassinatos. A influência é tanta que a continuação "Friday the 13th Part 2" (1981) chega a copiar, quadro por quadro, duas cenas de morte do filme italiano. 
Ah, e sabe aquele velho clichê da turminha de adolescentes libidinosos e festeiros que se dirigem inocentemente até um local isolado, flertam uns com os outros, ficam sem roupa e/ou transam e depois são brutalmente assassinados de maneiras cada vez mais horrendas? Pois é, foi Bay of Blood que criou a moda...

Para quem curte o gênero, Bay of Blood é mais do que imperdível. Embora isso seja objeto de discussão, para mim ele é o primeiro verdadeiro slasher movie nos termos em que nós entendemos esse subgênero hoje.


O roteiro é uma sandice completamente absurda, e faz o roteiro do primeiro Sexta-Feira 13 parecer um texto shakespeariano. Mas o que vale é o visual e a violência plástica do filme. Não se trata de uma exceção à regra, já que o cinema de horror italiano tem o costume de privilegiar a intensidade visual em detrimento da linha narrativa.

Uma curiosidade: Bay of Blood faz menção a eventos ocorridos num dia 13 de fevereiro, e ao longo do filme ocorrem 13 assassinatos. Será coincidência que a imitação americana de 1980 se chame "Sexta-Feira 13"?


Para quem quiser ver o filme, fica a dica: ele é difícil de achar (eu só consegui vê-lo em inglês sem legendas) e deve ser o filme com o maior número de títulos alternativos de todos os tempos. Só na Itália, o filme teve três nomes diferentes ao longo dos anos: "Ecologia del delitto" (o original), "Reazione a Catena" (o mais comum) e "Bahia di Sangre" (o último). Nos EUA, foi lançado como "Carnage" e depois rebatizado de "Twitch of the Death Nerve", que em termos gerais é o nome mais conhecido do filme tanto nos EUA quanto internacionalmente. Também é conhecido como "Bay of Blood" (ou "A Bay of Blood"), que é o nome pelo qual eu sempre ouvi falar dele. Outros nomes alternativos do filme são "Last House on the Left – Part II" e "New House on the Left", que deixam clara a intenção de fazer uma associação forçada, equivocada e descabida do filme de Bava com o clássico "Last House on the Left" de Wes Craven.

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

MISFITS - show completo em Minneapolis (1997)





Sensacional show completo do MISFITS, na tour do álbum American Psycho em 11/11/1997.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

MEUS VIZINHOS SÃO UM TERROR (The Burbs) - 1989




The Burbs (conhecido por aqui como "Meus Vizinhos são um Terror") é uma comédia de horror que eu conheci há uns vinte anos atrás, quando aluguei o filme em VHS para ver em algum ponto indeterminado do começo da década de 90.

Nele, Tom Hanks interpreta Ray Peterson, o típico cara de classe média de subúrbio americano. Morando numa grande e bela casa numa rua interiorana daquelas em que você conhece todos os vizinhos e onde todo mundo sabe tudo sobre a sua vida, ele está tirando uma semana de folga do trabalho. 


Infelizmente, suas pequenas férias são interrompidas pelo mistério dos novos vizinhos da casa ao lado da sua, os sinistros Klopeks, que nunca são vistos à luz do dia e que possuem alguns hábitos bastante perturbadores - como cavar buracos no pátio no meio da madrugada. 

Estimulado por dois outros vizinhos - o gordo chato Art e o neurótico veterano do Vietnã Rumsfield, Ray acaba caindo de cabeça na obsessão de descobrir a verdade sobre os novos vizinhos.


Destaque para Corey Feldman (o "Bocão" dos Goonies), então com 18 anos, no papel do inoportuno Ricky, bem como para Carrie Fisher (a eterna Princesa Léia) interpretando a esposa de Ray.

The Burbs é dirigido por Joe Dante, diretor do popular Gremlins (1984), da continuação Gremlins 2 (1990) e dos clássicos de horror Piranha (1978) e The Howling (1981). Apesar disso, o filme é muito mais uma comédia do que um filme de terror, mas tem seus momentos de suspense suave. Confesso que, na infância, eu o achava razoavelmente assustador. Mas isso não quer dizer, porque naquela época eu achava basicamente qualquer coisa assustadora.


A boa notícia é que você não vai precisar dar uma de arqueólogo e ficar horas cavocando na internet para conseguir achar esse filme: ele está disponível no acervo do Netflix, com legendas e em alta definição. Fica a dica.


MADHOUSE (1974)



Para os fãs do eterno Vincent Price, aqui vai uma sugestão imperdível.

Conhecido aqui no Brasil pelo nome "A Casa do Terror", Madhouse traz Price no papel do ator Paul Toombes, que ganhou fama interpretando um vilão de filmes de horror chamado Doctor Death.

Tudo estava muito bem na vida de Toombes até o dia em que a sua jovem e bonita noiva é assassinada sob condições misteriosas - e com toda a suspeita recaindo sobre o próprio Toombes, que acaba perdendo a sanidade e indo parar num asilo psiquiátrico. Anos depois, tentando retomar sua vida, ele aceita voltar a interpretar o Doctor Death numa série de televisão, momento a partir do qual mais mortes começam a ocorrer.

 
O filme tem um roteiro previsível ao extremo e é um pouco bobo em alguns momentos, mas é divertidíssimo - principalmente pela rara oportunidade de ver Price contracenando com Peter Cushing, outro ícone do cinema de horror dos anos 50 e 60. Ver Price caracterizado como o sinistro Doctor Death também é impagável!


Atenção para o fato de que todos os trechos de filmes do Doctor Death mostrados durante Madhouse, na verdade, são cenas de filmes antigos dirigidos por Roger Corman nos quais Price trabalhou ao longo dos anos 60.


O único problema é que não é muito fácil encontrar o filme por aí em DVD, locadoras ou em serviços do tipo Netflix. Na falta de uma solução melhor, o jeito é baixar o filme na internet mesmo. Seguem abaixo os links, em quatro partes, para download do filme em RMVB com áudio em inglês e legendas em português.




quinta-feira, 26 de julho de 2012

Resenha: METALLICA - A BIOGRAFIA (Mick Wall)


Os fãs do Metallica não podem deixar de ler a biografia lançada aqui no país há poucos meses pela Editora Globo. De autoria de Mick Wall, um jornalista britânico especializado em escrever sobre música, METALLICA - A BIOGRAFIA narra, de forma empolgante e repleta de detalhes, as origens daquela que viria a se tornar a maior banda de heavy metal de todos os tempos.

Como fanático pela banda desde os idos de 1996, naturalmente devorei as quase 450 páginas do livro em questão de poucos dias. Muito do que é contado nele já era do meu conhecimento, tratando-se de informações que eu já havia lido ao longo dos anos em especiais de revistas de música e/ou na internet. Mesmo assim, acabei descobrindo bastante coisa nova sobre a megabanda que começou como uma improvável parceria entre um baterista que praticamente não sabia tocar bateria e um vocalista tímido que praticamente não era capaz de cantar.

Embora seja uma leitura obrigatória para os fãs - e sugerida também para qualquer um que aprecie rock em geral, o livro não é isento de falhas. A meu ver, o maior problema na biografia escrita por Mick Wall reside no fato de que o livro claramente concentra o seu "fôlego" no espaço de tempo que vai do surgimento da banda até a morte do baixista Cliff Burton no meio da tour do terceiro álbum da banda, o hoje clássico e lendário Master of Puppets (1986).

Toda a história do Metallica desde a entrada do substituto Jason Newsted até os dias atuais - incluindo a chegada da banda ao ápice de seu sucesso comercial com o seminal Black Album de 1991 - é contada de forma excessivamente acelerada e pobre em detalhes. É quase como se o livro fosse sobre a história da banda entre os primeiros dias e a morte de Burton, com as mais de duas décadas seguintes entrando na narrativa quase como na forma de um rápido "bônus" para o leitor. Embora na prática esse período represente algo em torno de 200 páginas do livro, a sensação que fica é que, nessa segunda metade do livro, a narrativa se torna mais genérica e menos aprofundada, como se simplesmente não houvesse mais nada de interessante para ser contado sobre o Metallica depois de Master of Puppets.

Apesar da menor densidade narrativa e de uma menor atenção aos detalhes, é preciso dizer que as épocas referentes aos álbuns And Justice For All (1988) e ao Black Album até que são exploradas ainda com certa atenção na obra de Mick Wall. Infelizmente, no entanto, a história da banda a partir de meados dos anos 1990 até os dias atuais é contada de forma excessivamente genérica e "corrida". Se você quer conhecer a história da banda na época dos polêmicos álbuns Load (1996) e Reload (1997), aviso desde já que esta biografia se mostra sucinta e breve (e um pouco insatisfatória e decepcionante, devo dizer) em relação a tais períodos da história da banda.

De qualquer forma, o livro é muito bem escrito, extremamente informativo e divertidíssimo para quem é fã da banda. Seja para conferir dados e informações já conhecidos, seja para tomar conhecimento de mais fatos e pessoas envolvidas com o surgimento e ascensão do Metallica, trata-se de um livro que, creio eu, será bem apreciado por qualquer fã de rock (principalmente do hard rock e heavy metal dos anos 80) e que, especificamente para os fãs do Metallica, é absolutamente imperdível.

domingo, 1 de julho de 2012

THE GOONIES ARE GOOD ENOUGH ... e ainda melhores em HD!



Há duas semanas atrás, procedi com mais uma empreitada nerd: comprei o Blu-Ray de THE GOONIES e assisti, pela primeira vez em alta definição, este que é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos.

Não contente com isso, assim que o filme terminou, imediatamente comecei a vê-lo de novo, dessa vez comentado do começo ao fim pelo diretor Richard Donner e por todo o elenco principal. Terminei minha "Goonie Night" vendo as cenas excluídas do filme.

Na verdade, todo esse material extra (comentários do diretor e elenco e cenas excluídas) não é novidade do Blu-Ray, formato no qual o filme só saiu em 2008. Esse material já estava disponível em DVD desde 2001, mas foi a primeira vez em que o vi. Para ser sincero, só fui adquirir o DVD de Goonies esse ano, pouco tempo depois de acabar comprando o Blu-Ray. Tanto é que o meu DVD do filme ainda está lacrado no plástico e não tenho planos para tirá-lo da embalagem ...  :)


Rever Goonies é sempre um prazer, mas esse material extra é uma diversão à parte. É um barato para os fãs ouvir as observações de Donner e dos integrantes do elenco, agora todos adultos, rindo e lembrando das experiências vividas durante as filmagens. O único ponto a lamentar é que Sean Astin (que interpreta o protagonista Mikey no filme) teve que sair no meio da projeção, sendo o único ator do elenco principal que não participa até o final da faixa de comentários. 


Vale lembrar que, na época dessa reunião do elenco (entre 2000 e 2001), Sean Astin era o ator mais bem-sucedido (e, possivelmente, com a agenda mais apertada) do grupo, pois estava de contrato assinado para viver Samwise Gamgee na trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. O curioso é que, hoje, podemos tranquilamente dizer que Josh Brolin (que interpreta Brand, irmão de Mikey, em Goonies) possui uma carreira mais sólida em Hollywood do que Astin. Exceto por Goonies, praticamente tudo o que Brolin fez de mais importante na sua carreira (No Country for Old Men, American Gangster, W, Milk, True Grit) aconteceu depois da reunião do elenco do filme de Donner, eternizada no lançamento em DVD em 2001.    

  
As cenas deletadas também são muito interessantes, pois explicam dois erros de continuidade que acabaram ficando na edição final do filme.

Primeiro erro: no final do filme, o personagem Data conta para seus pais que ele e seus amigos teriam enfrentado, entre outras coisas, um polvo. Essa cena sempre me deixava com uma pulga atrás da orelha, pois não há nenhum polvo em Goonies.

Há muitos anos, eu ouvia falar que a "cena do polvo" teria sido excluída na edição do filme, mas só agora finalmente vi a cena. Embora divertida, a cena é prejudicada pela pobreza dos efeitos especiais. O ataque da referida criatura é ridículo, e o bicho mais parece uma bóia colorida de borracha. De fato, é preciso reconhecer que sua retirada da edição final foi uma boa ideia.


Segundo erro: quando os Goonies encontram o mapa do tesouro no sótão da casa de Mikey, o mapa está intacto. No entanto, quando eles chegam no velho restaurante que serve de esconderijo para os Fratelli, o mapa está queimado nas pontas.

Isso é explicado por uma cena excluída que mostra que, no caminho até o velho restaurante, o grupo de amigos parou numa loja de conveniência para comprar um mapa de Astoria (a cidade onde se passa o filme). Lá, eles são abordados pelo vilão Troy, que dá uns sopapos nos meninos, pega o mapa e coloca fogo nele. Troy é colocado para correr pelo irmão de Mikey, Brand, que logo chega no local. Com isso, Mikey rapidamente recupera o mapa e apaga o fogo, mas o mapa fica chamuscado. É uma boa cena, que acrescenta conteúdo à história, mas sua exclusão do corte final do filme também é compreensível. No geral, a cena acabou ficando um pouco longa e aborrecida, e provavelmente o filme perderia em ritmo se ela fosse mantida.

Enfim, quem disse que o genial Dick Donner também não comete uns erros de continuidade aqui e ali?

Para além desses pequenos detalhes, este Blu-Ray só ajuda ainda mais a compreender por que Goonies se tornou um clássico e um filme cult. É um daqueles filmes que a gente precisa rever, de quando em quando, para manter o coração jovem e satisfazer a criança que vive dentro de nós, cotidianamente sufocada pelo ceticismo pragmático e acomodado dessa coisa aborrecida e cinzenta que se convencionou chamar de "mundo adulto".


sexta-feira, 29 de junho de 2012

O roteiro de Prometheus tem salvação? Aprofundando a análise sobre a continuidade entre Prometheus e Alien.


Se você já leu a minha análise de Prometheus aqui no blog, já está inteirado das muitas incongruências e incoerências do filme em relação a Alien, o clássico ambientado no mesmo universo. Segundo a minha análise, os realizadores de Prometheus se perderam completamente na continuidade e protagonizaram um verdadeiro fiasco narrativo com esse novo filme.

Mas será que as minhas críticas procedem? Os furos do roteiro de Prometheus têm provocado debates incessantes em fóruns na internet, e apareceram vários argumentos que tentam "limpar a barra" de Prometheus, sugerindo explicações possíveis para as "aparentes" incoerências do filme.

Para contribuir com esse instigante debate nerd - e pra colocar uma pedra de uma vez por todas nesse assunto de Prometheus, vamos analisar os argumentos a favor da coerência narrativa do filme em sua relação com o universo pré-estabelecido da série Alien e ver se, afinal de contas, alguma injustiça foi cometida contra o novo filme de Ridley Scott.

Na minha crítica a Prometheus, apontei os seguintes problemas na continuidade da história:

"1) No Alien de 1979, os tripulantes da Nostromo encontram o cadáver do Space Jockey fossilizado, aparentemente morto há milênios, sentado no que parece ser a cadeira de comando de um dispositivo de pilotagem da nave. Prometheus, no entanto, mostra que esse alienígena em particular teria morrido apenas 30 anos antes dos eventos do primeiro Alien (já que Prometheus se passa 30 anos antes). Ora, como o Space Jockey poderia estar fossilizado se havia morrido há apenas três décadas?

2) E, por falar nisso, já que Prometheus mostra o Engenheiro/Space Jockey morrendo dentro de um dos módulos da nave Prometheus, como é que os tripulantes da Nostromo poderiam ter encontrado o seu cadáver sentadinho na antiga nave alienígena?!?!?"

Bem, circula agora uma teoria que, num primeiro momento, poderia explicar essas questões. Segundo ela, a resposta seria muito simples: Prometheus não seria ambientado no mesmo planeta que aparece em Alien.

Pode parecer uma teoria estapafúrdia criada às pressas para dar coerência retroativa aos furos de Prometheus. Mas vamos com calma. De certa forma, a teoria tem alguns bons fundamentos.

Explico: Prometheus estabelece que o planetóide no qual o filme é ambientado se chama LV-223. O Alien de 1979, por sua vez, não dava nome ao planeta que era visitado pelos tripulantes da Nostromo. No entanto, a sequência Aliens, de 1986, informava que o nome daquele planeta do primeiro filme seria LV-426. Ou seja, presumivelmente no mesmo sistema que o planeta que aparece em Prometheus, mas um planeta diferente, no final das contas.


Trata-se, é verdade, de um bom argumento. Ora, se o cânone da série Alien já tinha estabelecido que o planeta que aparecia no primeiro filme se chamava LV-426, então, se os criadores de Prometheus quisessem ambientar o novo filme no mesmo planeta, seria natural que tivessem se referido a ele pelo mesmo nome. Ao ambientarem o novo filme num planeta chamado LV-223, de fato parece que a intenção dos roteiristas é situar a história num local relativamente próximo ao planeta mostrado no Alien de 1979 - mas, ainda assim, um planeta novo e diferente.

Isso significa, então, que estamos definitivamente de acordo que Alien (1979) e Prometheus são ambientados em planetas diferentes?

A resposta é, simplesmente, NÃO.

Explico: a história de Prometheus se passa no ano de 2093. Alien (1979) se passa em 2122 (quase trinta anos depois). E Aliens (1986) se passa em 2179, cinquenta e sete anos depois do primeiro filme. Ora, seria perfeitamente plausível que o planeta mostrado em Prometheus fosse chamado de LV-223 no ano de 2093 e, 87 anos depois, fosse conhecido como LV-426. O fato de dois nomes tão semelhantes apresentarem diferenças pontuais, no espaço de tempo de quase um século que separa Prometheus de Aliens, poderia apenas significar que o planetóide foi renomeado à medida que o mapeamento do espaço foi se tornando mais detalhado no universo da série.

É claro, e eu não nego, que estipular que se tratam de planetas diferentes aparentemente seria uma solução mais fácil. Mas convém lembrar dos seguintes problemas:

1 - Se o planeta de Prometheus de fato não é o mesmo planeta de Alien, então por que Prometheus faz questão de mostrar a nave alienígena - idêntica à encontrada em Alien - caindo na superfície e ficando exatamente na mesma posição da nave encontrada em Alien?

2 - Por que o roteiro de Prometheus terminaria com uma nave alienígena derrubada na superfície do planeta, se isso "nada tem a ver" com a nave alienígena derrubada encontrada na superfície do planeta de Alien?

3 - Se o planeta de Prometheus não é o mesmo de Alien, por que Prometheus faz questão de copiar o clima inóspito do planeta mostrado em Alien?

Como se vê, não estou convencido. Se a ideia de que os dois filmes se passam no mesmo planeta é confusa e incoerente, a ideia de que seriam "planetas diferentes" não torna esse queijo suíço menos furado.

De qualquer forma, para fins de argumentação, estou disposto a aceitar o pressuposto de que os dois filmes se passam em planetas distintos. Como vocês podem ver, eu estou disposto a aceitar qualquer argumento racional que possa salvar Prometheus do fiasco de ter arruinado a continuidade da série Alien! 

Mas a pergunta que fica é: assumindo que a história de Prometheus se passa num planeta diferente, o roteiro está a salvo? A continuidade com Alien é reestabelecida? Temos, enfim, um prequel coerente com o clássico filme de 1979?

Chorem, meus amigos, mas a triste verdade é: NÃO! O roteiro de Prometheus, no que diz respeito à continuidade com Alien, simplesmente NÃO TEM SALVAÇÃO, conforme demonstrarei.

É o seguinte: a teoria que tenta salvar o roteiro de Prometheus sugere que, quando houve o primeiro contágio do vírus desenvolvido pelos Engenheiros (fatos mostrados em Prometheus), um desses Engenheiros teria escapado de LV-223 e caído em LV-426. Esse seria o Engenheiro (o famoso "Space Jockey") encontrado pelos tripulantes da Nostromo em Alien. Como se vê no clássico filme de 1979, pelo peito arrebentado do cadáver, se supõe que ele acabou infectado pela criatura que tradicionalmente chamamos de "alien" (também conhecido popularmente como o "xenomorfo").

Esse descontrole da arma biológica dos Engenheiros em LV-223 e a consequente fuga de um dos Engenheiros para LV-426, por óbvio, teria ocorrido milhares de anos antes dos eventos de Prometheus. Vale lembrar que os Engenheiros encontrados mortos em Prometheus estariam mortos "há cerca de dois mil anos", segundo um dos personagens da trama. Do mesmo jeito, o Engenheiro/Space Jockey encontrado em Alien estava FOSSILIZADO - ou seja, estava morto há muito, muito tempo.

É aqui, meus amigos, que a cobra fuma e que a porca torce o rabo.

Acontece o seguinte: antes dos eventos mostrados em Prometheus, não existia, em LV-223, a criatura que chamamos de "alien" ou "xenomorfo". O que existia, isso sim, era uma arma biológica (o líquido negro) que causa mutações em outras formas de vida. Interagindo com formas de vida locais e infectando os próprios Engenheiros, o líquido negro liquidou seus próprios criadores.

Mas e o xenomorfo? Como ele surge? Ora, Prometheus estabelece que "o alien" surge através do seguinte procedimento: primeiro, o andróide David infecta o arqueólogo Charlie Holloway com o líquido negro, misturando a substância numa bebida ingerida pelo personagem.

Depois disso, Holloway fez sexo com sua esposa, a Dra. Elizabeth Shaw. O resultado dessa transa com o infectado Holloway é que a Dra. Shaw fica grávida de uma criatura alienígena semelhante a um polvo - os produtores de Prometheus chamam essa criatura de Trilobite

Quem viu o filme sabe que a Dra. Shaw remove o Trilobite cirurgicamente de dentro dela, mas o bicho continua vivo. Ao final do filme, já bastante crescido, o Trilobite infecta o último sobrevivente da raça dos Engenheiros em LV-223. Infectado, o Engenheiro, depois de um certo tempo, tem seu peito arrebentado pelo nascimento do primeiro ALIEN

Vale lembrar: tudo isso é mostrado em Prometheus, ou seja, se passa 30 anos antes dos eventos do filme de 1979.


Ora, mas se O PRIMEIRO "alien" surge durante os eventos de Prometheus, COMO aquele Engenheiro que teria "fugido" para LV-426 (milhares de anos antes dos eventos de Prometheus) poderia ter morrido por estar infectado por um alien/xenomorfo? Como a sua nave, em LV-426, poderia estar repleta de ovos de alien (como sabemos, só a Rainha-Alien é capaz de colocar ovos)?

É, meus amigos, não tem jeito: o roteiro de Prometheus não tem salvação não ...

 
Já no desespero, alguém poderia argumentar "ah, mas aquele alien que aparece nascendo em Prometheus não é necessariamente o primeiro". Talvez outros aliens/xenomorfos tenham sido gerados milhares de anos antes, podendo ter infectado o Engenheiro que foi pra LV-426 e enchendo a nave deles de ovos.

O problema é que essa interpretação é invalidada pelo próprio roteirista de Prometheus, Damon Lindelof. Para ele, o xenomorfo possui ancestralidade humana - ou seja, a Dra. Shaw é, sim, uma das mães do clássico monstro "alien".

Vejam só o que Lindelof fala sobre a questão: "I felt that the punchline of Prometheus was going to be that there is human DNA in what we have come to know as the human xenomorph." ("eu sinto que o arremate de Prometheus seria de que existe DNA humano naquilo que nós viemos a conhecer como sendo o xenomorfo").

Significa dizer: não há como salvar a continuidade de Prometheus com o Alien de 1979. Situar o Engenheiro/Space Jockey em um planeta diferente daquele mostrado em Prometheus não muda o fato de que o xenomorfo surge durante os eventos de Prometheus, 30 anos antes dos eventos do primeiro filme da série Alien - e que, portanto, seus descendentes não poderiam ter ido parar em LV-426 milhares de anos ANTES dos eventos de Prometheus.

A única (e ridícula) explicação possível é de que haveria OUTRO Engenheiro vivo em LV-223 durante os eventos de Prometheus (embora não mostrado no filme em nenhum momento) e que, depois do fim da história do filme, ele teria acordado, saído de LV-223 e caído em LV-426, tendo sido infectado pela recém-nascida espécie do xenomorfo. Daí, no espaço de três décadas, o corpo do Engenheiro de LV-426 teria FOSSILIZADO dentro de sua própria espaçonave. Parece ridículo? Bom, é porque é ridículo mesmo! Mas seria a única explicação possível, caso fosse de fato possível salvar o roteiro de Prometheus.


Minha dica para os fãs da cinessérie Alien? Continuem amando os maravilhos filmes de 1979 e 1986, dispensem as fracas continuações de 1992 e 1997 e simplesmente ESQUEÇAM que Prometheus existe - ou pelo menos finjam que é um filme de ficção-científica sem qualquer relação com a série Alien. Pelo menos é isso o que eu vou fazer ...

terça-feira, 19 de junho de 2012

O Caveira analisa: PROMETHEUS (2012)


Duas coisas a serem ditas sobre o diretor Ridley Scott. Primeira: o homem dirigiu Alien (1979) e Blade Runner (1982), dois dos melhores filmes de ficção-científica já feitos (na minha modesta opinião, o segundo é simplesmente o melhor filme de todos os tempos, dentre qualquer gênero). Segunda: achar, a essa altura do campeonato, que o diretor ainda é um "gênio" de "reputação ilibada" é uma demonstração de ingenuidade. Já faz tempo que Scott vem demonstrando sua propensão a se vender para roteiros furados e produções de qualidade artística duvidosa, tudo em nome do potencial lucrativo. Vale lembrar que ele dirigiu o constrangedor Hannibal (2001), a tardia e completamente dispensável sequência do clássico O Silêncio dos Inocentes, de 1991. Scott também assinou, em 2010, aquele Robin Hood patético protagonizado por um Russell Crow vinte quilos acima do peso. E, para que ninguém pense que o diretor começou a se desvirtuar apenas na aurora do século XXI, convém lembrar do bobíssimo G.I Jane, estrelado por Demi Moore, dirigido por Scott em 1997. 

Ou seja, estamos falando de um diretor que, se por um lado ostenta um currículo de gênio da sétima arte (Alien, Blade Runner, Gladiator, Black Hawn Down), por outro já provou diversas vezes que é capaz de assinar tranquilamente bombas hollywoodianas banais e pobres em narrativa, desde que o retorno financeiro compense o sacrifício. E adivinhe, caríssimo leitor, em qual categoria Prometheus se encontra? Obra-prima cinematográfica ou trash acéfalo de orçamento multimilionário?

Adivinhe!!!

A pobreza narrativa e a completa falta de integridade do roteiro de Prometheus - mais furado do que um queijo-suiço - contrastam miseravelmente com a pomposa pretensão do pesado marketing criado em torno do filme. Prometheus vinha há meses criando um enorme hype na mídia internacional, gerando expectativas imensas e prometendo o testemunho do surgimento de um novo clássico do cinema, tudo com a benção da pressuposta genialidade de Ridley Scott, revisitando o universo da cinessérie Alien.

Bom demais para ser verdade, não é mesmo?

E era mesmo. 

 
O pior de tudo em Prometheus é que ele não é aquele tipo de filme cujas expectativas se esvaem logo nos primeiros quinze minutos de projeção. Não, muito antes pelo contrário: até mais ou menos a primeira metade do filme, Prometheus funciona muito, muito bem. O visual captura a imaginação do espectador, o mistério da história vai se desenvolvendo num crescendo de curiosidade mística e alguns momentos de genuína ansiedade e terror espacial vão surgindo na tela, para deleite de quem assiste.

Durante a primeira meia hora de filme, eu quase acreditei que Ridley Scott, do alto de seus 74 anos de idade, estava trazendo ao mundo mais um clássico absoluto. Mas, em algum ponto pelo meio do filme, Prometheus começa a desandar. E rola ladeira abaixo, em alta velocidade. E o pobre espectador sente o seu rosto se transformando num enorme pirulito escrito "Sucker", que nem acontecia com os adversários do Pica-Pau quando feitos de trouxa pelo incontrolável e risonho pássaro topetudo. Prometheus começa com cara de Ridley Scott, mas termina com cara de Michael Bay. E tudo com muitos efeitos em 3D, para adicionar mais profundidade visual a uma narrativa tão rasa quanto um prato de sopa.


Se você encarar Prometheus como um filme de ficção científica autônomo e completamente independente do universo Alien, o resultado final até pode ser descrito como sendo uma F.C acima da média. Mas isso se deve mais ao fato de que o gênero é frequentemente maltratado pelo cinemão americano do que propriamente pelas qualidades de Prometheus - que são poucas e esparsas.

O que é que não funciona no filme? Bom, é tanta coisa que acho melhor enumerar:

1) um dos roteiros mais furados já vistos no gênero, que deixa claro que Ridley Scott e os produtores não se decidiram entre fazer um remake de Alien, uma continuação de Alien ou um filme de ficção inteiramente novo;

2) a talentosa (e gata) Charlize Theron naquela que é certamente a pior interpretação de sua carreira, decorrente da personagem mais pobre que já foi oferecida para a atriz até hoje;

3) o design de criaturas ridículo, apresentando monstruosidades feita em CG que mais parecem saídas de um episódio do desenho do Bob Esponja. Se você considerar que o genial artista plástico H.R Giger (um mestre na arte de conceber criaturas e cenários mórbidos, horrendos e evocativos e criador do visual da criatura Alien original) participou da produção, é realmente incrível ver o quanto o talento dele foi subutilizado em Prometheus;

4) a imbecilérrima ideia de empobrecer a história em favor de uma possível (leia-se: muito provável) continuação. É mais ou menos como se Scott estivesse tentando nos convencer de que tem uma boa história na manga para nós e que Prometheus é apenas uma espécie de "prelúdio" para ela. Não custa lembrar que, antes do lançamento do filme, Prometheus foi vendido como um "prelúdio para Alien"...

5) a completa falta de coerência sobre a forma como operam os organismos alienígenas de Prometheus. Alguns humanos expostos ao contágio simplesmente morrem, outros viram mutantes, outros viram mutantes agressivos e a mocinha do filme, ao transar com o marido infectado, fica grávida de um ... polvo alienígena! Ai ... meu ... SACO!!!

6) a burrice que toma conta até dos detalhes da narrativa. Pergunto: se o DNA dos Engenheiros é "100% compatível" com o dos humanos, então como é que eles podem ser uma espécie diferente e alienígena, com inúmeras diferenças físicas que tornam impossível confundir as duas espécies?

7) o processo inconsciente (ou consciente?) de imitar tudo o que fosse possível do primeiro filme da série Alien, incluindo a protagonista feminina, o personagem negro, o andróide traiçoeiro e a sub-trama do tipo "queremos levar um espécime destes conosco para a Terra". Eu sei que Alien é um ótimo filme, mas será que Ridley Scott realmente não tinha mais nada para fazer do que ficar imitando de forma tão ridícula um filme que ele próprio dirigiu há 33 anos atrás?


Mas não se engane, caro leitor. Isso tudo o que você leu até agora é a abordagem POSITIVA do filme. Decepção MESMO é se você encarar Prometheus como uma história anterior ao Alien de 1979 e ambientada no mesmo universo - ou seja, se você julgar o filme como sendo precisamente aquilo que ele próprio anunciou que seria!

Daí sim, o buraco é mais embaixo. 

 
Os mais comedidos têm batido o martelo no sentido de que Prometheus seria uma "decepção" para os fãs da série Alien. Puro eufemismo, a coisa é bem pior do que isso. Prometheus é simplesmente um CABO DE VASSOURA na bunda dos fãs da série Alien! 

É o pior, o mais vergonhoso, o mais incompetente, o mais incoerente, o mais descompromissado, o mais indiferente e o mais detestável prequel da história do cinema. No que diz respeito ao universo Alien, TUDO está errado em Prometheus! Quer tirar a dúvida? Então me acompanhe numa breve retrospectiva - mas cuidado com os spoilers! Se você ainda não viu Prometheus, recomendo parar de ler por aqui.

No clássico Alien de 1979, nossos queridos amiguinhos da nave Nostromo estavam voltando para a Terra quando, de repente, captam uma transmissão vinda de um planetóide próximo. Interpretando o sinal como sendo um pedido de socorro, nossos intrépidos heróis se dirigem ao desolado corpo celeste. Lá, eles encontram uma antiga estrutura que parece ser uma nave alienígena, e dentro dela encontram um enorme corpo de um alienígena, fossilizado, com um rombo na ossatura do peito, dentro do que parece ser uma espécie de cadeira de pilotagem da nave


Só que tudo isso perde qualquer importância logo em seguida, pois os pobres exploradores do espaço logo dão de cara com uma outra espécie alienígena, violenta e letal, que supostamente foi a causa da morte do misterioso extraterrestre da nave. O resto, como sabemos, é história.

Na realidade, a cena com o Space Jockey (o apelido que recebeu esse enorme cadáver alienígena que aparece no primeiro Alien) é uma homenagem (para não dizer cópia) de uma cena semelhante que aparece no pouco conhecido filme Planeta dos Vampiros (Terrore nello spazio, de 1965), dirigido pelo mestre do cinema de horror italiano Mario Bava. Aliás, o Alien de Ridley Scott já foi por diversas vezes considerado como uma espécie de cópia hollywoodiana do inovador (apesar de bastante falho) filme de Bava. O mínimo que se pode dizer é que Planeta dos Vampiros foi uma grande influência para Alien.

 
De qualquer forma, o Space Jockey nunca foi nada além de um "pano de fundo narrativo" do primeiro Alien, um detalhe imaginativo para proporcionar aos espectadores um grande efeito cênico. Só que, de uns dez anos para cá, o diretor Ridley Scott começou a falar sobre a possibilidade de um novo filme ambientado no universo de Alien, focando na história do Space Jockey. É compreensível: a franquia Alien foi semidestruída pelo péssimo Alien Resurrection, de 1997, e depois a coisa degringolou de vez com o ridículo (porém divertido) Alien vs. Predator (2004) e com a vergonhosamente ruim continuação Aliens vs. Predator: Requiem (2007). O momento não era propício para se pensar num novo filme da série Alien - e pelo menos Scott teve a decência de não ousar cogitar um remake do magnífico filme de 1979. 

 
A maior (única?) contribuição de Prometheus para o cânone da série Alien é que ele estipula que a raça alienígena à qual pertence o Space Jockey, na verdade, é uma raça humanóide que criou a espécie humana a partir de seu próprio DNA. Aquela cara esquisita, que lembra uma cabeça de elefante, na verdade era apenas um capacete usado pelo Space Jockey. Sem roupa, os integrantes desta espécie são humanóides de tamanho agigantado. Por conta disso, a Dra. Elizabeth Shaw, protagonista de Prometheus, chama essa raça de "os Engenheiros". Ou seja: Prometheus gira em torno da busca pela raça alienígena que criou a humanidade, que vem a ser a espécie do Space Jockey cujo cadáver aparece no primeiro filme da série Alien. Tudo certo até aí?

 
Bem, é aí que começam os problemas para os fãs de Alien, já que NADA em Prometheus fecha com o cânone estipulado pela cinessérie Alien. Vamos conferir:

1) No Alien de 1979, os tripulantes da Nostromo encontram o cadáver do Space Jockey fossilizado, aparentemente morto há milênios, sentado no que parece ser a cadeira de comando de um dispositivo de pilotagem da nave. Prometheus, no entanto, mostra que esse alienígena em particular teria morrido apenas 30 anos antes dos eventos do primeiro Alien (já que Prometheus se passa 30 anos antes). Ora, como o Space Jockey poderia estar fossilizado se havia morrido há apenas três décadas?

2) E, por falar nisso, já que Prometheus mostra o Engenheiro/Space Jockey morrendo dentro de um dos módulos da nave Prometheus, como é que os tripulantes da Nostromo poderiam ter encontrado o seu cadáver sentadinho na antiga nave alienígena?!?!?

3) Prometheus estabelece que o primeiro Alien (o tradicional monstrinho que todos nós conhecemos bem) foi "parido" pelo Space Jockey, que foi infectado pelo monstro que se formou no ventre da Dra. Elizabeth Shaw, depois que ela fez sexo com o seu marido, que estava infectado pelo agente patológico desenvolvido pelos Engenheiros para exterminar a raça humana. Ora, mas como é que, trinta anos depois, a velha nave alienígena do Space Jockey poderia estar cheia de ovos de Alien? Por acaso os roteiristas de Prometheus se esqueceram do fato de que o cânone da série Alien estabelece, para além de qualquer dúvida possível, que apenas a Rainha-Alien coloca ovos? Como o indivíduo que se vê "nascendo" no final de Prometheus é claramente um Alien "padrão", é evidente que ele não poderia ter botado nenhum ovo e que, sendo o único exemplar da sua espécie, ele provavelmente teria morrido naquele planetóide desolado antes da Nostromo chegar por lá.

Eu teria outras incongruências e furos do roteiro para apontar, mas creio que já provei meu ponto.

Para concluir, fica a minha sugestão pessoal: se você não é nenhum aficionado por Alien e não faz a menor ideia do que seja o Space Jockey, vá ver Prometheus sem qualquer preocupação na cabeça e tente se divertir na medida do possível. 

Agora, se você é fã da série Alien, saiba que você irá se irritar vendo Prometheus. Por mais que a pessoa esteja disposta a separar o novo filme do cânone da série Alien, para quem é fã, a decepção é muito, mas muito grande. Sem compromisso com experiências comparativas, vamos apenas supor que seja mais ou menos do tamanho de um cabo de vassoura ...

Para encerrar: não quero desejar mal para ninguém, mas vendo Prometheus, concluo que só o que nos resta agora é torcer para que Ridley Scott não viva por tempo suficiente para levar adiante a ideia de dirigir uma continuação de Blade Runner!