quarta-feira, 1 de junho de 2011

Resenha: show do ALICE COOPER em Porto Alegre - 31/05/2011


Há pouco mais de duas horas, voltei do show do Alice Cooper em Porto Alegre. Acreditem: é difícil descrever em palavras o quanto o show foi bom, mas prometo que farei o melhor que eu puder, sem me alongar muito.

A primeira coisa que chama a atenção é que o show do velho Cooper é realmente um SHOW, não uma mera apresentação musical. A produção, a teatralidade, as trocas de figurino de Cooper, a "decapitação" dele no palco ... é um verdadeiro ROCK HORROR SHOW. Para quem ama tanto rock quanto arte de horror (como é o caso do autor dessas linhas), o show de Alice Cooper é mais ou menos como ser teletransportado para o Paraíso.


Muita gente vai dizer que Cooper está "incrivelmente bem para os seus 63 anos". Não é verdade: ele está incrivelmente bem mesmo para os padrões de um homem de 30 anos. A voz dele não piorou NADA com a idade, não ficou nem 1/2 tom mais limitada e não perdeu 1% de sua potência. Estou falando sério, é INCRÍVEL mesmo. A mídia gosta de citar Ozzy ou os Rolling Stones como exemplos de roqueiros velhos com vitalidade, mas podem acreditar: o Alice Cooper faz essa gente toda parecer jogadores de dominó num lar da terceira idade. Tanto em termos de voz como de performance de palco, Cooper está tão perfeito quanto sempre foi. Não existe nada, absolutamente nada que denuncie a sua idade além das óbvias e inevitáveis rugas no rosto. 


Performance nota 10, show e produção nota 10 ... faltava um bom setlist, não é? E Cooper acertou de novo, apresentando um repertório digno de levar os fãs a óbito por ataque cardíaco. Teve I'm Eighteen, Billion Dollar Babies, No More Mr. Nice Guy, Poison, Hey Stoopid (uma surpresa surgida no show em Buenos Aires, o último antes deste em Porto Alegre. Alice não tocava essa música ao vivo desde 1997!), Feed my Frankenstein (com direito a um monstro no palco), Cold Ethyl (com Alice dançando com uma boneca e atirando ela para tudo o que é lado), Elected (com Alice segurando a bandeira do Brasil e com uma camiseta estilizada da seleção brasileira) e uma apoteótica School's Out com um pedaço de Another Brick in the Wall 2 (do Pink Floyd) no meio. Sério, nem sei como sobrevivi!


A execução de Clones (do álbum Flush the Fashion, de 1980) foi uma incrível e arrebatadora surpresa. A versão original de estúdio é muito legal, mas a leitura ao vivo que a banda está fazendo nessa tour se converteu simplesmente num dos pontos altos do show, e é capaz de emocionar até um saco de legumes e vegetais. Era uma música que nunca tinha me chamado a atenção, mas durante sua execução no show eu achei que meu coração iria ser cuspido pela boca em direção ao palco. Quer dizer: até nas músicas menos óbvias o setlist lavou a alma dos presentes. Realmente uma covardia de tão bom. Podiam ter cobrado ingresso de novo, na hora da saída, que eu teria pago com um sorriso no rosto.


A banda de Alice também é um show à parte, composta por instrumentistas da melhor qualidade que não deixam a peteca cair nem por um segundo, segurando o show até no inevitável intervalo que o vocalista faz no meio da apresentação, quando se ausenta do palco por alguns minutos.

Apesar da ótima estrutura do Pepsi on Stage, é impossível não lamentar o público relativamente pequeno que se fez presente, que correspondeu a 1/3 (talvez 1/4) do que o lugar comportaria. Eu sei que era noite de terça-feira, que todo mundo trabalha no outro dia e que Alice Cooper não desfruta do sucesso comercial e apelo midiático que tinha em outras épocas, mas ainda assim o público ficou abaixo do que eu esperava e muito aquém do que essa maravilhosa turnê de Alice merece. A meu ver, o público reduzido foi também uma decorrência da fraquíssima divulgação do show. É claro que, para quem estava presente, a falta do empurra-empurra foi ótima e possibilitou uma maior proximidade do palco (eu, particularmente, jamais poderia sequer sonhar que um dia veria Alice Cooper ao vivo tão de perto). Mas, de qualquer forma, um show dessa qualidade - e de um artista com uma carreira tão longa e sólida - merecia um público bem maior.


Bem, eu fiz o que eu pude, mas tenha certeza: não dá pra "explicar" o que é ver um show dessa turnê de Alice. Talvez um eventual lançamento de um DVD oficial da tour ajude a ter uma ideia, mas é preciso conferir ao vivo para entender de verdade. É uma experiência de lavar a alma, mais revigorante do que água no deserto e mais terapêutica do que um mês de férias na praia. Os outros vovôs do rock que andam por aí que me desculpem, mas se eles cruzarem com o Alice Cooper na rua, eu sugiro que atravessem pro outro lado - a velha e querida Tia Alice bota todos num saco, atropela e depois larga num asilo.


Setlist (se não me engano, foi idêntico ao show de Buenos Aires)


1  - Vincent Price intro
2  - The Black Widow
3  - Brutal Planet
4  - I'm Eighteen
5  - Under My Wheels
6  - Billion Dollar Babies
7  - No More Mr. Nice Guy
8  - Hey Stoopid
9  - Is It My Body
10 - Halo of Flies
11 - I'll Bite Your Face Off (música nova)
12 - Muscle of Love
13 - Only Women Bleed
14 - Cold Ethyl
15 - Feed My Frankenstein
16 - Clones (We're All)
17 - Poison
18 - Wicked Young Man
19 - Killer (parte)
20 - I Love the Dead
21 - School's Out (com trecho de "Another Brick In The Wall part 2")
22 - Elected
23 - Fire (Jimi Hendrix cover)








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