quinta-feira, 29 de maio de 2014

Per Gessle, do Roxette, é o máximo!

Há alguns meses atrás (mais precisamente em janeiro), aconteceu uma coisa que me fez ter certeza de que Per Gessle, do Roxette, é um dos caras mais legais do planeta!

Navegando pelo YouTube, dou de cara com este excelente show do Roxette, de 1991, da tour do álbum Joyride. Um material fantástico, até hoje não lançado oficialmente pela banda em DVD ou Blu-Ray.


Fiquei me pergutando: "Por que diabos a banda não lança esse material excelente, dos anos de ouro do Roxette, da época em que eles eram o grande nome do pop mundial"? Por que deixar material tão legal vazando gratuitamente na internet, com qualidade de vídeo sofrível? 

Bom, resolvi tirar a dúvida com a pessoa mais indicada para me responder: Per Gessle - vocalista, guitarrista e principal compositor do Roxette. 

E não é que ele respondeu para o Caveira que vos fala?  :)
 
Como fã, obviamente estou emocionado de conversar com o líder de uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos!

Segue abaixo a minha mensagem e, na sequência, a resposta de Per (em negrito)!


"Dear Per!

I'm a huge fan of Roxette since my childhood in the early 90s.

Can I ask something? Why this wonderful show of the Joyride Tour (link below) is not available on DVD (or even better, on Blu-Ray)? This material would be a fantastic release!

Big hug, and thank you so much for rock our lives along the decades!"


...
"Hi Henrique, we're working on it! Hope to get most of the live VHS & DVD releases from the past out in the open for the current colourful generations to enjoy. It's a little messy at the moment in the archives due to the huge EMI/Warner-merger but let's keep our fingers crossed. On the case, promise. /P."

Para quem não está com o inglês em dia, segue a tradução:

"Oi Henrique, nós estamos trabalho nisso! Espero conseguir a maior parte dos lançamentos em VHS e DVD do passado e disponibilizá-los para as coloridas gerações contemporâneas desfrutarem. Os arquivos estão meio bagunçados no momento em virtude da grande fusão da EMI com a Warner, mas vamos manter nossos dedos cruzados. Trabalhando no caso, prometo! /P"


O cara é ou não é o máximo? :)



O Caveira analisa: GALAXY OF TERROR (1981)




"Galaxy of Terror", dirigido por Bruce D. Clark e lançado em 1981, tem seus momentos. Não me entendam mal, não vou tão longe ao ponto de dizer que se trata de um filme "bom" ... mas dá para compreender, de certa forma, as razões que o levaram a se tornar um filme cult entre os fãs de horror e ficção científica. Isso não muda o fato de que se trata de um filme ... ahn ... ruim. Desculpe, mas não tem outra palavra mais adequada. O resultado geral é simplesmente ruim. 

Monótono e irregular, o filme pode ser descrito como um terror trash/gore que recicla elementos dos clássicos "Forbidden Planet" (1956) e "Alien" (1979), naturalmente ficando anos-luz atrás destas obras. A ideia do "monstro ID", por exemplo, já havia sido explorada, com muito mais competência e quase três décadas antes, no célebre filme estrelado por Anne Francis.

É razoável supor que a principal razão pela qual alguém ainda lembra de "Galaxy of Terror" vem a ser a bizarra - e bastante explícita para a época - cena de estupro. Mas, apesar de a ideia ser ousada e justificável no contexto da trama, a execução da mesma (especialmente em virtude da concepção estética absolutamente ridícula da criatura envolvida) acaba destruindo qualquer boa intenção artística da cena, e o que sobra é só a nudez gratuita da bonita atriz Taaffe O'Connell. Sendo este um dos grandes momentos do filme (senão o maior), imagine o resto.

Apesar da má qualidade geral, fãs do gênero precisam conferir este filme porque: 

a) é produzido pelo lendário Roger Corman;

b) o elenco conta com um jovem e desconhecido Robert Englund - que anos mais tarde ganharia fama mundial eterna na pele do mítico serial-killer Freddy Krueger; 

c) tem James Cameron na equipe técnica (e vendo este filme você consegue antever algumas coisas que ele fez posteriormente em "Aliens" e "The Terminator");

d) não é todo dia (ainda bem) que se vê uma personagem humana sendo estuprada até a morte por um verme gigante alienígena dotado de notável lascívia e invejável talento para estimulação rápida do orgasmo feminino ...

O Caveira recomenda: AMOR VERISSIMO

Deliciosa leitura de relaxamento entre uma obra acadêmica e outra: "Amor Verissimo". Para mim, Verissimo é disparado o melhor cronista brasileiro vivo. Ele é um escritor versátil e espetacular também em outros formatos, mas é na crônica curta que o autor se move com maestria inigualável.

Este livro reúne 50 crônicas do mestre - inéditas, em sua maioria -, todas tendo como pano de fundo o amor e os relacionamentos amorosos. Difícil escolher um conto preferido entre tantos excelentes, mas "Recaída" e "A Russa do Maneco" estão certamente entre os pontos altos do livro.

Imperdível. Para quem ainda não leu, fica a dica.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vivendo no futuro

Quando eu era criança, tudo o que eu queria era viver no futuro.

Quem pode me culpar? Naqueles tempos, o futuro parecia muito legal, repleto de novas tecnologias e possibilidades. Pelo menos nos filmes. Mas ... parecia mesmo?

Hoje, me dou conta de que interpretei mal os sinais que estavam à minha volta. Não, o futuro não era legal. E a ficção científica da época em que eu cresci tentou me avisar disso. Não cresci na época do sci-fi otimista e entusiástico que era moeda corrente até os anos 1960. Não, a previsão de futuro que moldou o meu imaginário enquanto eu crescia não era aquela dos Jetsons, do Flash Gordon, das imaculadas e assépticas cidades flutuantes, do mundo unido por uma causa comum e desempenhando papel ativo em uma Federação de planetas.

Não, não cresci na época das utopias tecnocientíficas. Cresci na época do cyberpunk. Do "Neuromancer" de William Gibson. Do "Missile Command" brilhando nas telas dos arcades e videogames domésticos. Do "Terminator" tentando acabar com a última esperança de sobrevivência da humanidade em obediência a uma inteligência artifical futurista que era incapaz de distinguir o conceito de paz mundial da erradicação total da espécie humana. Do "Robocop" tentando fazer justiça, como um Don Quixote cibernético, em um mundo no qual a justiça já não era mais possível, patrulhando a esmo as ruas de uma Detroit fictícia completamente falida e implodida pelo sistema (ou seja, basicamente a Detroit real dos dias de hoje), numa realidade maquiada por uma mídia corporativa manipuladora às raias do caricatural (ou seja, basicamente a grande mídia real dos dias de hoje). Era a ficção científica crítica, desiludida, irônica, ressacada, tão bem ilustrada no cinema por "Blade Runner" - ou pelo italiano "Nathan Never", nos quadrinhos.

Sim, os carros voadores estavam lá, os ciborgues estavam lá, as cidades com visual futurista estavam lá, os avanços assombrosos da tecnologia estavam lá. Mas, de certa forma, estavam lá para nada. Eram mundos nos quais a tecnologia era tratada como um detalhe, como uma coisa quase obsoleta, como técnica ou instrumento sem nenhuma capacidade de contribuir para a qualidade ou para o sentido da vida humana. Pelo contrário: a tecnologia era retratada como fator de alienação e desumanização.

Quando eu era criança, tudo o que eu queria era viver no futuro.

Hoje, eu vivo no futuro. E e me decepciono com o que o mundo se tornou - a apatia generalizada, a perda de sentido como espírito de época, o naufrágio da inteligência, a desesperança naquilo que nos torna humanos, a escassez criativa, a mercantilização de todas as facetas da vida.

Mas a verdade é que eu fui muito bem avisado. Eu apenas era muito jovem e imaturo para compreender, com a devida profundidade, a seriedade dos alertas que a ficção ocultava por trás de sua fascinante estética futurista.