terça-feira, 28 de dezembro de 2010

The Lonely Island - JIZZ IN MY PANTS




Imperdível para quem gosta de um som mais ... precoce!

Você Sabe o que é uma porcaria? A MÚSICA POP DOS ANOS 90!

Hoje postaram um link para o vídeo da música "Be My Lover", da La Bouche. Acabei inadvertidamente clicando nessa coisa e, como resultado de ser submetido a semelhante flagelo, tive mais um daqueles meus flashes traumáticos dos anos 90 que me acometem de vez em quando. É uma coisa tipo "memórias do Vietnã", sabe? O horror, oh, o HORROR!!!

Os anos 90 começaram bem: Guns N'Roses e Metallica eram provavelmente as duas maiores bandas do mundo, o pop-punk californiano do Offspring e do Green Day animava as rádios e o grunge de bandas como Nirvana, Pearl Jam e Alice in Chains indicava os rumos da música pop para a década. Mas daí, em 1994, deu uma zebra.

Kurt Cobain se matou.

Depois dessa tragédia, parecia que a indústria musical havia perdido por completo a fé na humanidade, e que havia desistido de investir em música feita por seres humanos e para seres humanos. Subitamente, uma década que havia começado criativa e cheia de energia caiu irreversivelmente no abismo do eletrônico, do pasteurizado, do sem alma e do genérico. Fazer música com atitude (ou alegre) virou crime. O tom "correto" agora era asséptico, blasé, robótico, ultracomercial e vegetativo.


Não me entenda mal, não tenho nada contra música eletrônica. Sou fã de Jean Michael Jarre, Kraftwerk e Depeche Mode. Mas aquele "bate estaca" que tão bem define a segunda metade dos anos 90 não era "música eletrônica", mas sim um lixo monocórdico desprovido de qualquer criatividade e autenticidade! Não haviam melodias, não haviam batidas empolgantes, não haviam frases inteligentes: era só uma série de vocais e barulhos estourados por cima de uma batida sempre idêntica, que mais parecia o ruído de entulhos caindo no chão do que propriamente uma "bateria". Compare Depeche Mode e The Smiths com Prodigy e Spice Girls, e você terá uma boa ideia do abismo de qualidade que separava o pop dos anos 80 das abominações noventistas.



A moda daquele momento, o "dance" genérico desprovido de alma, era reciclado de forma idêntica a lixo, em coletâneas da Jovem Pan e coisas do tipo, nas quais cada CD trazia dezenas de faixas de "artistas" dos quais ninguém antes havia ouvido falar e dos quais jamais se ouviu falar novamente. Cada desempregado com um mínimo de equipamento (e com um suficiente grau de deficiência auditiva) era um DJ em potencial, apto a animar festas abomináveis com o "batidão" onde tudo se parecia com qualquer coisa (para os bares era uma boa, pois para aguentar aquela merda de música, só bebendo MUITO). Plaboys mongolóides roubavam os automóveis de seus pais nos fins de semana e cruzavam a cidade ouvindo o "batidão" num volume que fazia a lataria chacoalhar. O apocalipse parecia próximo.


Fora do "dance" e derivados, o cenário da música pop era desolador como um cenário qualquer dos filmes da série Mad Max. A indústria musical festejava o Hanson, um trio de crianças cantando canções grudentas - uma coisa nível jardim de infância, mais ou menos como se estivessem querendo convencer o mundo de que o Balão Mágico era o grande supergrupo musical do momento! As Spice Girls despontavam como o grupo máximo da época, embaladas pela insuportável "Wannabe" e outras músicas que mais pareciam um teste de sanidade do que qualquer outra coisa. A dignidade humana estava se deteriorando com tamanha velocidade que, certo dia, começaram a dizer que "Fat of the Land" era um dos melhores álbuns da década e que o Prodigy era um grupo de gênios. Confesso que, nesse momento, se houvessem condições materiais para um exílio fora da Terra, eu teria optado por ele.


A doença se espalhava de forma alarmante. Colegas de escola que ouviam Ramones e Nirvana apareciam, no ano seguinte, curtindo Aqua e Spice Girls. Amigos metaleiros se sentiam na obrigação de comprar um CD do Jamiroquai para "experimentar". Qualquer música feita com guitarra, baixo e bateria de verdade era um crime. Qualquer banda originada de forma autêntica, e não composta por modelos e criada em laboratório por marqueteiros, era um crime. Riffs de guitarra eram crime


Por toda a parte, o bom-senso e as boas maneiras orientavam os músicos a "amaciarem" o seu som. O U2 (que antes e depois disso sempre foi uma banda acima de qualquer crítica) decidiu lançar um álbum chamado "Pop" repleto de sonoridades eletrônicas, para desgosto de seus fãs roqueiros de longa data. O termo "heavy metal" virou pejorativo, e nem as bandas do estilo não queriam mais ser tratadas por tal nomenclatura.


Daí vieram os Backstreet Boys, o N'Sync e por aí vai, e a marcha da humanidade para o inferno parecia irreversível.

Mas aquele estado de coisas não poderia ser eterno. No começo dos anos 2000, num belo dia semelhante a qualquer outro, "Seven Nation Army" do White Stripes tocou no rádio, e então o mundo subitamente se lembrou de que riffs de guitarra eram legais. De repente, o heavy rock voltou mais pesado do que nunca. A moda era o novo "Nu Metal", com bases de guitarra pesadíssimas, vocais berrados e agressivos e músicas sem solos. Ser barulhento e orgânico (e humano!) voltou a ser algo legítimo. 


Música eletrônica que parecia feita num Gerador Automático de Dance-Vagabundo virou uma coisa ultrapassada e sem graça, restrita a guetos de tomadores de bola. Alguns anos depois, apareceu o Franz Ferdinand, e dali em diante ninguém mais passou a duvidar de que não existem instrumentos mais adequados para a boa música pop do que baixo, guitarra e bateria tocados por seres humanos que realmente gostam de música.


É por essas e outras que já estamos há uma década fazendo contínuas festas Anos 80 por aí, sempre relembrando e comemorando a cultura pop daquela época, ao passo que até o momento ninguém ainda sentiu nenhuma vontade de relembrar os vergonhosos anos NOJENTA. Iremos relembrar a década de 80 por mais alguns anos, e depois irá começar o revival dos anos 2000, e os anos nojenta ficarão na latrina da história, como uma época artificialóide e burocrática da qual todos morrem de vergonha.


domingo, 26 de dezembro de 2010

Filmes de terror recomendados: CARNIVAL OF SOULS (1962)


Ver filmes de terror de quarenta ou cinquenta anos atrás é uma verdadeira "caixinha de surpresas". Em boa parte das vezes, não se vê nada além de uma produção sofrível com uma história rasa. Mas, excepcionalmente, essas aventuras levam o espectador a descobrir algumas pérolas maravilhosas, capazes de botar no chinelo as películas atuais do gênero. Carnival of Souls, que acabo de ver, é um belo exemplo disso.

Lançado em 1962, o filme é dirigido por Herk Harvey e estrelado pela bela Candace Hilligoss, e já surpreende desde os primeiros instantes. Na trama, a jovem Mary Henry está andando de carro com outras duas amigas quando alguns rapazes em outro automóvel desafiam as moças para uma corridinha. A brincadeira termina em tragédia quando o veículo dos sujeitos perde o controle e colide com o carro das garotas, jogando-o num rio. 


O automóvel desaparece nas águas mas, depois de algum tempo, Mary reaparece saindo do rio, tendo milagrosamente sobrevivido ao acidente. Depois de algum tempo, ela se muda para Salt Lake City para assumir um novo emprego numa igreja local, tocando órgão. No entanto, uma série de visões sinistras começam a atormentar a garota.


O que surpreende no filme é a qualidade da atmosfera de suspense e horror sobrenatural que ele cria. Longe de banalidades previsíveis, é só nos momentos finais do filme que o espectador compreende o que estava acontecendo com a protagonista. É claro que não vou estragar a surpresa com um desagradável spoiler, mas preciso reconhecer que fiquei surpreso com a qualidade do suspense e do mistério que o filme mantém de forma competente do começo ao fim. Logo que o filme acabou, pensei "ah, então era isso", e poucos minutos depois me dei conta de que provavelmente a minha interpretação estava errada, e que o final (apesar de não ser absolutamente conclusivo) indicava uma explicação ainda mais arrepiante (e menos simplista) do que havia parecido num primeiro momento.


É realmente incrível que um filme de terror tão velho, produzido com tão poucos recursos (ele já era um B-movie barato mesmo para os padrões daquela época), tenha sucesso em criar uma atmosfera sobrenatural de suspense e horror de forma tão competente. O filme, apesar de não ter feito grande sucesso na época, é hoje um cult movie, e é uma pena que nunca tenha recebido um remake competente (existe apenas um "remake" modesto, lançado direto em vídeo em 1998, que tem pouco em comum com o original e que não foi bem recebido pela crítica). 


É óbvio que, apesar de suas surpreendentes qualidades, Carnival of Souls não escapa dos defeitos tradicionais das produções hollywoodianas baratas dos anos 50 e 60:  algumas atuações canastronas (apesar da excelente atuação de Candace Hilligoss), flertes românticos desnecessários, edição de som horrenda e maquiagens precárias (apesar de o icônico "The Man", o fantasma principal - interpretado pelo diretor Harvey -, ser genuinamente assustador). Mas os méritos do filme são tantos que esses defeitos acabam desaparecendo no conjunto da obra. Carnival of Souls é uma raridade, um filme barato de quase cinquenta anos atrás que é assustadoramente atmosférico e que prende a atenção do começo ao fim, com um mistério que só se resolve nos arrepiantes momentos finais. Para os fãs do cinema de horror, é simplesmente IMPERDÍVEL! Se hoje eu fosse fazer uma lista dos melhores filmes de terror de todos os tempos, seria difícil não incluir Carnival of Souls.


Em tempo: o filme está em domínio público. Você pode baixá-lo, sem qualquer infração a direitos autorais, no seguinte link: http://www.archive.org/details/CarnivalofSouls

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Caveira analisa: TRON - O LEGADO



Sei que havia uma expectativa monstruosa em torno do novo Tron: Legacy (Tron - O Legado, aqui no Brasil), mas devo dizer que fui ver o filme sem nenhuma grande expectativa. Como fui criança nos anos 80, lembro que o Tron original era um filme embasbacante e que impressionava todo mundo com seus efeitos especiais de ponta, mas devo confessar que nunca fui um grande fã do filme e (pelo menos até onde lembro) só fui vê-lo do começo ao fim já em plena vida adulta. Portanto, não estava roendo as unhas de ansiedade para ver essa mais-do-que-tardia continuação, e nem estava preocupado se o filme iria ou não honrar o material original. Esclarecido isso, devo dizer que saí do cinema bastante satisfeito.

Observo, antes de mais nada, que duas qualidades essenciais do filme original estão ausentes em Tron: Legacy. A primeira delas é a originalidade. Essa continuação apresenta os duelos de discos, as corridas com as Light Cycles, os ameaçadores sentinelas Space Paranoids, o icônico mundo digital e tudo aquilo que já conhecíamos do primeiro Tron (só que, evidentemente, com um acabamento visual muito superior). Não espere por novos elementos criativos dignos de nota, pois esse novo filme não disfarça sua premissa de "retorno ao mundo fantástico que já conhecemos".   

O segundo ponto em que Tron: Legacy perde para o original é no quesito "dianteira tecnológica para sua época". Enquanto que o Tron de 1982 era visualmente arrasador e um marco tecnológico absoluto para o cinema até então, Tron: Legacy pode se gabar de ser  muito bem feito e visualmente impressionante, mas nada mais do que isso.



Isso, no entanto, não quer dizer que o filme não vá entrar para a história dos efeitos visuais. Embora o mundo digital retratado em Tron: Legacy não seja páreo para Avatar, por exemplo, é impossível deixar de reconhecer que existe um aspecto em particular no qual o filme (pelo menos até este momento) representa a vanguarda absoluta dos efeitos especiais: a reconstrução, em computação gráfica, do visual de um ator. Já vimos exemplos disso antes (o Brad Pitt quase adolescente no final de O Estranho Caso de Benjamin Button, ou o jovem Schwarzenegger em Terminator - Salvation), mas nada já feito até o momento se compara ao impressionante e estarrecedor trabalho de rejuvenescimento digital feito com o ator Jeff Bridges em Tron: Legacy. Pode acreditar: é de tirar o fôlego e fazer o queixo cair. Bridges (com seu rosto atual de homem de 61 anos de idade), como Kevin Flynn, contracena cara a cara com o vilão Clu, também interpretado por Bridges, mas cujo rosto se parece com o aspecto que o ator tinha há trinta anos atrás. E os "dois Jeff Bridges" são igualmente reais e convincentes, o que realmente atesta que a computação gráfica no cinema atingiu um patamar de qualidade técnica que pareceria ficção científica há dez anos atrás.


Alguns críticos de Tron: Legacy estão dizendo que a "história do filme não é grande coisa", ou que "os personagens e diálogos são rasos", ou que "o ritmo do filme deixa a desejar". Eu sei que os fãs do Tron original de 1982 vão querer arrancar a minha cabeça, mas deixemos as emoções de lado por um instante para analisar racionalmente a seguinte questão: será que todas essas críticas não seriam perfeitamente adequadas ao próprio Tron original? O caráter icônico do filme oitentista, aparentemente, fez muita gente esquecer que ele nunca foi um consenso, nunca foi um filme considerado "perfeito sob todos os aspectos", ao contrário de obras como Star Wars. Mesmo nos dias atuais, em que o Tron original já foi canonizado como um clássico, o filme conta com modestos 67% de aprovação no Rotten Tomatoes (o popular agregador de reviews profissionais).

Sejamos francos: com todos os seus méritos tecnológicos inegáveis e seu apelo visual irresistível para a época, o Tron de 1982 não é um "filme perfeito" e não tem grandes tramas, diálogos ou profundidade dramática. Dito isso, fica fácil constatar que Tron: Legacy não apresenta nenhum "defeito" que o próprio original, de uma forma ou outra, já não tivesse. O novo Tron vale mais pela experiência visual do que pela narrativa e pelo drama? O Tron original também! O novo Tron demora um pouco para "pegar no tranco" e apresenta um ritmo meio irregular? O Tron original também!


Bom, mas o que muda, então? A diferença é que, ao assistir Tron em 1982, o espectador estava testemunhando o que de mais moderno havia em computação gráfica, efeitos especiais digitais e narrativa de ficção científica casada com informática. Já quem assiste Tron: Legacy em 2010 não se vê diante de nenhuma "revolução" imaginativa ou audiovisual, mas sim tão somente diante de um filme divertido e extremamente caprichado em termos de efeitos especiais. Não é nenhum marco (como foi o recente Avatar), mas é muito bom naquilo que se propõe a mostrar. O roteiro, embora desprovido de maiores predicados, é suficientemente sólido para não desonrar o cânone da obra original. E a maravilhosa trilha sonora do Daft Punk só contribui para tornar a experiência como um todo ainda mais recomendável.


A mística e soturna ambientação do mundo digital, o apelo dos efeitos visuais, a dinâmica das batalhas virtuais, a luta da liberdade contra a tirania: todos os temas centrais do Tron de 1982 foram bem respeitados nesse tardio "retorno", que demorou 28 anos para virar realidade. O resultado não deixa a desejar. O único "pecado" de Tron: Legacy é, basicamente, não ser melhor que o seu antecessor e nem tão criativo quanto. Se você puder perdoar o filme por esta modesta "falha", não deixe de vê-lo no cinema. Sem dúvida, se trata de uma das maiores diversões que o cinemão hollywoodiano nos proporcionou neste ano já prestes a se encerrar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

TOP 5 - FILMES DE NATAL


1 - SCROOGED (Os Fantasmas Contra-Atacam - 1988)

Todo mundo sabe que o "Conto de Natal" de Charles Dickens é a mais popular e difundida história natalina da era moderna, mas dificilmente se pode imaginar uma versão mais divertida da história do que esta protagonizada por Bill Murray. Na trama, Frank Cross é o cínico, inescrupuloso e cruel presidente de uma rede de televisão, até o momento em que é visitado por uma série de fantasmas que o levam a rever seus conceitos. 
Os fantasmas de Dickens nunca tiveram versões tão divertidas (e tecnicamente bem executadas) quanto nesta excelente comédia de Richard Donner, um dos meus diretores favoritos. A única coisa lamentável é o ridículo título nacional, que tentava associar a presença de Murray no elenco com o grande sucesso que "Os Caça-Fantasmas" havia feito alguns anos antes.
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2 - THE MUPPET CHRISTMAS CAROL (O Natal dos Muppets - 1992)

O único jeito de competir com uma versão do conto de Dickens que tem Bill Murray é fazendo uma versão do conto com os Muppets. Ver Michael Caine como Ebenezer Scrooge e o sapo Caco como Bob Cratchit já vale o filme.

Se algum filme estrelado por marionetes tem chance de levar você às lágrimas, certamente é este. Foi o primeiro filme dos Muppets produzido depois da morte do genial Jim Henson, criador dos personagens. Se você gosta dos Muppets, é imperdível. Mas, se você não gosta dos Muppets ... meus pêsames pela sua alma!
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3 - HOME ALONE (Esqueceram de Mim - 1990)

Foi o filme definitivo de Natal ao longo dos anos 90, uma das melhores comédias da década e o filme que celebrizou o então fedelho Macaulay Culkin e o diretor Chris Columbus. Kevin, um pestinha de oito anos de idade, é esquecido em casa quando a sua imensa e chata família sai em viagem no final do ano. Constatando que estava diante do presente que pediu a Deus, o menino aproveita para ficar acordado até tarde, comer tudo o que é porcaria que lhe dá na telha e viver como o Rei da Casa.

É o Natal perfeito, até que dois ladrões escolhem a casa dele como alvo para um assalto. Muitas crianças deve ter matado seus pais depois de verem este filme e encherem a casa de armadilhas para imitar o protagonista. Para um efeito natalino mais efetivo, assista em conjunto com a ótima continuação "Esqueceram de Mim 2 - Perdido em Nova York", de 1992. Mas tome cuidado para não assistir as outras duas continuações fajutas e caça-níqueis lançadas anos depois.
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4 - CHRISTMAS WITH THE KRANKS (Um Natal Muito, Muito Louco - 2004)

A crítica foi implacável com esse despretensioso filme de Natal, mas ele se saiu bem nas bilheterias e é bastante divertido. Tim Allen, Jamie Lee Curtis, Dan Aykroyd e M. Emmet Walsh protagonizam essa história sobre um casal de meia-idade que já não aguenta mais as comemorações natalinas de sempre. Com a única filha já adulta, os dois resolvem aproveitar a época para "esquecer o Natal" e sair de viagem, mas as circunstâncias acabam provando que é mais fácil sair da Máfia do que abdicar das convenções de Natal.

O filme é baseado no livro "Skipping Christmas" de John Grisham (uma de suas poucas obras fora do gênero "thriller jurídico"). Não é uma obra-prima, mas é uma boa e eficiente comédia de Natal - isso, é claro, se você conseguir relevar o ridículo e debilóide título nacional.
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5 - SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT (Natal Sangrento - 1984)

Quem disse que filme de Natal precisa ser cômico e bonitinho? Se você vive no meio do mato e usa uma máscara de hóquei, ou se anda pelo interior do Texas com uma serra-elétrica, este aqui é o SEU filme de Natal. O filme conta a história de Billy, um garotinho que em 1971 viu toda a sua família ser assassinada por um criminoso vestido de Papai-Noel. Aos dezoito anos, vivendo num internato, o garoto se converte num serial-killer vestido de Papai-Noel e armado de um belo machado.

É um slasher movie sem maiores predicados, mas gerou grande comoção na época em virtude de o assassino andar por aí vestido de Papai-Noel, profanando um dos maiores ícones da criançada. As associações de pais e mestres e a crítica naturalmente ganharam faniquitos, o que só ajudou a dar um status de "cult movie" para um filminho trash que poderia ter sido completamente esquecido de outra forma. Nos anos 90, era bastante fácil encontrá-lo em VHS nas locadoras. Mas, desde a popularização do DVD há dez anos atrás, não tenho mais visto o filme por aí. De qualquer forma, não deve ser difícil encontrá-lo para baixar na internet. 


"Ho, ho, ho!!!"

domingo, 12 de dezembro de 2010

Filmes legais: NIGHTMARE CASTLE (1965)


Acabo de ver Nightmare Castle, filme italiano de 1965 estrelado pela inimitável Barbara Steele, um ícone do antigo cinema de horror. Apesar de este ser o título mais comum do filme (cujo nome original é Gli Amanti d'oltretomba), na Inglaterra ele é conhecido como Night of the Doomed, e foi rebatizado aqui e ali também de Lovers From Beyond the Tomb e The Faceless Monster.


A trama gira em torno de um conde sádico e maléfico, que faz experiências sinistras no laboratório subterrâneo de seu castelo e é casado com uma morenaça bonitona (Barbara Steele, é claro). Um dia, com a ajuda da governanta velha e feiosa, ele descobre que sua esposa o está corneando. Como bom maluco malvado, ele tortura e mata o libidinoso e adúltero casal.

O problema é que, antes de morrer, sua esposa revela que fez um novo testamento, deixando toda a sua riqueza para sua irmã, que é meio lelé da cuca e está internada. O sinistro conde decide então se casar com a irmã porca-solta de sua ex-esposa, uma loirinha ingênua (também interpretada por Barbara Steele, é claro) que nem imagina os planos que o novo maridão tem para ela. 

 
O conde pretende induzir a piora do quadro clínico de sua jovem esposa, chamar um médico para atestá-la como pirada e então interná-la e interditá-la, para poder botar a mão no dinheiro. Só que aos poucos vai ficando claro a existência de presenças do além-túmulo no castelo, e então o bicho começa a pegar.


Para um filme dos anos sessenta, Nightmare Castle é surpreendentemente atmosférico e bem executado. No geral, não chega a ser assustador para os padrões atuais (embora tenha seus momentos), mas só a presença icônica da Barbara Steele já torna o filme necessário. Ah, e eu fiquei BABANDO naquele quadro sinistro e intimidador dela, que aparece no filme. Eu queria ter aquele quadro no meu apartamento! Se bem que, de noite, eu ficaria com medo até de ir na cozinha tomar um copo d'água!

O Caveira recomenda. 

Pensando bem, eu iria pensar duas vezes antes de colocar esse quadro na sala ...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA



(artigo publicado no Observatório da Imprensa)

Mais do que segredos militares e diplomáticos, o advento do polêmico site WikiLeaks está desvelando, perante os olhos das sociedades ocidentais ditas democráticas, toda a hipocrisia e contradição dos discursos habituais dos governos e do establishment midiático tradicional.

Vamos analisar, primeiro, as reações tupiniquins ao WikiLeaks. Nos últimos anos, temos visto a mídia brasileira espernear contra qualquer tipo de discussão a respeito de marcos regulatórios para a imprensa, supostamente em defesa da mais ampla e irrestrita liberdade de informação (e, por tabela, ignorando por completo a diferença elementar entre "liberdade" e "libertinagem" de imprensa).

Pois bem: agora que Julian Assange foi convertido em "criminoso" caçado pela Interpol, onde estão os bravos e destemidos defensores da liberdade de imprensa absoluta e irrestrita? Onde estão os editoriais coléricos, bradando contra a postura orwelliana do governo dos Estados Unidos e das instâncias internacionais a ele subordinadas? Onde estão os colóquios, seminários e simpósios sobre liberdade de informação como condição de possibilidade para a democracia, para reconhecer o fenômeno Wikileaks como uma consequência natural da evolução conjunta da tecnologia, da democracia e do acesso à informação, e não como um empreendimento terrorista capitaneado por um criminoso?

Constrangida entre o desejo de ver o fim do WikiLeaks e a preocupação de ser acusada de evidente contradição em seus discursos libertários, a mídia brasileira ora se abstém de emitir juízos de valor sobre o tema, ora tenta conciliar (sem sucesso, é claro) as suas contradições latentes. Em editorial do jornal O Globo, publicado na internet em 02/12/2010, Ricardo Noblat afirma que o problema de Assange seria "não pensar duas vezes antes de divulgar tudo o que lhe chega às mãos, sem critério, como demonstra a atuação do site". 


Segundo Noblat, é nesse ponto que a superioridade da "velha imprensa" se manifesta, pois "estas redações exercem um papel estratégico de filtro, ainda mais essencial no universo da internet, um avanço tecnológico histórico, mas que também serve para toda sorte de malfeitorias: denegrir pessoas e instituições, caluniar, manipular com interesses político-ideológicos etc" (como se, nas redações dos jornais e revistas, não ocorressem frequentemente essas mesmas práticas). 

Noblat elogia as redações de jornais como o "New York Times" e "Guardian", afirmando o seguinte: "tem sido exemplar o comportamento destas redações. Em duas ou três semanas, antes da primeira publicação coordenada da série de matérias, editores se lançaram a um enorme trabalho de garimpagem para escolher o que lhes interessava, e de triagem. Como sempre ocorre nestas situações, tem de ser pesado o interesse público das informações, se a divulgação delas colocará em risco a integridade física de pessoas, e avaliar-se até mesmo questões de segurança nacional — as quais costumam ficar em segundo plano diante do interesse da sociedade".

Censura prévia em nome da "segurança nacional"? Redações escolhendo "o que lhes interessa" publicar? Ponderação de princípios no sentido de limitar/mitigar a liberdade de imprensa e o livre acesso à informação? Ora, mas isso não representa tudo aquilo que a imprensa brasileira, até anteontem, identificava com a censura, com o abalo das instituições democráticas e com o "perigo" do "avanço do autoritarismo" na América Latina? O pressuposto implícito do referido editorial é de que as redações são entidades suprademocráticas, capitaneadas por sábios, aos quais cabe decidir, com base em seus juízos de valor subjetivos, aquilo que "interessa" ou "não interessa" publicar. 

Repare que essa prerrogativa de censura, aparentemente, é intransferível: o governo democraticamente eleito pelo povo não pode fazê-lo. O legislativo eleito pelo povo também não pode fazê-lo. Só quem pode decidir o que a patuléia inculta deve ou não ficar sabendo são as redações dos jornais e revistas, estas invejáveis távolas redondas de sábios magos.

Mas, em se tratando do desvelamento das hipocrisias, o editorial do jornal O Globo não é nada na comparação com as palavras de Geoff Morrel, Secretário de Imprensa do Pentágono. Entrevistado há dois dias pela rede de televisão norte-americana Fox News, Morrel foi perguntado sobre o por quê de o Pentágono não ter se utilizado ao máximo de seus recursos tecnológicos para tirar o site WikiLeaks do ar. Tão assustador quanto sincero, Morrel respondeu que não existia motivo para preocupação diante do vazamento dos documentos secretos porque, afinal de contas, "as pessoas não fazem negócios com a América necessariamente porque gostam de nós, ou mesmo porque confiam em nós. Eles o fazem porque precisam. Nós somos o último, o único, remanescente e indispensável poder".

Para nós - resilientes idealistas que ainda acreditamos em democracia e sonhamos com a sua plenitude - diante dessas alarmantes sequências de eventos envolvendo o WikiLeaks e seu criador, só resta desejar o seguinte: Assange, que a Força esteja com você! Pode ter certeza de que ele vai precisar.

Referências:


sábado, 4 de dezembro de 2010

Recomendação horrorífica do dia: ZOMBIE GAMES




O site recomendado de hoje é o ZOMBIE GAMES (http://www.zombiegames.net/), especializado em jogos online de zumbis. Tem muita coisa boa por lá, inclusive o popular LAST STAND e a sua continuação (que acabei de jogar e está muito legal). 

Diversão absoluta para aquela madrugadinha solitária, depois de um episódio de The Walking Dead ou de um um filminho de zumbi.

domingo, 28 de novembro de 2010

COMPRAS HORRORÍFICAS DO CAVEIRA - Parte 2: Horror Classics

Saindo do terreno dos toys para o dos filmes, comprei uma coletânea intitulada HORROR CLASSICS. São nada menos do que 12 DVDs contendo CINQUENTA FILMES antigos de terror, todos lançados entre 1923 (!) e 1968. 


Entre as pérolas presentes, estão THE LAST MAN ON EARTH, com Vincent Price (que foi a primeira adaptação para o cinema do clássico livro I Am Legend de Richard Matheson), NIGHT OF THE LIVING DEAD (o clássico de Romero, que criou a ideia geral dos zumbis como hoje eles aparecem na cultura pop), WHITE ZOMBIE (o primeiro filme de zumbis de todos os tempos, embora com uma abordagem diferente do Zumbi de Romero), DEMENTIA 13 (o primeiro filme dirigido por Francis Ford Coppola), NOSFERATU (o clássico absoluto de 1922), METROPOLIS (a obra-prima de Fritz Lang), THE PHANTOM OF THE OPERA (o icônico filme de 1925, estrelado por Lon Chaney) e por aí vai.



Agora, o mais incrível de tudo é que essa coleção imperdível está sendo vendida por inacreditáveis U$ 12.99 (cerca de R$ 22,00!) no site da Amazon. Com frete e tudo, o troço me custou um pouco menos de R$ 35,00 - ou seja, cada DVD sai R$ 2,91 e cada filme sai por SETENTA CENTAVOS! Imperdível.

 "We're coming to get you, Barbara!!!!"

COMPRAS HORRORÍFICAS DO CAVEIRA - Parte 1: Brinquedos velhos de terror

Olá, boys and ghouls! Hoje vou mostrar para vocês alguns itens de colecionador nerd-horroríficos que adquiri nos últimos tempos e que agora repousam na minha cripta.

Vou começar com algumas antiguidades infantis que comprei no Mercado Livre. O primeiro, que já faz mais tempo que comprei, é o memorável JOGO DO CASTELO MAL-ASSOMBRADO, fabricado pela Estrela nos anos 80. 


Quando eu era criança, eu babava em cima desse jogo, principalmente porque ele vinha acompanhado de uma série de fantasminhas que brilhavam no escuro! Um amigo meu tinha esse jogo, e eu achava o máximo. Demorou, mas hoje ele faz parte do acervo aqui da minha cripta. 


O jogo em si é bastante simples, até rapidamente enjoativo. Mas o tabuleiro "sinistrinho" e os fantasminhas acabam cativando qualquer criatura velha das trevas, como é o caso do autor dessas linhas.

Mais recentemente, comprei também um jogo de tabuleiro nacional extremamente desconhecido que eu tive na minha infância. O nome do jogo é CASTELO DO TERROR, fabricado pela Toyster. 


É um jogo extremamente simples, onde os jogadores vão andando por um castelo infestado de monstros para salvar uma princesa. O mais legal do jogo é a arte do tabuleiro (que tem dois níveis), representando todos os mórbidos aposentos do castelo


O jogo é divertido, e toma umas liberdades criativas interessantes. Por exemplo, para matar os vampiros, você usa estacas. Para matar os lobisomens, usa revólveres carregados com balas de prata. Até aí tudo bem, né? Mas, para matar as múmias, você usa FACAS (será que é pra cortar as bandanas das múmias?) e, para "matar" os fantasmas, você usa LANTERNAS! E eu que achei que fantasmas eram perigosos! Aparentemente, se você tiver uma lanterna equipada com boas pilhas alcalinas, sua segurança está garantida.


Bom, acho que era isso, corpos e almas. Fiquem atentos para os frequentes e sinceros depoimentos do Caveira sobre o horrendo, horrível e horrorífico mundo do terror em geral ...



                                                    "Ai, que terrãr !!!"

sábado, 27 de novembro de 2010

O FIM DO CASSETA & PLANETA


Causou furor a notícia, divulgada ontem (sexta-feira), de que o programa Casseta & Planeta, que está no ar na Globo desde 1992, será cancelado no ano que vem.

Como grande fã do grupo que sempre fui, só tenho uma coisa a dizer sobre isso: GRAÇAS A DEUS!!!

Se você tem menos de 25 anos, então provavelmente não tem noção da importância histórica da trupe do Casseta para o humor brasileiro, e não faz ideia de como esses sujeitos eram talentosos nos seus anos de ouro. Nos primeiros anos, quando o Casseta era um programa mensal, a espera pelo dia em que ele passaria gerava enorme expectativa, e o programa (que durava uma hora inteira) era um verdadeiro evento, que gerava comentários, risos e piadas por semanas a fio no país inteiro.

Sim, eu sei, isso tudo pode parecer inacreditável quando olhamos para o que foi o Casseta & Planeta na última meia década: um ridículo programa de autopromoção das novelas da Globo, calcado num "humor" pasteurizado, burocrático e batido. A verdade é que, pelo menos de uns cinco anos para cá (para ser bem sincero, eu diria que pelo menos há uma década), o Casseta & Planeta está virado numa coisa constrangedora, num verdadeiro Zorra Total levemente melhorzinho. Quando a gente vê os caras do Casseta sempre travestidos de atrizes globais, de novo e de novo e de novo, mal dá pra acreditar que esses são os mesmos sujeitos que faziam aquele humor caótico, anárquico e empolgante no começo dos anos 90. Sem falar que, ainda antes disso, eles já tinham matado a pau como roteiristas do clássico TV Pirata (uma verdadeira lenda do humor nacional) e na saudosa revista Casseta Popular.

Sinceramente, não sei diagnosticar o que causou essa decadência criativa do grupo. Alguns dirão que foi a morte do genial Bussunda, mas (por mais que eu concorde que o cara foi uma perda irreparável) devo lembrar que o programa já estava em absoluta decadência bem antes de ele morrer. Outros dirão que são os efeitos da "camisa de força" que a Globo coloca em seus subordinados (basta ver como o programa do Jô virou uma merda quando migrou do SBT para a Globo). Mas essa explicação também não convence, pois o Casseta & Planeta sempre passou na Globo. 

Outros dirão que os outrora inspirados humoristas estão velhos, ricos, acomodados e cansados, mas ... bem, essa é uma hipótese verossímil, no final das contas.

De qualquer forma, estou muito feliz com a notícia do fim do programa. Não que isso faça diferença prática para mim, pois eu já não tinha mais saco para aguentar a ruindade do programa há muitos anos, e o assistia apenas muito eventualmente (e nunca aguentava mais do que alguns minutos). Atualmente, o Casseta & Planeta é uma desgraça para a sua própria memória, e portanto já vai tarde. É mil vezes melhor procurar no Youtube pelos pedaços dos programas antigos, lá da primeira metade dos anos 90, e conferir a genialidade que o grupo de humoristas então ostentava.


ALGUMAS NOTÍCIAS RÁPIDAS



1) "FHC diz ser 'impossível' não haver regulação da mídia"
(http://www1.folha.uol.com.br/poder/836601-fhc-diz-ser-impossivel-nao-haver-regulacao-da-midia-mas-critica-controle-de-conteudo.shtml)

Ah, bonito, né? Durante as eleições, os tucanos satanizaram o tema dos marcos regulatórios para a mídia como se fossem planos diabólicos de comunistas tentando implantar uma nova União Soviética na América Latina! Agora, com a cara mais bisonha do mundo, a Múmia de Honra dos tucanos aparece para dizer que é "impossível" não regular a mídia.

Depois esses duas caras (cujos discursos e práticas vivem em permanente divórcio) ainda querem achar ruim quando tomam ferro nas eleições!



2) "Classe baixa reconhece melhor emoções alheias"

(http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI190038-17770,00.html)

Fiquei surpreso com essa! Aparentemente, pode haver uma explicação científica para a dificuldade que as pessoas favorecidas pela sociedade sentem em se colocar no lugar daqueles que passam por dificuldades e que foram menos afortunados na vida.

É claro que, independentemente de qualquer fator desse tipo, uma dieta semanal à base de revista Veja só contribui para uma deterioração mais rápida dessas habilidades de empatia.