segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AVATAR


Vi na semana passada o aclamado Avatar, de James Cameron. Podem deixar o ceticismo de lado e acreditar, meus amigos: o filme realmente É tudo isso o que estão dizendo.

Vamos começar falando da tecnologia 3D. Como eu sou um filhote dos anos 80, cresci em meio a promessas de "óculos tridimensionais" e "realidade virtual". No final dos anos 80 e começo dos 90, só se falava nisso. Os videogames de 25 anos atrás tinham óculos-3D como acessórios e eventualmente alguns filmes "tridimensionais" passavam nos cinemas. Até álbuns de figurinhas e revistinhas às vezes apareciam fazendo uso de tal recurso. Só que o tal "3D" naqueles tempos era um óculos de papelão vagabundo com uma lente vermelha e outra azul, e o "efeito tridimensional" era pouco mais do que um borrão multicolorido em múltiplas camadas.


Por isso, quando começaram a alardear os "efeitos 3D" em Avatar, fiquei com os dois pés atrás e pensei "ihhh, essa novela eu já vi". Ledo engano. Os óculos tridimensionais atuais FUNCIONAM. Você entra no cinema e os caras te dão um óculos que parece um ray-ban velho, daqueles que estão voltando agora à moda por causa da Lady Gaga e do retrô anos 80. Daí você pensa "rá, mas isso aqui é um óculos de sol usado, esses caras estão tirando onda da minha cara". E, quando a projeção começa, você se borra: cinema tridimensional de verdade, com sensação de profundidade inacreditável. Quando a Sigourney Weaver aparece na tela pela primeira vez, parece que você entrou por engano no quarto de hotel dela e está vendo-a em carne e osso!


Mas o filme tem ainda outro mérito. Mesmo que os efeitos 3D não existissem, ainda assim Avatar seria, de longe, o filme mais impressionante de todos os tempos em termos de efeitos especiais. Até pouco tempo atrás, a dianteira tecnológica nos cinemas ainda era representada por duas trilogias: O Senhor dos Anéis e os episódios prequel de Star Wars. Avatar é o primeiro filme a superar definitivamente o que se viu nestas obras anteriores, abrindo um novo capítulo na história dos efeitos visuais.


O nível de realismo fotográfico dos efeitos digitais chegou num ponto em que começa a ficar virtualmente impossível dizer se um determinado elemento na tela é real ou não
. Dou um exemplo: quando os helicópteros militares descem no planeta Pandora, eu sei dizer com certeza que os militares são reais e que os alienígenas Na'vi não são. Mas se você me perguntar se a vegetação, os cenários e os helicópteros são reais, eu confesso que não sei dizer, pois aos olhos esses elementos não poderiam parecer mais reais.

Recomendo que você não se deixe intimidar pelos cartazes e fotos mostrando os Na'vi, aqueles bichos que parecem pessoas pintadas de azul. Primeiro, porque essas criaturas parecem muito mais impressionantes na tela do que nas imagens estáticas. Segundo, porque os Na'vi certamente são a coisa menos impressionante de todo o filme. É o absurdo grau de realismo do planeta alienígena de Pandora que fará você babar no baldinho de pipoca.


Lógico, nem tudo são flores no novo mega-blockbuster de Cameron. Tenha em mente que Avatar é essencialmente uma revolucionária experiência visual, mas nada além disso. O roteiro do filme é clichê e politicamente correto até dizer chega, e a dosagem de ação, romance e aventura na medida certa parece saída de um Manual de Receitas Para Fazer Filmes que Agradam as Pessoas. O mérito do roteiro, apesar dos estereótipos e da previsibilidade, é o de ser suficientemente bom para não prejudicar a inesquecível experiência audiovisual.


Daqui há uma ou duas décadas, Avatar provavelmente será lembrado como um dos divisores de águas entre os anos 2000 e a década de 10. Além de o filme ser emocionante como uma montanha-russa, vê-lo é definitivamente dar uma espiada no futuro do cinema.

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