sábado, 19 de fevereiro de 2011

Álbuns recomendados: STRATOVARIUS - ELYSIUM (2011)

 
Quem já era fã de heavy metal na segunda metade dos anos 90 vai lembrar que o Stratovarius despontou como uma das bandas mais elogiadas da época, principalmente em virtude do grande sucesso do excepcional álbum Visions, de 1997. Naquele final de década, o Stratovarius - apesar de ser uma banda que já estava na estrada desde 1984 - se firmou como uma espécie de Helloween dos anos 90, e colecionava sucessos e elogios numa época em que bandas como Judas Priest, Iron Maiden e o próprio Helloween passavam por fases bastante criticadas e controversas.

No entanto, a primeira década dos anos 2000 não foi muito boa para o grupo. Depois dos ótimos álbuns Destiny (1998) e Infinite (2000), a banda lançou os pretensiosos álbuns Elements, Pt. 1 e Elements Pt.2 separadamente em 2003. São dois discos mais progressivos e sinfônicos - particularmente, considero ambos um pé no saco. A meu ver, ali estava o começo do fim do Stratovarius como o conhecíamos até então. Ato contínuo, no mesmo ano a banda se desfez. Os próximos dois anos foram o fundo do poço do Stratovarius, com o grupo protagonizando fiascos e bizarrices variadas, como a internação do líder da banda, Timo Tolkki, por doenças mentais e o vexaminoso anúncio de uma nova vocalista, uma garota chamada "Miss K" (que não gravou nada, não fez nenhum show e da qual nunca mais se ouviu falar novamente). Era tudo muito triste e chocante. Ao que tudo indicava, o Stratovarius era coisa do passado.

Em 2005, a banda surpreendentemente anuncia uma reunião com a formação tradicional (embora o baixista Jari Kainulainen fosse poucos meses depois substituído por Lauri Porra - sim, é esse mesmo o nome do sujeito). O resultado disso foi o bom álbum Stratovarius (2005), que não chegava a ser surpreendente na comparação com o histórico da banda, mas pelo menos sinalizava que o grupo havia reencontrado o rumo. Cheguei a ver os caras ao vivo na tour desse álbum, e eles estavam realmente em boa forma.

Mas, em 2008, o Stratovarius anuncia uma nova separação. A surpresa, dessa vez, foi que o criador e principal compositor da banda, Timo Tolkki, foi quem pulou fora do barco. O anúncio de que o Stratovarius iria seguir adiante sem Tolkki soou como uma espécie de heresia para os fãs, pois era uma situação difícil de imaginar. Foi mais ou menos como se anunciassem que o Iron Maiden iria continuar depois de Steve Harris sair da banda, por exemplo. No entanto, em 2009 o grupo lançou o álbum Polaris, que surpreendeu pela qualidade. E, dois anos depois, a banda já lança mais um novo álbum - Elysium - que vem sendo recebido por grande parte da crítica e do público como o melhor álbum da banda desde Infinite, de 2000.

Uma audição de Elysium revela que o entusiasmo se justifica. Há alguns anos atrás, seria difícil de acreditar que um Stratovarius sem Timo Tolkki pudesse produzir um disco com composições tão fortes e interessantes. Ao longo de suas 9 faixas e mais de 55 minutos de duração, Elysium não deixa a peteca cair em nenhum momento, e apresenta a banda inteira em excelente forma, com inevitável destaque para os vocais magníficos de Timo Kotipelto, que sempre foram um dos destaques absolutos do Stratovarius. Como se sabe, o subgênero de metal que a banda executa - o "power metal" - é um estilo tremendamente hermético, no qual é muito fácil cair na mesmice, no aborrecimento, na repetição pura e simples e na previsibilidade tediosa. Em Elysium, no entanto, o Stratovarius consegue ser ao mesmo tempo criativo, agradável, acessível e tecnicamente surpreendente. Ao mesmo tempo em que o álbum não chega ao nível dos antigos Visions ou Destiny, ele faz jus àquela sonoridade superior que ajudou a banda a se distinguir dos inúmeros outros nomes do gênero.

Todas as nove faixas são muito boas, mas se fosse para fazer algum destaque, seria difícil não mencionar a audaciosa faixa final, "Elysium", com seus 18 minutos de duração, a empolgante "Infernal Maze" (um dos muito momentos do álbum nos quais o guitarrista Matias Kupiainen mostra que tem talento suficiente para substituir Tolkki sem maiores prejuízos) e a faixa de abertura "Darkest Hour", que já impressiona na primeira audição.

Quem é fã do Stratovarius do final dos anos 90 pode ouvir Elysium sem medo: a saída de Timo Tolkki não apenas não arruinou o grupo como, ainda, fez a banda se reciclar, se renovar e apresentar um trabalho que é muito melhor do que os últimos três álbuns do qual Tolkki participou. Quem não conhece muito da discografia da banda mas gosta do gênero "metal melódico/power metal" também irá certamente curtir muito esse novo disco dos finlandeses. Recomendo!

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