segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

FAST FOOD


O atendente da lanchonete alcança a bandeja para o cliente e aproveita para dar uma olhada rápida na criatura. Alto, rosto redondo, visivelmente uns trinta quilos acima do peso, talvez mais. Um gordo. Gordo com pedigree.

- O senhor gostaria de batatas fritas para acompanhar?

- Ah, sim, vou querer fritas.

- Qual seria o tamanho da ...

- Porção grande.

- Correto, senhor. E gostaria de provar alguma de nossas sobremesas?

- Sim, vou querer o mousse de chocolate.

- Qual seria o t...

- Grande.

- Certo, senhor, e gostaria de seu hamburguer no formato Long-Dong-King-Size por apenas mais 99 centavos?

- Sim, o tamanho maior.

- E gostaria do acréscimo do nosso molho especial remolado sabor barbecue por apenas mais 50 centavos?

- Sim, pode botar.

Subitamente, o caixa fica imóvel por um momento, olhando em silêncio para o freguês. Então prossegue:

- Bem, e o que o senhor acha de uma porção extra de maionese?

- Claro, claro.

- E o que o senhor acha de eu ir lá dentro, abrir a caixa de gordura da cozinha e despejar quatro litros de banha pura em cima do seu hamburguer?

- Hmmm, parece ótimo!

- E se eu pegar todo o estoque de queijo da cozinha, derreter tudo e atirar por cima do seu lanche?

- Aham, sim, faça isso.

- E que tal se eu esfregasse o seu sanduíche nas costas suadas de um porco de fazenda?!? Ou melhor, o que o senhor acha de eu simplesmente colocar tudo o que há ali na cozinha dentro de um liquidificador, bater bem e despejar num balde para você comer?

- Pode ser, sim.

- Ah, claro, é claro que pode! Você se odeia, não é mesmo? Está tentando se matar e é covarde demais para recorrer a um revólver. Quer morrer e não sabe como, e então optou pela velha estratégia do infarto voluntário e planejado. Vem cá, cidadão, me diz uma coisa: por que você odeia o seu corpo? O que o coitado do seu coração fez para você estar envenenando-o deliberadamente com essa quantidade industrial de gordura saturada? Você é suicida, louco ou as duas coisas?!?

Depois desse breve desabafo, o atendente ficou parado por alguns segundos, perdido em seus próprios pensamentos.

- Ahn, com licença! - exclamou o freguês gordo.

- Ah, sim, pois não, eu estava distraído, me desculpe. Qual foi a última coisa que eu disse?

- Você me perguntou do molho barbecue, e eu vou querer.

- Claro, claro que sim, como não. E para beber, meu senhor?

- Pode ser uma Coca ...

- Certo.

- Coca LIGHT, por favor.

Um comentário:

Suzan Lee disse...

Hahahahah!!! Não rola nenhum "não, obrigado" nessas horas, não é mesmo?