segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SILENT HILL - O FILME


(Postado originalmente no antigo endereço da Cripta do Caveira em 08 de setembro de 2006)


Fui ver o novo filme baseado no clássico game SILENT HILL, idiotamente batizado de "TERROR EM SILENT HILL" aqui no Brasil. Típica tradução ridícula de nome de filme que costumam fazer por aqui. Como se pudesse haver outra coisa em Silent Hill! Poderia haver um "Humor em Silent Hill" ou "Bailão em Silent Hill"? Que tal um "Bingo em Silent Hill"?? Mas, se é preciso usar este tipo de artifício linguístico pueril para fazer as pessoas entenderem que se trata de um filme de terror, que podemos fazer senão lamentar por semelhante estado de coisas?

Mas voltemos ao filme.

Como adaptação de um game para as telas de cinema, SILENT HILL é, sem margem para dúvida, a melhor e mais fiel tentativa nesse sentido já feita até hoje. O filme capturou com perfeição o clima e a estética dos games da série, com uma precisão que nenhuma adaptação desse tipo já havia conseguido antes. Cenários, personagens e situações, em diversos momentos, parecem saídos diretamente de um Playstation-2 para a tela grande. A reconstituição da cidade que dá nome ao filme também foi feita com primor, e os veterenos dos games vão se sentir verdadeiramente em casa. O visual do filme é absurdamente fiel, nas mais diferentes situações, ao que se vê nos jogos, seja nas cenas cheias de névoa e cinzas, seja nas cenas infernais com cenários cujo tom mistura ferrugem com sangue seco, bem conhecida dos fãs dos games.

Mas nem tudo são flores nesse filme.

Se, como adaptação de um excelente jogo de videogame, o filme é quase perfeito, como filme de terror ele deixa a desejar em alguns aspectos. A trama se mostra um pouco rebuscada demais, algo "furada" para o que se espera de um filme, cuja linguagem simplesmente não é a mesma de um jogo de videogame. O personagem de Sean Bean é uma verdadeira nulidade, inútil para a história, e não poderia ser mais deslocado. Fica evidente que o personagem foi "enfiado" na história já escrita (o que depois foi confirmado pelo próprio diretor). O andamento do filme não tem sucesso em esclarecer de forma competente, para o espectador, a cronologia dos eventos que deram origem aos horrores que se vê na tela. A trama se mostra carente de objetividade e não consegue "atar as pontas" nem mesmo para quem já é veterano dos games da série. Imagine então para quem nunca ouviu falar de Silent Hill.

As mudanças que foram feitas na história também não se justificam. Embora o filme conte, basicamente, a históra do primeiro game da série Silent Hill, vários elementos foram modificados. Harry Mason, protagonista da história, foi substituído no filme pela personagem Rose. A garotinha Cherryl mudou de nome e virou Sharon. Dahlia - a bruxa doida e líder do culto satânico que causou os eventos em Silent Hill - virou uma pobre mendiga afetada a lamentar a morte da filha Alessa. O culto satânico virou uma congregação de protestantes caçadores de bruxas, que tenta matar Alessa para impedir que o mal viesse ao mundo, e não o contrário, como no game original.

Em outras palavras: foram feitas uma série de alterações pontuais na história que só serviram para torná-la MENOS consistente e eficiente. Por que mudaram essas coisas? Ah, meu amigo: só Deus sabe! Se tivessem contado a história do game original com a mesma fidelidade canina com a qual reproduziram a estética do mesmo, teríamos como resultado um filme BEM melhor!

De resto, SILENT HILL é sadicamente violento, assustador, sangrento e diabólico, garantindo com honras seu lugar entre os bons filmes de terror. Ver o Pyramid-Head e a vingança de Alessa na telona, podem acreditar, já vale o filme!

Assim, no quesito "adaptação de game para filme", dou ao filme nota 9,0.

No quesito "qualidade como bom filme de horror", dou nota 8,0.

Imperdível para os fãs dos jogos!

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