domingo, 19 de julho de 2009

ÁLBUM DA SEMANA: LADY GAGA - THE FAME (2009)


Que o Todo Poderoso Deus do Rock e do Metal me perdoe, mas o álbum da semana aqui da Cripta é uma coisa pop até dizer chega: o "debut" da comentadíssima Lady Gaga.

A falação em cima dessa garota é uma coisa de doido. Mal apareceu pro mundo e já foi capa da Rolling Stone nos EUA e aqui, já foi chamada de "nova Madonna", a toda semana é fotografada vestindo alguma coisa bizarra e por aí vai. Mas afora todo esse barulho, há algum mérito no som da guria? Buenas, a resposta é: SIM, porra, e como!

Embora a lenda diga que a cantora ganhou seu apelido por causa da clássica música do Queen "Radio Gaga", não existe quase nada de rock no som de Lady Gaga. Esse álbum de estréia dela, "The Fame", é puro pop contemporâneo, recheado de batidas eletrônicas e ritmos feitos sob medida para pistas de dança.

Mas há algo de diferente aqui, que dá a esse trabalho uma cara bem diferente do que se vê por aí sendo feito por artistas como Britney Spears, Christina Aguilera, Jennifer Lopez e semelhantes. Lady Gaga parece ter a intenção de misturar o pop/dance contemporâneo e dos anos 90 com o pop radiofônico dos anos 80, com aquela atitude "festiva" e "pra cima", o que resulta num som bem mais irreverente e divertido do que a média do pop contemporâneo, que geralmente se resume a choradeiras e gemedeiras arrastadas gravadas por cima de uma base drum n'bass paupérrima.

"The Fame" abre com Just Dance, o dance mais legal e arrasa-quarteirão que eu já ouvi na vida. Até eu - que sou uma mistura de Múmia com Monstro de Frankenstein, - poderia vir a me arriscar numa pista de dança se esse troço tocasse (se tivesse ingerido umas duas ou três cervejas antes, certamente ajudaria).

Na sequência vem Lovegame, mais previsível e menos interessante. A terceira faixa é Paparazzi, uma das melhores música do álbum, mais pop e menos dançante, provando que Gaga realmente tem seus méritos como vocalista. A música é grudentíssima, melodiosa e realmente interessante.

Beautiful Dirty Reach é outro momento dance do álbum sem maiores atrativos. Eh Eh (Nothing Else I Can Say) novamente deixa o dance de lado, sendo uma faixa bem pop radiofônico, e é mais uma demonstração de como a Lady Gaga faz um pop grudento sem cair na chatice arrastada que caracteriza a maior parte do que atualmente se ouve nesse estilo.

Poker Face é outra faixa totalmente dance do álbum, e provavelmente é a melhor música com esse perfil depois da faixa de abertura. Embora o clipe da música seja bastante chato (caracterizado pela mesmice e pelos clichês típicos desse lamentável lixo que é o pop dos dias atuais) é preciso reconhecer que a música em si é bem legal, grudenta até dizer chega. É mais uma música com a qual Lady Gaga coloca a concorrência no bolso.

A faixa seguinte é The Fame, que dá nome do álbum. Aqui, novamente, há uma alternância de estilo, saindo novamente o dance de cena pra dar lugar a um pop radiofônico bem embalado, acentuado por uns acordes incidentais de guitarra aqui e ali.

Money Honey é outro hit de pista de dança, divertida e contagiante, primando pela melodia.

Again Again é uma das surpresas do álbum, sendo basicamente uma baladona pop, bem voltada para os vocais, nada parecido com as várias faixas dançantes e eletrônicas do disco. Um dos destaques do álbum, sem dúvida, e provavelmente mais um som de Lady Gaga destinado a ganhar as rádios num futuro muito próximo.

Boys Boys Boys tem uns teclados oitentistas e um refrão bobo que remete ao pop daquela época, mas o resultado final é legal. Brown Eyes, por sua vez, é uma faixa meio chatinha e parada, um pouco murrinha, sem o bom andamento de "Again Again".

O álbum fecha com a surpreendente Summerboy, o único flerte de Lady Gaga com o Rock em todo álbum, e feito de forma extremamente competente. Aqui mais uma vez Gaga mostra um pouco de versatilidade e a faixa contribui para a diversidade do álbum, mostrando que a cantora também convence quando acompanhada por umas boas frases de guitarra. Sem dúvida, uma das melhores músicas do álbum, um pop-rock de primeira. Se essa faixa não ganhar as rádios, será um tremendo desperdício.

"The Fame" é, basicamente, um apanhado de 12 faixas de dance/pop. O que um fã incondicional de Rock como eu pode ter gostado no som da Lady Gaga, confesso, é um mistério até pra mim. Pode ter sido uma decorrência da morte do Michael Jackson, já que nas últimas três semanas eu venho ouvindo o pop do Mestre de forma recorrente e meus ouvidos podem ter ficado suscetíveis a outros sons do estilo. Pode ser por causa que Lady Gaga é uma tremenda gostosa, dona de uns pernões e de um conjunto coxas/bunda digno de uma latina. Mas o mais provável é que seja simplesmente agradável conferir um grande sucesso do pop internacional que contenha um pouco de diversão, irreverência e identidade, o que ao meu ver é muito mais do que se pode dizer das Britneys, Timberlakes, Aguileras, Lopez e assemelhados. Aliás, já é um mérito digno de nota o simples fato de a cantora dispensar completamente aqueles insuportáveis flertes "forçados" com o Rap, que infelizmente viraram uma espécie de item obrigatório no pop atual.

Enfim, Lady Gaga não é rock. Mas o Caveira recomenda - e que o Deus do Rock e do Metal possa me perdoar por esse deslize. :)

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