Confesso que já fui ver "Possessão" (The Possession) com um pé atrás, pois o cartaz anunciava que o filme é
produzido por Sam Raimi e já estou acostumado a ver grandes diretores
de horror colocando seus nomes na produção de películas abaixo da média.
Mas, para ser sincero, "Possessão" é um terror acima da média - não
muito, é verdade, mas acima.
A história é o feijão com arroz de sempre desse subgênero de horror: família disfuncional, homem de meia idade fazendo o máximo para cumprir bem o seu papel de pai (sem sucesso, é claro) e crianças confusas e entristecidas que, subitamente, são transformadas em alvo fácil para um espírito demoníacos que cruza em seu caminho. E haja exorcismo para tirar a entidade do couro da criança!
A direção é boa, as atuações são fortes e o filme até possui dois ou três momentos levemente assustadores. Mas,
no geral, é um filme genérico sobre o tema e fadado ao esquecimento.
O pior momento da película, sem sombra de dúvida, é o humor
involuntário causado pela cena na qual o maligno espírito é visto dentro
do corpo da pobre menininha inocente ... num exame de tomografia! Deu
vergonha alheia. Foi certamente uma das cenas mais involuntariamente
idiotas que eu já vi num filme em toda a minha vida, e evidencia que a
produção parece não ter se decidido entre assumir uma roupagem mais
séria e sisuda ou uma abordagem mais ao estilo anárquico e
semi-humorístico de Sam Raimi.

Já faz alguns anos que esse
filão derivado do clássico "O Exorcista" está na moda, mas a verdade é
que esse subgênero do cinema de horror não apenas não evoluiu nada desde
os anos 70 como - pior - jamais conseguiu chegar novamente no nível das
produções do gênero mais significativas daquela época ("The Amityville
Horror", "Rosemary's Baby" e, acima de qualquer outro, "The Exorcist").
Não adianta: quando o assunto é possessão de famílias disfuncionais por
espíritos malignos, os melhores filmes ainda são de 35 ou 40 anos
atrás. Ainda assim, para quem gosta de filmes de terror, "Possessão"
vale uma ida ao cinema.
Em tempo: a "história real" na qual o filme diz se basear é a história inventada por um maluco no Ebay, quando ele colocou à venda um objeto supostamente amaldiçoado. É claro que Sam Raimi e o diretor do filme juram de pé junto que acreditam na história e que morrem de medo dela. Aham, ok, a gente é bobo e acredita ...