domingo, 3 de abril de 2011

Seção Fundo do Baú: Gamma Ray em Porto Alegre (novembro de 2005)

(Comemorando o aniversário da Cripta, aqui vai, do fundo do baú, uma republicação do review do show do Gamma Ray em Porto Alegre em novembro de 2005):




Três meses depois do sensacional show do STRATOVARIUS, eis que mais um grande nome do heavy metal melódico mundial vem para Porto Alegre fazer show no Opinião. Estou falando do GAMMA RAY. Para quem não sabe, a banda foi criada por volta de 1990 por KAI HANSEN (atual vocalista e guitarrista da banda), que é um dos pais do estilo hoje conhecido por "Power Metal".

Kai foi membro da formação clássica da banda alemã HELLOWEEN, precursora do gênero e que definiu o estilo através dos dois memoráveis álbuns oitentistas "Keeper of the Seven Keys" I e II. Kai é o autor de 85% dos clássicos desses álbuns, incluindo composições seminais do estilo, como "I Want Out" e "Future World", entre outras.

Sem Kai e o Helloween, jamais teríamos hoje bandas como Stratovarius, Rhapsody, Sonata Arctica, Angra e afins.

Bem, mas o Gamma Ray já conta com quinze anos de estrada e uma penca de ótimos álbuns, e realmente foi só o que rolou no show (embora eu deva admitir que estava torcendo para rolar algum clássico dos Keepers, como "I Want Out"). Depois da boa abertura feita pela banda gaúcha Scelerata (que tem no vocal o Carl - velho conhecido aqui dos headbangers da região do Vale dos Sinos), o Gamma Ray entrou ovacionado pelo público maciço, que lotou o Opinião.

Depois da abertura com "Land of the Free", a primeira música a gerar um êxtase coletivo foi "Heaven Can Wait", que fez todo mundo balançar feito vara verde. Na sequência, veio um trio de canções do mais recente álbum da banda, Majestic: "My Temple", "Fight" e "Blood Religion", uma mais legal que a outra.

Novamente o Opinião veio abaixo com a execução de "Heavy Metal Universe", música já clássica da banda, egressa do álbum Powerplant, de 1999. Aliás, apesar da discografia inteira do Gamma Ray ser excelente, Powerplant continua sendo meu álbum favorito dos caras, além de ter sido o trabalho através do qual conheci e virei fã da banda, no ano de seu lançamento.

Veio ainda "One With the World", seguida por um ótimo solo de bateria de Dan Zimmermann, que foi devidamente celebrado pela galera presente. Depois disso, veio "Beyond the Black Hole" e a pegajosa (e quase rock n'roll) "New World Order", minha música predileta do álbum de mesmo nome, lançado em 2001.

A galera ainda delirou com a semi-balada "The Silence" (uma composição bem antiga da banda) e com a clássica "Rebellion in Dreamland", cantada em uníssono.

De bis, rolou a excelente "Valley of the Kings", música carimbada da banda, e outro clássico, "Somewhere Out in Space". Já tinha tudo pra ser um show perfeito, mas eis que o teclado começa a fazer os sons da introdução de "Send me a Sign", que é possivelmente a minha música favorita do Gamma Ray!!!

Mal pude acreditar, pois realmente não esperava que essa música estivesse no repertório. E pude conferir que não sou o único fã dessa música, pois o refrão foi cantado no último volume pelo público presente, mal sendo possível ouvir Kai Hansen nas entradas do refrão.

Apoteótico, pra infartar mesmo.

O que me deixou particularmente impressionado quanto ao show foi ver como Kai é um vocalista competente ao vivo. Não custa lembrar que ele sempre foi um guitarrista e compositor de mão cheia, mas só se tornou vocalista no terceiro álbum do Gamma Ray (o vocalista original era Ralph Scheepers, hoje no Iron Savior). Kai é, hoje, um vocalista excelente e sua performance ao vivo impressiona ainda mais do que nos álbuns de estúdio. Sinceramente, eu sempre tive a impressão de que ele enchia os vocais de efeitos nas gravações em estúdio, e agora vejo que estava enganado. O cara é fera MESMO, tem muito ataque e canta bem em tons bastante diversos.

A única reclamação é que o setlist teve apenas 14 músicas, com cerca de uma hora e meia de show. Mais três ou quatro músicas teriam sido uma ótima pedida, especialmente se incluissem mais músicas do Powerplant, como "Razorblade Sigh", "Anywhere in the Galaxy" ou "Short as Hell", ou ainda alguns clássicos do Helloween como "I Want Out" ou "Future World", pra matar a galara do coração de vez.

Ainda assim, é louvável ver que Hansen não é um desses artistas que vivem do passado. Sua carreira com o Gamma Ray está mais do que consolidada e ele não precisa se ancorar em nenhum clássico antigo do Helloween (nem mesmo naqueles escritos apenas por ele próprio) para fazer um grande show.

Além do mais, depois de ter ouvido "Send me a Sign" ao vivo, eu já estava mesmo com a sensação do dever mais do que cumprido. Um show perfeito, imperdível para os fãs do estilo.

Longa vida a Kai Hansen e ao Gamma Ray, e que não demorem para retornar para estes lados!


(Publicado originalmente na Cripta do Caveira em 29 de novembro de 2005)

Nenhum comentário: