domingo, 14 de novembro de 2010

O Caveira recomenda: CREEPSHOW (1982)

 
Acabo de rever CREEPSHOW (1982), dirigido por George Romero. Adoro a forma como ele e Stephen King juntaram forças nesse filme para homenagear os quadrinhos de horror da EC Comics dos anos 50, com todo aquele maquiavelismo estereotipado, os mortos-vivos que saem das sepulturas para se vingarem dos seus assassinos e as lições de moral que pautavam as reviravoltas, com personagens detestáveis encarando destinos horríveis nas mãos de monstruosidades diversas. Os quadrinhos da EC (cujo título "carro-chefe" era a célebre Tales From the Crypt), extremamente audaciosos para a época, influenciaram gerações de fãs de horror, incluindo evidentemente os próprios Romero e King, e Creepshow foi uma das homenagens mais legais que o cinema até hoje já fez àquelas velhas HQs.

Esse filme passou muito na TV ao longo dos anos, embora devo dizer que faz muitos anos que não o vejo mais passando (o que pode não significar muita coisa, dado o fato de que eu assisto pouquíssima televisão). Ele fez algum sucesso nas locadoras também, na época do VHS - e aqui vai novamente uma observação semelhante à anterior, pois não me recordo de já ter visto esse filme em DVD nas locadoras. 


De qualquer forma, se você ainda não viu, recomendo dar um jeito de conseguí-lo (se as locadoras não ajudarem, sempre há o último recurso de baixar o filme na internet). Mas não espere um filme realmente "assustador". O objetivo de King (que escreveu todos os roteiros das cinco histórias do filme) e de Romero era evidentemente reproduzir o estilo de horror característico dos quadrinhos cinquentistas, que eram extremamente violentos e perturbadores para a época, mas que naturalmente já eram batidos e ingênuos para os padrões dos anos 80. Não custa lembrar que, em 1982, as pessoas já tinham assistido Sexta-Feira 13, Alien, Halloween e O Exorcista, e portanto já estavam acostumadas com coisas bem piores do que aqueles roteiros de "reviravolta terrorífica-moralista" típica dos quadrinhos da EC.

Creepshow é um filme de terror "light", que acabou virando cult entre os fãs de arte de horror justamente devido à forma divertida como celebra alguns clichês do gênero. Além disso, o filme não apenas ajudou a formar novas gerações de fãs de terror (pois as histórias são suficientemente bem executadas para arruinar uma noite de sono de um garoto de dez anos de idade) como ainda celebra aquela "descoberta do terror" que a maioria dos fãs do gênero tem na infância (o filme começa com um menino, Billy - interpretado por Joe King, filho de Stephen King - que está lendo uma revistinha de histórias de terror chamada Creepshow quando o seu pai chatíssimo e careta arranca a revista do fedelho e joga ela no lixo).

O cúmulo da arte-imita-a-vida-que-imita-a-arte é que, depois do lançamento do filme, Creepshow acabou virando uma revista, em edição única, que trazia as cinco histórias do filme em quadrinhos. As ilustrações ficaram a cargo de Berni Wrightson, um desenhista aficcionado pelo gênero e bastante influenciado pelo estilo dos velhos quadrinhos da EC Comics. 


Enfim, tem mortos-vivos, monstros que devoram pessoas e até um silencioso anfitrião espectral que aparece de vez em quando (outra clara homenagem ao Crypt-Keeper e a outros monstrinhos menos célebres, que sempre introduziam as velhas histórias em quadrinhos). E, como se não bastasse, ainda é escrito por King e dirigido por Romero, o que é sinônimo de "imperdível". O Caveira recomenda! 

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