quinta-feira, 6 de maio de 2010

Você sabe o que é uma porcaria? REMAKES!


Imersa em uma falta de criatividade abissal, o cinema norte-americano, há quase uma década, vem se mostrando virtualmente incapaz de produzir alguma coisa decente que não seja oriunda de adaptações de outras mídias (quadrinhos, videogames, livros, etc). Aparentemente, todas as mentes visionárias foram para a televisão, cujas séries de maior qualidade hoje colocam Hollywood no chinelo em termos de argumento, criatividade e inovação. Quando muito, um filme consegue inovar por méritos tecnológicos, o que já é saudado como um sopro de ar fresco no marasmo vigente.


O que faz o pessoal do cinemão americano, então? Volta-se para o passado, com parasitária disposição de recriar, "rebootar" (o termo idiota da moda) e refazer tudo o que de inovador e criativo se fez nos anos 80. E aí começa o festival de remakes de filmes que sequer são velhos o suficiente para merecerem uma chupação oportunista revisão estética.

Nem todo remake é necessariamente um desastre. Existem dois bons motivos pra se fazer um remake: primeiro; quando o filme original, embora bom para sua época, tenha perdido muito em termos de argumento e efeitos visuais por causa da passagem das décadas. Segundo; quando o próprio filme original não foi lá tão bem executado, comportando uma reimaginação mais eficiente. Compare o excelente The Fly de 1986 com o clássico (porém ingênuo e cafona para os padrões atuais) filme original de 1958, e você verá um excelente exemplo de remake justificável. 


O problema é quando os produtores "intiligênti" de Hollywood começam a pensar em remakes de: a) filmes relativamente novos, de menos de três décadas atrás; b) filmes absolutamente perfeitos no original, que não podem ser melhorados em absolutamente nada.

Claro, algumas mentes do cinema americano são mais espertas do que outras, e conseguem ganhar dinheiro sem vilipendiar o patrimônio cultural do passado. O diretor Bryan Singer, de Superman Returns (2006), "canonizou" os excelentes e antológicos filmes Superman (1978) e Superman II (1980), fazendo de seu novo filme uma espécie de "nova continuação" desses dois clássicos. Com isso, ele enterrou somente os péssimos Superman III (1983) e Superman IV - The Quest for Peace (1987), com os quais ninguém se importa porque são umas merdas e que sempre foram considerados péssimos de qualquer jeito. Foi um belo jeito de reiniciar a franquia conciliando a mitologia do personagem com o natural desejo dos produtores de encher o rabo de dinheiro.


Outro filme que enveredou pelo mesmo caminho foi o novo Sexta-Feira 13, de 2009. Anunciando como um "reboot" da série, o filme na verdade toma como ponto de partida a película homônima de 1980, que é um filme de terror perfeito e irretocável, servindo na verdade como se fosse um novo "Sexta-Feira 13 Parte 2". Assim como em Superman Returns, respeita-se o material original que presta e se passa com uma patrola por cima das continuações ruins. O novo Star Trek de 2009 optou por um procedimento semelhante, embora de forma mais sofisticada, através de uma história que envolve viagens no tempo e realidades paralelas. Mas o mesmo cuidado foi observado.


Mas essas saídas inteligentes são exceções. Via de regra, o que domina em Hollywood é a burrice generalizada e o desejo cego de lucrar com qualquer bosta filminho fajuto. Por causa do sucesso da detestável e debilóide franquia Crepúsculo, já estão falando em um remake de A Hora do Espanto (1985), um filme elogiadíssimo e perfeito que mal tem vinte e cinco anos de existência. Vamos ser sinceros: será que há uma maneira de fazer esse filme MELHOR do que ele já é? Claro que essa intenção nem passa pela cabeça maníaca dos produtores, que só estão preocupados em vender uma franquia cujo nome já está presente no imaginário do público. Já falam até em mudar o tom do filme, para torná-lo mais palatável para os emoaborrescentes adolescentes fãs de Crepúsculo. Não dá vontade de vomitar?


Felizmente, Hollywood aparentemente enterrou o projeto de um remake para Fuga de Nova York (1981). Além de o filme ter um protagonista eternizado pela atuação de Kurt Russel, sendo impensável ver outro ator na pele do personagem, há ainda os problemas com as nuances da trama. Um eventual remake não poderia mostrar um avião sendo derrubado por terroristas na ilha de Manhattan, certo? Porra, mas essa é a PREMISSA do filme! Se a sensibilidade atual do povo americano não comporta mais coisas desse tipo, então NÃO FAÇA UM REMAKE! Como iriam mostrar a entrada do herói Snake Plissken na ilha-prisão de Manhattan, voando em um planador e aterrisando no topo do World Trade Center? Não dá, né? Então, deixe-se o filme em paz! Até porque ele tem uma mistura de ação, aventura, violência, humor e distopia social cujo equilibrio não é facilmente reproduzível. Com muita facilidade, um remake não passaria de uma paródia do original (problema, aliás, que ocorreu com a continuação Fuga de Los Angeles, de 1996).


Aparentemente, o mais recente fracasso nessa linha é o novo A Hora do Pesadelo. Em vez desses imbecis preservarem o magnífico filme original e "apagarem" as péssimas continuações da cronologia, eles optaram por começar tudo do zero, ignorando o primeiro filme. É realmente muita pretensão achar que Robert Englund poderia ser facilmente substituível como Freddy Krugger! É realmente muita pretensão achar que se poderia contar a história do assassino que ataca nos sonhos de modo mais eficiente, aterrorizante e climático do que o feito no filme original de 1984. Deu no que deu: segundo a crítica, o novo filme é abissalmente ruim. 


E a demência dessa gente não tem limites. Eles não perdoam nem os filmes recentes, como o aclamado terror sueco Let the Right One In, de 2008. O filme mal fez dois anos e Hollywood já está produzindo um remake! Aparentemente, os americanos não conseguem ver um filme com legendas e com pessoas falando uma língua diferente. Fico imaginando a qualidade desse pretenso remake. Quem viu o filme sabe que ele tem cenas de nudez infanto-juvenil frontal. Pergunto: vocês ACHAM que esse tipo de coisa seria admissível num filme americano? Alguém tem alguma dúvida que o filme será mutilado, censurado, picotado, estereotipado e imbecilizado para que o resultado seja palatável para aqueles acéfalos que acham que vampiro de verdade é o Edward Cullen? Hein, hein?


Conclusão: Hollywood, poupe nosso tempo! Não precisamos de remakes de Psicose, Blade Runner, A Hora do Pesadelo, A Hora do Espanto, De Volta Para o Futuro, Alien e nem de qualquer outra obra-prima dos últimos trinta anos. Também não precisamos de remakes de filmes excelentes de dois ou três anos atrás, apenas em virtude do "crime" de eles serem filmes espanhóis, franceses ou suecos. Se o filme não foi feito nos EUA, coloquem legendas em inglês! Não façam o filme de novo, apenas para  simplificá-lo, censurá-lo e deixá-lo desprovido de todas as suas qualidades originais. E vão cagar no mato antes que eu me esqueça!


2 comentários:

Suzan_Lee disse...

Não consegui ler a matéria, pois fiquei olhando pro Homem Mosca pelado. Hehehhehehehhe...

Anônimo disse...

Você sabe o que é uma porcaria?
O dono do Blog, e suas opiniões,muitas das vezes,totalmente,sem graças,desnecessárias e idiotas!!!!

Ass: Mike.