quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Caveira analisa: Michael Jackson - MICHAEL (2010)



No final de 2010, chegou às lojas de todo o mundo Michael, o aguardado primeiro álbum póstumo do Rei do Pop. A expectativa era grande, afinal de contas se trata da chance de ouvir material novo cantado pelo maior nome da música pop dos anos 80 (e de todos os tempos, como consequência lógica).

Vamos primeiro às boas notícias: o novo álbum possui várias músicas interessantes, agrada no geral e é mil vezes melhor do que Invincible, o último álbum de inéditas que Jackson lançou em vida. Agora as más notícias: o disco é bastante curto (são dez faixas e apenas 42 minutos de duração), algumas faixas são bem "mornas" (pra não dizer "pé no saco") e boa parte do material, no geral, deixa a impressão de que Jackson, se estivesse vivo, não se daria por satisfeito com o lançamento dessas faixas para o público. Ou seja, não dá pra escapar da sensação de que se está diante de um "catadão" superproduzido em estúdio, feito sob medida para raspar o baú do falecido músico e lucrar mais alguns trocados em cima dele.

O álbum abre com "Hold my Hand", gravada em parceria com o cantor Akon. A faixa rendeu o primeiro (e até agora único) videoclipe do disco, e é um pop radiofônico grudento, que funciona bem. Na sequência, a agitada "Hollywood Tonight" também surpreende positivamente. Na reta final do álbum, aparece a boa "Breaking News", em que Michael destila na letra todo o seu ressentimento com a mídia sensacionalista, que não cansava de expô-lo negativamente nos seus últimos anos de vida (é verdade que não sem motivos, por vezes).

"(I Can't Make It) Another Day" também surpeende, e é tranquilamente uma das músicas mais legais do disco, contando com a participação de Lenny Kravitz. Na sequência, a ótima "Behind the Mask" e a baladinha "Much Too Soon", que acaba funcionando mais em virtude de sua letra, que inevitavelmente sensibiliza o ouvinte ainda chocado com a morte do lendário Rei do Pop. No meio desses bons sons, aparecem umas coisas que oscilam entre o chato e o profundamente esquecível, como "Keep Your Head Up", "(I Like) The Way You Love Me", a razoável "Monster" (que agrada principalmente por ser mais uma incursão de Jackson na lírica estilo "filme de terror" que tanto sucesso fez na clássica música "Thriller" nos anos 80) e "Best of Joy".

Em resumo: Michael, o álbum, está anos-luz de distância atrás de clássicos como Thriller (1982), Bad (1987) e Dangerous (1991) em termos de qualidade e importância. Mas considerando que, em vida, Jackson chegou a lançar coisas como o fraquinho HIStory (1995) e o péssimo Invincible (2001), não dá pra dizer que esse lançamento póstumo chega a macular a discografia do artista, apesar da genuína dúvida que fica a respeito se ele teria aprovado esse álbum do jeito como ele acabou sendo lançado.

Me parece que a principal questão sobre esse disco póstumo é: ele serve para aplacar a saudade do Rei do Pop? Para mim, a resposta é positiva.

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