quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Caveira resenha: O MANIPULADOR, de John Grisham (2012)



"O Manipulador" (The Racketeer, 2012) é o 10º livro de John Grisham que leio desde que me tornei fã da obra dele, em 1999, por intermédio do ótimo "O Advogado". 

Grisham, como quem conhece sua obra sabe, não faz literatura com grande profundidade e trabalha quase sempre dentro de uma certa fórmula padronizada. O autor também não é um grande desenvolvedor de personagens. Mas não pense que é por nada que Grisham reina absoluto na área dos thrillers jurídicos há mais de vinte anos (tendo jogado para escanteio o precursor Scott Turow). O autor é incrivelmente talentoso para contar histórias num ritmo hipnotizante, com uma narrativa ágil e que mantém o leitor preso página após página. É literatura "fast food" de entretenimento, ninguém discute. Mas é da melhor qualidade.

Sem dar maiores spoilers, o livro conta a história de Malcolm Bannister, um ex-advogado afro-americano que ingenuamente se meteu com um cliente sujo e acabou indo parar na cadeia. Mas o seu drama pessoal está com os dias contados quando os Estados Unidos são surpreendidos pelo incomum assassinato de um juiz federal. O FBI começa a fazer de tudo para encontrar o assassino, e Bannister é a única pessoa que sabe a identidade do criminoso. Como o esperto ex-advogado sabe disso? Quem é o assassino? O que Bannister realmente quer para revelar a verdade? Bem ... leia e descubra! :)

Apesar de o livro ser bem recente, já estão em andamento planos para um filme baseado na obra. Até o momento, comenta-se que Denzel Washington seria o favorito para viver Malcolm Bannister no cinema. Particularmente, acho que a história daria um excelente filme! Vamos aguardar ...

Não vou dar nenhum spoiler do livro, mas fica a dica.

O Caveira resenha: JOBS (2013)



Ah, Steve Jobs! O homem que foi um dos pioneiros da revolução do microcomputador pessoal nos anos 1970 e 1980! O criador daquela que é provavelmente a mais emblemática empresa de tecnologia de todos os tempos. O sujeito que, depois de dez anos nos bastidores, voltou à cena, tirou a Apple do vermelho e a transformou novamente numa empresa líder. O pai espiritual do Apple II, do Mac, do iPod, do iPhone e do iPad. Como seria possível fazer um filme medíocre tendo como personagem um sujeito desses?

Bom, o pior é que o diretor Joshua Michael Stern conseguiu!
 
Jobs é muito, muito decepcionante! Curiosamente, aquilo que mais deixou todo mundo em dúvida quando o filme estava sendo produzido (a saber: a escolha do limitadíssimo Ashton Kutcher para o papel principal) acabou se mostrando uma surpresa positiva. A atuação de Kutcher não é nada digno de indicação ao Oscar, mas ele encarna Jobs com competência. 

 
O problema é que o filme deixa a desejar em todo o resto, com um andamento completamente perdido e uma narrativa sem direção que sai do nada para lugar algum. O filme se limita a fazer um recorte de alguns momentos chave da vida de Jobs e contar a história dele dos primeiros dias da Apple até o seu afastamento da empresa, no final dos anos 1980. 


Toda a vida de Jobs nos anos 1990 e 2000, incluindo o seu retorno à Apple e a "ressurreição" da empresa (uma das maiores reviravoltas da história do capitalismo), está praticamente ausente da narrativa do filme. Não, não dá para entender. E mesmo a parte da vida de Jobs na qual o filme se concentra com mais atenção é mostrada de forma muito inferior ao que se viu no filme Pirates of Silicon Valley (1999), que dá de dez a zero em Jobs. 


É irônico que a breve e insípida história do fundador do Facebook tenha rendido um dos melhores filmes dos últimos anos (The Social Network), ao passo que a história de Jobs na indústria de tecnologia - mil vezes mais extraordinária - tenha sido transformada em um filminho tão esquecível, que mais parece uma burocrática produção feita para a televisão.

Merece uma conferida, mas mantenha suas expectativas num patamar reduzido.
 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Resenha: IRON MAIDEN - RUN TO THE HILLS - A BIOGRAFIA AUTORIZADA (Mick Wall)



Do mesmo autor da bibliografia do Metallica publicada aqui no país pela Editora Globo (clique aqui para ler a resenha do Caveira), o renomado autor de biografias musicais Mick Wall ataca agora com este Iron Maiden - Run to the Hills, contando a história de outra das maiores bandas do heavy metal mundial em todos os tempos.

Devidamente autorizada pela banda (e contando até com um curto prefácio do líder do Maiden, Steve Harris), a biografia conta a história desta lenda do metal desde os primórdios, com os primeiros projetos musicais de Harris na adolescência, até a tour de divulgação do álbum "Dance of Death" de 2003. Trata-se de uma leitura fácil e agradabilíssima para os fãs da banda (não gosta de Iron Maiden? Então clique aqui!), e o que não falta são boas histórias, dada a grandiosidade da longa e rica história do Iron.

Certamente não por coincidência, este livro padece de alguns problemas semelhantes à já referida biografia do Metallica, os quais eu já tinha apontado na resenha desta. Isso evidencia que o problema não estava naquela obra, mas sim no estilo de Wall. Trata-se do seguinte: assim como na biografia do Metallica, também neste livro sobre o Maiden o autor concentra a maior parte do "fôlego" da obra nos primórdios do grupo, contando de forma sumária, "corrida" e menos detalhada a história da banda dos anos 1990 em diante.

Exemplifico: o livro tem 390 páginas. Nada menos do que 261 são gastas para contar a história da banda no período de 13 anos entre 1975 e 1988. Os outros 15 anos da banda (1988-2003) ficaram espremidos nas 129 páginas restantes, das quais 51 são utilizadas para contar o período entre 2000 e 2003.

Resultado: toda a rica história do Iron Maiden nos anos 1990 (a entrada de Janick Gers, o álbum "No Prayer for the Dying", o aclamado álbum "Fear of the Dark", o lançamento de três álbuns ao vivo e da primeira coletânea da história da banda, a polêmica saída de Bruce Dickinson, os cinco anos da "Era Blaze Bayley", os eventos que levaram ao retorno de Bruce e Adrian Smith à banda, etc) são condensados em míseras 78 páginas.

Ou seja: é bem provável que você descubra fatos novos e fascinantes sobre a primeira década do Maiden. Mas, se você já é fã do grupo há algum tempo e tem razoável conhecimento sobre a história da banda, provavelmente vai dar de cara com pouca (ou nenhuma) novidade sobre a história da banda nos anos 90. Uma pena. Aparentemente, este é um defeito sistemático nas biografias de autoria de Wall, que não consegue manter o mesmo fôlego informativo (e de pesquisa) nos estágios mais avançados das bandas cujas histórias resolve contar.

De qualquer forma, estas falhas pontuais não mudam o fato de que Run to the Hills é uma ótima e imperdível leitura para os fãs do Maiden, e a história que o livro conta torna mais fácil de entender as razões que levaram o projeto do jovem e determinado Harris a se tornar um dos maiores ícones da história do heavy metal de todos os tempos. Não deixe de conferir! 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Caveira analisa: MEGADETH - SUPER COLLIDER (2013)



Poucas bandas clássicas de heavy metal e hard rock envelheceram tão bem quanto o Megadeth. O bom e velho Dave Mustaine basicamente vem nos presenteando, de forma muito generosa, com um novo e ótimo álbum da banda a cada dois anos. Foi assim com "United Abominations" (2007), "Endgame" (2009) e "Thirteen" (2011). Mas eis que chegou a vez do novo álbum, "Super Collider", lançado no ano passado. E daí a coisa desandou: foi a primeira vez, desde 1999, que a crítica e os fãs caíram maciçamente de pau em cima de um álbum do Megadeth.

Há quinze anos atrás, o então recém-lançado álbum "Risk" decepcionou os fãs porque o disco simplesmente não soava como Megadeth. É questão de gosto: alguns fãs acham que as bandas têm o direito de inovar, experimentar e se aventurar por novos sons. Outros acham que uma banda sólida deve permitir que o fã de longa data já adivinhe o que irá ouvir só olhando para a capa do novo disco, e que as bandas devem ser fieis aquilo que se identifica como sendo a "sua sonoridade".

Particularmente, acho que existem grandes exemplos, na história do rock, de bandas que adotaram as duas diferentes posturas. Grandes bandas, como AC/DC, Ramones e Iron Maiden jamais se afastaram em demasia da sonoridade e do estilo que as celebrizaram. Outras, como Led Zeppelin e Metallica, muitas vezes foram criticadas por sua diversidade.

Entrei nesse mérito para dizer que, na época, o criticado álbum "Risk" de fato podia não soar como nada que o Megadeth tivesse feito antes. Mas não era, de forma alguma, um disco ruim. Basta ouvir músicas como "Insomnia", "Seven" e a excelente balada "Breadline" (uma das melhores que o Megadeth já fez até hoje) para verificar isso. "Risk" podia ser rejeitado por "não ser Megadeth", mas não por ser um disco ruim. As composições fortes estavam lá.

Infelizmente, dessa vez, o mesmo não se verifica com "Super Collider". Novamente, assim como em "Risk", Mustaine claramente tenta trazer um sopro de ar fresco para a discografia da banda, fugindo do thrash/heavy metal mais óbvio dos excelentes três álbuns anteriores. A vontade de surpreender, arriscar e não ser previsível se faz evidente. Mas dessa vez, ao contrário do que aconteceu em "Risk", a falta de composições de peso é gritante. Tirando o trabalho vocal de Mustaine, que está muito bom, todo o resto parece excessivamente apressado e pouco elaborado.

As composições são imediatamente esquecíveis, planas e pouco desenvolvidas. Tanto isso é verdade que, quando surge "Dance in the Rain" (disparado, a melhor música do álbum), já na metade final do disco, o ouvinte é tomado de surpresa e, na comparação com esta ótima música, percebe o quão insosso é todo o resto do material. "Kingmaker", "Burn", "Beginning of Sorrow" e o cover de Thin Lizzy ("Cold Sweat") propiciam outros bons momentos para o ouvinte, mas é muito pouco destaque para o total de 45 minutos de música.

Em resumo, "Super Collider" não é nenhum desastre, e não irá de forma alguma prejudicar a reputação da banda. Fãs de longa data (e com a cabeça mais aberta) podem ouvir sem medo e irão, inclusive, encontrar alguns bons momentos no disco. Ainda assim, dentro da extensa e excelente discografia do Megadeth, "Super Collider" provavelmente é um dos discos mais fracos e dispensáveis já lançados pela banda até hoje.

De qualquer forma, os fãs do Megadeth não precisam se preocupar. Apesar da rejeição da crítica e dos fãs mais tradicionais, o álbum está indo muito bem comercialmente (ficou em 6º na lista da Billboard 200, a melhor posição da banda em 20 anos!) e Mustaine já anunciou oficialmente que haverá um novo álbum em 2015. O que interessa é que o Megadeth está firme e forte, pois todo mundo dá uns escorregões de vez em quando. "Super Collider", de fato, é fraquinho. Mas não é nenhuma tragédia e vale, sim, uma conferida.

Que fim levou o Caveira?!?



ONZE MESES sem postagens! Um recorde! Dessa vez, certamente muita gente achou que o Caveira tinha batido as botas e ido da terra dos mortos para a terra dos ... ahn, errr, hmmm ... dos MAIS mortos.

Mas não se preocupem, queridos amigos cripteiros! Vaso ruim e O Caveira não quebram! Estamos de volta com a nossa programação normal e, em 2014, o nosso lúgubre barco do terror voltará a navegar em águas escuras, sombrias e sinistras!

Vou ali pegar uma vassoura e um balde d'água para dar uma geral aqui na Cripta, reacender as velas e tochas e em questão de minutos estaremos 100% operacionais novamente.

Sejam bem-vindos de volta, corpos & almas!


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Trio - Da Da Da


Muita sensualidade e uma incrível performance instrumental (só que não ...) nesse clipe hilário! 


O Caveira Comenta: PARA ROMA COM AMOR (2012)


 

Com algum atraso, finalmente vi To Rome with Love (Para Roma com Amor), o mais recente filme de Woody Allen, lançado no ano passado. Assim como em sua obra anterior (o magnífico Midnight in Paris), neste novo filme o diretor promove uma mistura irresistível de surrealismo com romantismo.

A sensibilidade de Allen para tratar das agruras sentimentais e desencontros amorosos das pessoas é sem paralelos no cinema mainstream contemporâneo. O diretor trabalha, com atmosfera e poesia, aquilo que o cinema atual basicamente só consegue abordar na forma de pura comédia ou dramalhão. 




As quatro diferentes tramas da história alternam surrealismo, alguma dose de crítica social e frequentes alívios cômicos, mas certamente a história que envolve os personagens de Jesse Eisenberg, Alec Baldwin e Ellen Page é a mais emblemática de todas. Os debates de Eisenberg e Baldwin representam alguns dos melhores momentos do filme. Toda essa subtrama é simplesmente um deleite para o espectador, uma daquelas coisas que talvez só Allen seja capaz de nos oferecer.

Com suas múltiplas histórias e vasto elenco, To Rome With Love não é um filme perfeito como Midnight in Paris, mas tem o DNA de Woody Allen do começo ao fim e é um sopro de ar fresco nesses tempos em que o cinemão hollywoodiano parece produzir pouco além de películas instantaneamente esquecíveis, marcadas por duas horas de explosões em 3D e uso excessivo de computação gráfica.

Ah, e é divertido demais ver Benigni atuando num filme de Allen ...



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Filmes que são uma desgraça: MASTERS OF THE UNIVERSE (1987)



Munido de muita coragem, recentemente me forcei a rever Masters of the Universe (1987), o tenebroso filme do He-Man estrelado por Dolph Lundgren. É uma querida memória da infância (vi o filme no cinema aos seis anos de idade), mas é inegável o fato de que o filme é ruim de doer. Nunca o achei grande coisa, mas especialmente sob um olhar crítico adulto, o filme se torna ainda mais intragável.


É uma pena, pois várias ideias até que foram bem executadas (como o personagem Gwildor e a perfeita escalação tanto de Lundgren quanto de Frank Langella para viver o vilão Esqueleto). No final das contas, acho que o que faltou nesta bomba foi orçamento mesmo. O filme é de uma pobreza franciscana e a ideia de trazer He-Man para a Terra mais parece um jeito de economizar uns trocados do que uma "boa sacada" narrativa. 

"Por favor, me tirem de dentro desse filme!"


O filme é um desastre. Quem já viu sabe. Quem ainda não viu, está perdendo uma hora e meia de muitas risadas. É tanta coisa que fica até difícil saber por onde começar! Dolph Lundgren desfila seminu durante todo o filme, sendo que sua indumentária mais parece um biquini, e a película consegue a proeza de fazer o personagem parecer ainda mais gay do que no desenho animado original. Langella faz o que pode na pele (ou seria nos ossos?) do Esqueleto, mas infelizmente ele não pode estar na tela o tempo todo e o filme perde muito em cada cena em que ele se faz ausente. 

 He-man sendo açoitado no bumbum. Lembra disso no desenho animado? Eu também não ...


As partes do filme ambientadas em Eternia garantem algum interesse, mas como 95% do filme se passa nas ruas de uma pequena e desinteressante cidade do interior dos EUA, é desnecessário dizer que os raros bons momentos são simplesmente insuficientes para salvar o filme como um todo. De novo, a ausência de orçamento se faz evidente: se era para o Esqueleto e seus exércitos invadirem a Terra, por que não o fazer em grande estilo, surgindo de forma grandiosa no meio de Paris, Nova York ou - que diabos - até do Rio de Janeiro? "Coincidentemente", os personagens vêm parar no meio de uma locação pequena e barata. Tá certo ...

 "Y-M-C-A, it's fun to stay at the Y-M-C-A ..."

Uma curiosidade: alguém já reparou como o "super" Esqueleto do final do filme é incrivelmente semelhante ao vilão Lassic, do clássico game Phantasy Star do Master System? Considerando que o filme saiu em agosto de 1987 e que o jogo foi lançado no Japão em dezembro do mesmo ano, estou convencido de que a Sega "chupou" o visual do Esqueleto visto no filme para usá-lo na caracterização de Lassic. 



Se isso for mesmo verdade, pelo menos essa fracassada, espinafrada e esquecível película teve o mérito de exercer alguma influência estética sobre um dos RPGs mais aclamados de todos os tempos. Se um dia me sobrar um tempo, ainda vou tirar essa história a limpo! Por enquanto, fica o mistério ...

Review: O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954)

 

Fiquei muito impressionado ao constatar o quanto "O Monstro da Lagoa Negra" (Creature From the Black Lagoon, 1954, dirigido por Jack Arnold) é um filme bom para os padrões de sua época! O design da criatura é sensacional, imagino que as cenas de "closes" no monstro devem ter tirado o sono de muita gente nos anos 50. Além disso, as cenas subaquáticas são de uma qualidade incrível para a época, e toda a ambientação no geral é excelente.

O filme se passa no interior da floresta amazônica brasileira e, embora obviamente as filmagens não tenham passado nem perto do nosso país, pelo menos eles se deram ao trabalho de colocar nomes em português em personagens secundários, no barco e no instituto no qual os protagonistas trabalham (é mais do que eu poderia esperar de um filme americano dos anos 50).

 "Rola um beijinho?"

No geral, é um filme de terror bastante eficiente. Imagino que tenha sido considerado aterrorizante quando foi lançado, e a verdade é que a obra envelheceu muito bem. Na verdade, este é um filme que merece ser visto não apenas pelos fãs do gênero mas também por qualquer cinéfilo, dada a relevância histórica do filme.

Impossível falar sobre este velho clássico de horror sem mencionar a cena da Julia Adams de maiô branco, a imagem mais icônica do filme depois do monstro em si. Muitos adolescentes dos 50s, depois de terem visto esse filme, devem ter ido para casa com um confuso sentimento misto de horror e excitação!



Eu tenho a tese de que toda história de monstro que se "apaixona" (explícita ou implicitamente) pela mocinha bonita é, em última instância, uma reedição do amor platônico do King Kong pela personagem de Fay Wray. Isso vale pro Gil-Man do "Monstro da Lagoa Negra", para todos aqueles robôs com donzelas nos braços dos filmes de ficção científica dos anos 50 e até para vilões de videogame como Donkey Kong e Bowser Koopa. Mas tenho perfeita consciência de que a minha tese tem alcanço temporal limitado: no fundo, o próprio King Kong, de certa forma, reconta o drama do clássico conto de fadas da "Bela e a Fera", que tem no mínimo quatro séculos ...

Ok, chega de divagações. Fica a dica: dê um jeito de ver "O Monstro da Lagoa Negra" e divirta-se!





terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2013



Credo, já estamos em 15 de janeiro e eu ainda não escrevi a Mensagem de Ano-Novo da Cripta do Caveira! Meu Deus, como o tempo voa! Bom, mas não vamos mais perder tempo então ...

Os frequentadores de longa data da Cripta sabem que a Mensagem de Ano-Novo é uma consolidada tradição aqui no blog, pelo menos, desde os idos de 2006 ou época próxima. Gosto de aproveitar esse período do ano para pensar rapidamente sobre o ano que foi pro saco e sobre o que podemos esperar do novo ano que começa.

Alguém pode dizer "ah, mas essa coisa de Ano-Novo é um convencionalismo banal, é burocracia de calendário, apenas mascara a natural sucessão dos dias, que é sempre a mesma, etc, etc, blablablá". Peço licença para discordar.

O tempo, entendido enquanto experiência vivida por nós humanos, tem absolutamente tudo a ver com a forma com a qual nós o percebemos, experimentamos, vivenciamos e interpretamos. Para esta questão em particular, para a nossa percepção, para os sentimentos que orientam nossas vidas, pouco importam as leis físicas do tempo. A maneira como nós percebemos o tempo (e a passagem dele) e nos situamos dentro de seu decurso é, efetivamente, aquilo que o tempo realmente é para a experiência do existir humano.

Tá, eu sei, peguei um assunto interessante e fiz o troço virar uma coisa chata. Quero dizer, fiquei mais chato do que o normal. Vamos fechar esse raciocínio então. Não vou tomar seu tempo dizendo que descobri que um ano é, simplesmente, um período de tempo muito curto. Não, eu descobri isso há anos e já falei sobre isso na mensagem de 2009 (http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2009/01/breves-anos.html). Também não vou me estender na ideia de que, apesar de toda essa euforia tecnológica em que vivemos, o "futuro" em que estamos deixou muito a desejar em relação ao futuro com o qual sonhávamos há vinte anos atrás - também já falei disso, na mensagem de 2010 (http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2010/01/mensagem-de-ano-novo-do-caveira.html).

Acho que, se há alguma coisa que fica de lição pra mim da experiência de vida de 2012, ela pode ser resumida na seguinte ideia: a felicidade tem a ver com nós estarmos permanentemente apaixonados. Ei, calma aí, não me entenda mal: não estou sugerindo que você saia por aí passando cantadas em todas as mulheres ou homens que encontrar pela frente. Não estou nem sequer falando de paixão romântica. Acho, nesta altura do campeonato, que uma vida feliz e bem vivida requer um permanente e renovado sentimento de paixão por projetos, iniciativas criativas, manifestações artísticas, ideias, filmes, livros, música, lugares - e, é claro, também por pessoas. Não precisam ser muitas. Uma aqui e outra ali, de vez em quando, já está de bom tamanho.

Stephen King tem um conto do qual eu gosto muito, sobre um vendedor que viaja bastante por longas estradas e, como passatempo, anota num caderninho as frases mais legais que encontra em banheiros pelos bares, restaurantes e lugares pelos quais passa. Até o dia em que ele encontra, em um banheiro, uma frase sucinta mas poderosa, que o faz pensar sobre a sua vida e para onde ela se encaminha. A frase é: "Tudo o que você ama lhe será arrebatado".

Não há nada de novo nisso, na verdade. Trata-se de uma nova roupagem para o velho e sábio apelo à consciência da própria mortalidade. Os escolásticos medievais carregavam consigo uma caveira e cumprimentavam-se uns aos outros com a frase "Memento Mori", que significa "lembre-se de que você vai morrer".

Parece meio mórbido, mas eu pergunto: será que mórbido, de verdade, não é esse tabu insano que a nossa sociedade cria em torno da morte? Mórbido, de verdade, não é ver tantas pessoas vivendo como se fossem durar para sempre - ou viver milhares de anos? Mórbido não é esse fingimento psicótico de que a morte é um "infortúnio" do qual temos boas chances de escapar? Será que ter consciência, de forma madura e racional, da natureza da vida e da morte não é uma postura mais sábia e apta a nos permitir a adoção de uma ética individual mais adequada a nos conduzir à felicidade?

Vivenciar e aproveitar o momento. Lembrar que a chama se extingue em poucos anos. Viver apaixonado. Ninguém me perguntou, mas eu acho que é por aí.

Um Feliz 2013 para todos vocês, corpos & almas!



MENSAGEM DE ANO-NOVO 2012: http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2012/01/mensagem-de-ano-novo-2012.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2011: http://caveirascrypt.blogspot.com/2011/01/mensagem-de-ano-novo-2011.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2010: http://caveirascrypt.blogspot.com/2010/01/mensagem-de-ano-novo-do-caveira.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2009:  http://caveirascrypt.blogspot.com/2009/01/breves-anos.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2008: http://caveirascrypt.blogspot.com/2008/11/recapitulando-2008.html

sábado, 24 de novembro de 2012

Misfits Cover - show no Abbey Road (Novo Hamburgo, 04/11/2012)


Segue abaixo uma série de vídeos e fotos do show que eu e os demais garotos perdidos da Misfits Cover fizemos no bar Abbey Road, em Novo Hamburgo, no último dia 04 de novembro - abrindo para a banda holandesa Antillectual
 

Saturday Night




Kong at the Gates + Forbidden Zone




Halloween




Skulls



















Bônus!
Aí vai também um vídeo do show da Misfits Cover no Pop Cult, em Novo Hamburgo, em outubro de 2011!





Bônus - parte 2!

A banda toda "xunta e rêunida", em HD, tocando Saturday Night no estúdio!  :)




Bônus - parte 3!

O que acontece quando o vocalista não vai no ensaio? Simples: o guitarrista/backing vocal toma conta do microfone. Confira aí algumas músicas do setlist sendo devidamente assassinadas comigo nos vocais hehehe! = : )


Saturday Night



Forbidden Zone



The Haunting



 Astro Zombies



Dig Up Her Bones




Last Caress





I Turned into a Martian




Horror Business




domingo, 11 de novembro de 2012

Review: SKYFALL (2012)


É fato: Skyfall, o novo filme do 007, é muito divertido. No entanto, está longe de ser perfeito e evidentemente não faz jus às críticas exageradamente positivas que o filme tem recebido da imprensa européia (que tem chegado ao cúmulo de chamar esse filme de "o melhor James Bond de todos os tempos"!).

O roteiro é sofrível, o ritmo é irregular e o melhor do filme acaba sendo o tom de auto-homenagem da cinessérie (quase auto-paródia, em alguns momentos),
que irá agradar muito os fãs dos filmes mais antigos (confesso que adorei as várias referências) mas que certamente não comoverá o público mais jovem ou menos familiarizado com o histórico de filmes de Bond.


O destaque absoluto vai para Javier Bardem, que interpreta o flamboiante e afetado vilão Raoul Silva, talvez o inimigo mais incoerente e inverossímil que 007 já enfrentou até hoje, mas que se torna impagável graças ao imenso talento do ator. 
 
(Atenção: este e os próximos parágrafos contém pequenos spoilers!!!) O roteiro, como já referi, é danado - chega a ser inverossímil até mesmo para os padrões da série. Basta apontar que o vilão, apesar de ser um dos mais perigosos cyber-terroristas do mundo, ex-agente do MI6 e um criminoso de periculosidade inconcebível, capaz de fazer qualquer coisa imaginável, não tem outro objetivo no filme além de choramingar na frente da "M". Não dá pra dizer nem que o objetivo dele é matar ela, pois ele tem dezenas de oportunidades de fazê-lo no filme e não faz.

Outro ponto inacreditável da trama é que Bond, querendo proteger M, bota ela num carro e ambos vão, sozinhos, para uma zona rural no absoluto meio do nada. Lá, serão apenas Bond, M e um velho caseiro decrépito enfrentando um exército de soldados do vilão - além do próprio, é claro. Se esse não é o "plano de proteção" mais ridículo e inverossímil da história do cinema, então eu não sei de mais nada. A intenção explícita e manifesta do filme, a todo momento, é destacar a dicotomia "new ways - meio urbano - alta tecnologia" versus "old ways - deserto rural - primitivismo", mas convenhamos: dava para fazer isso através de uma narrativa menos absurda.
 

O filme também tem alguns problemas graves de ritmo. No meio da projeção, quase parece que o espectador está vendo um clone de The Dark Knight, tamanho é o caos na tela e a sensação de que o vilão é onipresente e controla tudo o que acontece. De repente, não mais do que absolutamente de repente, o filme vira uma viagem bucólica ao meio do nada, em busca das raízes e do passado de James Bond. Particularmente, eu me senti como se estivesse no meio de um passeio de montanha russa e a luz do parque tivesse sido desligada subitamente. Embora ambas as abordagens (ação maníaca e frenética e retorno contemplativo às raízes do protagonista) sejam interessantes, precisaria haver um mínimo de transição entre uma e outra.

Apropriadamente, Skyfall coloca para descansar a personagem de Judi Dench (que está há dezesseis anos - e sete filmes - na série) e sinaliza o possível fim da "Era Daniel Craig" na pele do espião mais famoso do cinema.

Skyfall, no final das contas, se sustenta através da confissão explícita de que a fórmula da série está esgotada e de que é anacrônica sob muitos aspectos. Funciona, mas coloca uma interrogação sobre o futuro da série: ou ela se reinventa novamente, ou cai num ostracismo decorrente de sua agora confessada fórmula surrada e esgotada. Talvez nós fiquemos sem ver um novo filme de James Bond por alguns anos, e é provável que seja melhor dessa forma.

Review: THE POSSESSION (2012)



Confesso que já fui ver "Possessão" (The Possession) com um pé atrás, pois o cartaz anunciava que o filme é produzido por Sam Raimi e já estou acostumado a ver grandes diretores de horror colocando seus nomes na produção de películas abaixo da média. Mas, para ser sincero, "Possessão" é um terror acima da média - não muito, é verdade, mas acima.

A história é o feijão com arroz de sempre desse subgênero de horror: família disfuncional, homem de meia idade fazendo o máximo para cumprir bem o seu papel de pai (sem sucesso, é claro) e crianças confusas e entristecidas que, subitamente, são transformadas em alvo fácil para um espírito demoníacos que cruza em seu caminho. E haja exorcismo para tirar a entidade do couro da criança!

A direção é boa, as atuações são fortes
e o filme até possui dois ou três momentos levemente assustadores. Mas, no geral, é um filme genérico sobre o tema e fadado ao esquecimento.

O pior momento da película, sem sombra de dúvida, é o humor involuntário causado pela cena na qual o maligno espírito é visto dentro do corpo da pobre menininha inocente ... num exame de tomografia! Deu vergonha alheia. Foi certamente uma das cenas mais involuntariamente idiotas que eu já vi num filme em toda a minha vida, e evidencia que a produção parece não ter se decidido entre assumir uma roupagem mais séria e sisuda ou uma abordagem mais ao estilo anárquico e semi-humorístico de Sam Raimi.
 

Já faz alguns anos que esse filão derivado do clássico "O Exorcista" está na moda, mas a verdade é que esse subgênero do cinema de horror não apenas não evoluiu nada desde os anos 70 como - pior - jamais conseguiu chegar novamente no nível das produções do gênero mais significativas daquela época ("The Amityville Horror", "Rosemary's Baby" e, acima de qualquer outro, "The Exorcist").

Não adianta: quando o assunto é possessão de famílias disfuncionais por espíritos malignos, os melhores filmes ainda são de 35 ou 40 anos atrás. Ainda assim, para quem gosta de filmes de terror, "Possessão" vale uma ida ao cinema.
 
Em tempo: a "história real" na qual o filme diz se basear é a história inventada por um maluco no Ebay, quando ele colocou à venda um objeto supostamente amaldiçoado. É claro que Sam Raimi e o diretor do filme juram de pé junto que acreditam na história e que morrem de medo dela. Aham, ok, a gente é bobo e acredita ...

domingo, 23 de setembro de 2012

BAY OF BLOOD (Reazione a Catena) - 1971



Como fã de filmes de horror, há muitos anos tenho lido que "Bay of Blood" (1971), dirigido pelo fantástico Mario Bava (o pai do cinema de horror italiano), foi uma das maiores influências do clássico "Friday the 13th" (1980), que originou a franquia de "slasher movies" mais famosa e icônica de todos os tempos. Mas eu nunca poderia imaginar que as semelhanças entre o filme de Bava e o popular "Sexta-Feira 13" eram tão grandes assim. 


Agora que finalmente vi Bay of Blood, percebo que Friday the 13th é quase uma reimaginação da produção italiana. Toda a concepção do camping "Crystal Lake", a atmosfera e a ambientação de Friday the 13th foi diretamente copiada do filme de Bava, assim como o enfoque gráfico nos sangrentos assassinatos. A influência é tanta que a continuação "Friday the 13th Part 2" (1981) chega a copiar, quadro por quadro, duas cenas de morte do filme italiano. 
Ah, e sabe aquele velho clichê da turminha de adolescentes libidinosos e festeiros que se dirigem inocentemente até um local isolado, flertam uns com os outros, ficam sem roupa e/ou transam e depois são brutalmente assassinados de maneiras cada vez mais horrendas? Pois é, foi Bay of Blood que criou a moda...

Para quem curte o gênero, Bay of Blood é mais do que imperdível. Embora isso seja objeto de discussão, para mim ele é o primeiro verdadeiro slasher movie nos termos em que nós entendemos esse subgênero hoje.


O roteiro é uma sandice completamente absurda, e faz o roteiro do primeiro Sexta-Feira 13 parecer um texto shakespeariano. Mas o que vale é o visual e a violência plástica do filme. Não se trata de uma exceção à regra, já que o cinema de horror italiano tem o costume de privilegiar a intensidade visual em detrimento da linha narrativa.

Uma curiosidade: Bay of Blood faz menção a eventos ocorridos num dia 13 de fevereiro, e ao longo do filme ocorrem 13 assassinatos. Será coincidência que a imitação americana de 1980 se chame "Sexta-Feira 13"?


Para quem quiser ver o filme, fica a dica: ele é difícil de achar (eu só consegui vê-lo em inglês sem legendas) e deve ser o filme com o maior número de títulos alternativos de todos os tempos. Só na Itália, o filme teve três nomes diferentes ao longo dos anos: "Ecologia del delitto" (o original), "Reazione a Catena" (o mais comum) e "Bahia di Sangre" (o último). Nos EUA, foi lançado como "Carnage" e depois rebatizado de "Twitch of the Death Nerve", que em termos gerais é o nome mais conhecido do filme tanto nos EUA quanto internacionalmente. Também é conhecido como "Bay of Blood" (ou "A Bay of Blood"), que é o nome pelo qual eu sempre ouvi falar dele. Outros nomes alternativos do filme são "Last House on the Left – Part II" e "New House on the Left", que deixam clara a intenção de fazer uma associação forçada, equivocada e descabida do filme de Bava com o clássico "Last House on the Left" de Wes Craven.

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

MISFITS - show completo em Minneapolis (1997)





Sensacional show completo do MISFITS, na tour do álbum American Psycho em 11/11/1997.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

MEUS VIZINHOS SÃO UM TERROR (The Burbs) - 1989




The Burbs (conhecido por aqui como "Meus Vizinhos são um Terror") é uma comédia de horror que eu conheci há uns vinte anos atrás, quando aluguei o filme em VHS para ver em algum ponto indeterminado do começo da década de 90.

Nele, Tom Hanks interpreta Ray Peterson, o típico cara de classe média de subúrbio americano. Morando numa grande e bela casa numa rua interiorana daquelas em que você conhece todos os vizinhos e onde todo mundo sabe tudo sobre a sua vida, ele está tirando uma semana de folga do trabalho. 


Infelizmente, suas pequenas férias são interrompidas pelo mistério dos novos vizinhos da casa ao lado da sua, os sinistros Klopeks, que nunca são vistos à luz do dia e que possuem alguns hábitos bastante perturbadores - como cavar buracos no pátio no meio da madrugada. 

Estimulado por dois outros vizinhos - o gordo chato Art e o neurótico veterano do Vietnã Rumsfield, Ray acaba caindo de cabeça na obsessão de descobrir a verdade sobre os novos vizinhos.


Destaque para Corey Feldman (o "Bocão" dos Goonies), então com 18 anos, no papel do inoportuno Ricky, bem como para Carrie Fisher (a eterna Princesa Léia) interpretando a esposa de Ray.

The Burbs é dirigido por Joe Dante, diretor do popular Gremlins (1984), da continuação Gremlins 2 (1990) e dos clássicos de horror Piranha (1978) e The Howling (1981). Apesar disso, o filme é muito mais uma comédia do que um filme de terror, mas tem seus momentos de suspense suave. Confesso que, na infância, eu o achava razoavelmente assustador. Mas isso não quer dizer, porque naquela época eu achava basicamente qualquer coisa assustadora.


A boa notícia é que você não vai precisar dar uma de arqueólogo e ficar horas cavocando na internet para conseguir achar esse filme: ele está disponível no acervo do Netflix, com legendas e em alta definição. Fica a dica.