quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Caveira analisa: MEGADETH - SUPER COLLIDER (2013)



Poucas bandas clássicas de heavy metal e hard rock envelheceram tão bem quanto o Megadeth. O bom e velho Dave Mustaine basicamente vem nos presenteando, de forma muito generosa, com um novo e ótimo álbum da banda a cada dois anos. Foi assim com "United Abominations" (2007), "Endgame" (2009) e "Thirteen" (2011). Mas eis que chegou a vez do novo álbum, "Super Collider", lançado no ano passado. E daí a coisa desandou: foi a primeira vez, desde 1999, que a crítica e os fãs caíram maciçamente de pau em cima de um álbum do Megadeth.

Há quinze anos atrás, o então recém-lançado álbum "Risk" decepcionou os fãs porque o disco simplesmente não soava como Megadeth. É questão de gosto: alguns fãs acham que as bandas têm o direito de inovar, experimentar e se aventurar por novos sons. Outros acham que uma banda sólida deve permitir que o fã de longa data já adivinhe o que irá ouvir só olhando para a capa do novo disco, e que as bandas devem ser fieis aquilo que se identifica como sendo a "sua sonoridade".

Particularmente, acho que existem grandes exemplos, na história do rock, de bandas que adotaram as duas diferentes posturas. Grandes bandas, como AC/DC, Ramones e Iron Maiden jamais se afastaram em demasia da sonoridade e do estilo que as celebrizaram. Outras, como Led Zeppelin e Metallica, muitas vezes foram criticadas por sua diversidade.

Entrei nesse mérito para dizer que, na época, o criticado álbum "Risk" de fato podia não soar como nada que o Megadeth tivesse feito antes. Mas não era, de forma alguma, um disco ruim. Basta ouvir músicas como "Insomnia", "Seven" e a excelente balada "Breadline" (uma das melhores que o Megadeth já fez até hoje) para verificar isso. "Risk" podia ser rejeitado por "não ser Megadeth", mas não por ser um disco ruim. As composições fortes estavam lá.

Infelizmente, dessa vez, o mesmo não se verifica com "Super Collider". Novamente, assim como em "Risk", Mustaine claramente tenta trazer um sopro de ar fresco para a discografia da banda, fugindo do thrash/heavy metal mais óbvio dos excelentes três álbuns anteriores. A vontade de surpreender, arriscar e não ser previsível se faz evidente. Mas dessa vez, ao contrário do que aconteceu em "Risk", a falta de composições de peso é gritante. Tirando o trabalho vocal de Mustaine, que está muito bom, todo o resto parece excessivamente apressado e pouco elaborado.

As composições são imediatamente esquecíveis, planas e pouco desenvolvidas. Tanto isso é verdade que, quando surge "Dance in the Rain" (disparado, a melhor música do álbum), já na metade final do disco, o ouvinte é tomado de surpresa e, na comparação com esta ótima música, percebe o quão insosso é todo o resto do material. "Kingmaker", "Burn", "Beginning of Sorrow" e o cover de Thin Lizzy ("Cold Sweat") propiciam outros bons momentos para o ouvinte, mas é muito pouco destaque para o total de 45 minutos de música.

Em resumo, "Super Collider" não é nenhum desastre, e não irá de forma alguma prejudicar a reputação da banda. Fãs de longa data (e com a cabeça mais aberta) podem ouvir sem medo e irão, inclusive, encontrar alguns bons momentos no disco. Ainda assim, dentro da extensa e excelente discografia do Megadeth, "Super Collider" provavelmente é um dos discos mais fracos e dispensáveis já lançados pela banda até hoje.

De qualquer forma, os fãs do Megadeth não precisam se preocupar. Apesar da rejeição da crítica e dos fãs mais tradicionais, o álbum está indo muito bem comercialmente (ficou em 6º na lista da Billboard 200, a melhor posição da banda em 20 anos!) e Mustaine já anunciou oficialmente que haverá um novo álbum em 2015. O que interessa é que o Megadeth está firme e forte, pois todo mundo dá uns escorregões de vez em quando. "Super Collider", de fato, é fraquinho. Mas não é nenhuma tragédia e vale, sim, uma conferida.

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