"Tomorrowland" (2015) é cinema pop de ficção-científica da melhor
qualidade. Tem todas as virtudes de um bom sci-fi: a mensagem é, a um só
tempo, de alerta, de questionamento e de otimismo pró-ativo.
Há uma
clara crítica a este sentimento generalizado de desesperança cínica
fatalista, tão na moda nos dias atuais. A recepção que o filme teve só
endossa a precisão do diagnóstico. A produção mal se pagou nas
bilheterias e teve uma recepção, por parte da crítica, que oscilou entre
frieza e agressividade. No mesmo ano, uma distopia futurista rasa e sem
conteúdo como "Mad Max - Fury Road", que é basicamente duas horas de
espetáculo visual e malabarismo com veículos, foi recebida por crítica e
público como se fosse uma obra-prima.
O filme tem seus defeitos e algumas cenas
desnecessariamente bobas, e o sempre sensacional Hugh Laurie poderia ter
sido melhor aproveitado (o discurso que ele dá, perto do final do
filme, é o ponto alto da coisa toda). Mas obviamente a película não
merece a recepção indiferente que teve. Não chega a ser algo anormal. Veja-se, por exemplo, o caso de
"Blade Runner" (1982), meu filme favorito de todos os tempos, passou
meio despercebido na época de seu lançamento e precisou de uma década
para se tornar a cultuada e reverenciada obra-prima que hoje todos
aplaudem de pé.
Nos dias atuais, até filme do
Superman, para vingar nas bilheterias, precisa ser sombrio, deprimente e
desesperançoso. É triste ver que o espírito da nossa época é tão
particularmente preguiçoso, niilista e abjeto, e "Tomorrowland" já é
digno de atenção pelo simples fato de criticar isso em uma grande
produção pop hollywoodiana.
O Caveira recomenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário