sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Caveira analisa: "Tomorrowland" (2015)

 

"Tomorrowland" (2015) é cinema pop de ficção-científica da melhor qualidade. Tem todas as virtudes de um bom sci-fi: a mensagem é, a um só tempo, de alerta, de questionamento e de otimismo pró-ativo. 

Há uma clara crítica a este sentimento generalizado de desesperança cínica fatalista, tão na moda nos dias atuais. A recepção que o filme teve só endossa a precisão do diagnóstico. A produção mal se pagou nas bilheterias e teve uma recepção, por parte da crítica, que oscilou entre frieza e agressividade. No mesmo ano, uma distopia futurista rasa e sem conteúdo como "Mad Max - Fury Road", que é basicamente duas horas de espetáculo visual e malabarismo com veículos, foi recebida por crítica e público como se fosse uma obra-prima. 

O filme tem seus defeitos e algumas cenas desnecessariamente bobas, e o sempre sensacional Hugh Laurie poderia ter sido melhor aproveitado (o discurso que ele dá, perto do final do filme, é o ponto alto da coisa toda). Mas obviamente a película não merece a recepção indiferente que teve. Não chega a ser algo anormal. Veja-se, por exemplo, o caso de "Blade Runner" (1982), meu filme favorito de todos os tempos, passou meio despercebido na época de seu lançamento e precisou de uma década para se tornar a cultuada e reverenciada obra-prima que hoje todos aplaudem de pé.

Nos dias atuais, até filme do Superman, para vingar nas bilheterias, precisa ser sombrio, deprimente e desesperançoso. É triste ver que o espírito da nossa época é tão particularmente preguiçoso, niilista e abjeto, e "Tomorrowland" já é digno de atenção pelo simples fato de criticar isso em uma grande produção pop hollywoodiana. 

O Caveira recomenda.

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