quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O Caveira analisa: "Poltergeist" (2015)




Remakes de filmes excelentes são sempre vistos com grande desconfiança pelos fãs dos originais.

Com razão.

No mais das vezes, existem poucas motivações artísticas para recriar filmes que são considerados clássicos e que gozam de duradouro prestígio entre crítica e público. Por trás dos remakes, geralmente não existe nada além do desejo de fazer dinheiro explorando o bom nome de alguma grande produção do passado.

Não é diferente com este "Poltergeist" de 2015. Completamente desnecessário, ele não acrescenta absolutamente nada ao filme original (nem às suas sequências) em termos narrativos. Da mesma forma, o remake opta por uma fórmula acomodada e desprovida de criatividade e ousadia. Não espere um filme paradigmático dentro do gênero do horror, como foi a película original de 1982 dirigida pelo grande mestre Tobe Hooper.

Este novo "Poltergeist" é descartável e imediatamente esquecível. Mais preocupado com o público médio dos cinemas do que com fãs de cinema de horror, ele apresenta doses tão moderadas de sustos e elementos do gênero que, na maior parte do tempo, quase dá para esquecer que é um filme de horror. Parece mais um drama leve com pitadas cômicas e uma diversidade de elementos sobrenaturais. Não há atmosfera, não há inovação e não há uma atriz mirim maravilhosamente marcante como era o caso de Heather O'Rourke e sua inesquecível personagem Carol Anne (aliás, diga-se de passagem, ausente neste remake - ela foi substituída por outra personagem similar, mas que não tem nem 10% do sinistro carisma da antecessora).

Apesar de tudo isso, o remake está muito longe de ser um desastre. A direção é firme e competente, o ritmo é adequado, o respeito ao material original é evidente e o filme deixa bastante clara a sua completa ausência de qualquer pretensão de "reinventar" a obra original. É um remake acomodado, despretensioso e que espertamente mostra, em algumas cenas, que não se leva a sério demais. Merece uma conferida, desde que o espectador não espere do filme mais do que ele é: uma reimaginação modernizada e descompromissada do clássico de 1982, sem a menor intenção ou condições de ser um marco equivalente ao que foi o original.

Na minha opinião, o verdadeiro "Poltergeist" do cinema contemporâneo ainda é o excelente "Insidious", de 2011. Comparado com ele, este remake do velho "Poltergeist" mais parece um passeio de trem-fantasma voltado para um público infantil entre cinco a oito anos de idade.

Mas a fórmula de "terror light familiar" adotada pelo remake, aparentemente, atendeu aos desejos comerciais dos produtores: com um custo de US$ 35 milhões, o novo "Poltergeist" faturou nada menos do que US$ 95 milhões ao redor do mundo - um feito digno de nota para uma produção do gênero.

Enfim, não é um filme que vai marcar a vida de ninguém, mas rende uma hora e meia de relativa diversão. Vale à pena, até porque em poucos anos o remake irá fatalmente cair no buraco negro do esquecimento, ao mesmo tempo em que continuaremos falando com entusiasmo, pelas décadas vindouras, sobre o memorável filme original de 1982.

O Caveira recomenda - mas sem muito entusiasmo.

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