Remakes de filmes excelentes são sempre vistos com grande desconfiança
pelos fãs dos originais.
Com razão.
No mais das vezes, existem poucas
motivações artísticas para recriar filmes que são considerados clássicos
e que gozam de duradouro prestígio entre crítica e público. Por trás
dos remakes, geralmente não existe nada além do desejo de fazer dinheiro
explorando o bom nome de alguma grande produção do passado.
Não é
diferente com este "Poltergeist" de 2015. Completamente desnecessário,
ele não acrescenta absolutamente nada ao filme original (nem às suas
sequências) em termos narrativos. Da mesma forma, o remake opta por uma
fórmula acomodada e desprovida de criatividade e ousadia. Não espere um
filme paradigmático dentro do gênero do horror, como foi a película
original de 1982 dirigida pelo grande mestre Tobe Hooper.
Este novo
"Poltergeist" é descartável e imediatamente esquecível. Mais preocupado
com o público médio dos cinemas do que com fãs de cinema de horror, ele
apresenta doses tão moderadas de sustos e elementos do gênero que, na
maior parte do tempo, quase dá para esquecer que é um filme de horror.
Parece mais um drama leve com pitadas cômicas e uma diversidade de
elementos sobrenaturais. Não há atmosfera, não há inovação e não há uma
atriz mirim maravilhosamente marcante como era o caso de Heather
O'Rourke e sua inesquecível personagem Carol Anne (aliás, diga-se de
passagem, ausente neste remake - ela foi substituída por outra
personagem similar, mas que não tem nem 10% do sinistro carisma da
antecessora).
Apesar de tudo isso, o remake está muito longe de ser um
desastre. A direção é firme e competente, o ritmo é adequado, o respeito
ao material original é evidente e o filme deixa bastante clara a sua
completa ausência de qualquer pretensão de "reinventar" a obra original.
É um remake acomodado, despretensioso e que espertamente mostra, em
algumas cenas, que não se leva a sério demais. Merece uma conferida,
desde que o espectador não espere do filme mais do que ele é: uma
reimaginação modernizada e descompromissada do clássico de 1982, sem a
menor intenção ou condições de ser um marco equivalente ao que foi o
original.
Na minha opinião, o verdadeiro "Poltergeist" do cinema
contemporâneo ainda é o excelente "Insidious", de 2011. Comparado com
ele, este remake do velho "Poltergeist" mais parece um passeio de
trem-fantasma voltado para um público infantil entre cinco a oito anos
de idade.
Mas a fórmula de "terror light familiar" adotada pelo remake,
aparentemente, atendeu aos desejos comerciais dos produtores: com um
custo de US$ 35 milhões, o novo "Poltergeist" faturou nada menos do que
US$ 95 milhões ao redor do mundo - um feito digno de nota para uma
produção do gênero.
Enfim, não é um filme que vai marcar a vida de
ninguém, mas rende uma hora e meia de relativa diversão. Vale à pena,
até porque em poucos anos o remake irá fatalmente cair no buraco negro
do esquecimento, ao mesmo tempo em que continuaremos falando com
entusiasmo, pelas décadas vindouras, sobre o memorável filme original de
1982.
O Caveira recomenda - mas sem muito entusiasmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário