quarta-feira, 17 de agosto de 2011

SEMANA WOODY ALLEN - Quatro em um!



E aqui vamos nós para mais uma etapa da nossa Semana Woody Allen - que, como vocês já devem ter percebido, já está se estendendo ao longo de duas semanas. Mas aqui na Cripta é assim mesmo, tudo anda em passo de morto-vivo. Ré, ré, ré ... "cripta", "morto-vivo", sacou? É, bom, deixa pra lá!

Dessa vez, nós vamos analisar nada menos do que quatro filmes de Allen numa sentada só. Todos são filmes que ele dirigiu entre o final dos anos 90 e começo dos 2000, uma época na qual o diretor emplacou uma sucessão de fracassos de bilheteria. É claro que isso não quer dizer muita coisa, pois Allen não é um diretor de cinemão comercial, mas a verdade é que vários destes filmes estão longe de figurar entre as melhores obras do diretor.

Sim, nem todo filme dirigido por Woody Allen é uma obra-prima maravilhosa, irretocável e acima de qualquer possibilidade de crítica. Mas é importante ter uma coisa em mente: mesmo os filmes "ruins" do diretor são muito melhores do que a maior parte do cinema hollywoodiano médio, e Allen NUNCA chega a dirigir um filme REALMENTE ruim, o que já o coloca num patamar bem acima do cinemão comercial ao qual estamos todos acostumados, e que - com irritante frequência - produz filmes monstruosamente ruins, verdadeiras bombas, daquelas que fazem a pessoa sair do cinema querendo o dinheiro do ingresso de volta.

Bem, mas vamos aos filmes de Allen! Em ordem cronológica, pra coisa não ficar tão bagunçada.


CELEBRITY, de 1998, gira em torno dos conflitos de meia-idade de um romancista mau sucedido chamado Lee Simon, que se divorcia de sua esposa depois de 16 anos de casamento. O filme acompanha os altos e baixos dos diferentes caminhos que Lee e sua ex-mulher Robin trilham após o fim da relação.

O filme é estrelado por Kenneth Branagh, que é quem encarna o alter-ego de Allen dessa vez. Aliás, Branagh - ao contrário de outros filmes do diretor, nos quais essa transposição é feita de maneira mais sutil - escancara esse fato nesse filme, imitando ostensivamente os maneirismos corporais e vocais de Allen, praticamente como se estivesse interpretando Allen. A crítica foi um pouco dura quanto a isso, mas eu particularmente achei divertido (sou fã de Branagh e ver ele encarnando o típico personagem de Allen me agradou bastante). 

O filme tem um elenco estelar, contando com participações de Winona Ryder, Leonardo DiCaprio, Melanie Griffith, Charlize Theron, Joe Mantegna e Famke Janssen. Isso, no entanto, não salvou o filme de um mau resultado nas bilheterias e de críticas pesadas. Para ser sincero, dos quatro filmes dos quais falarei aqui, esse foi o que eu mais gostei. Ele é levemente decepcionante no final das contas, mas muito divertido no geral. Recomendo.



SMALL TIME CROOKS, lançado em 2000, recebeu críticas melhores e foi um relativo sucesso de bilheteria (foi a melhor bilheteria de Allen nos EUA entre Crimes and Misdemeanors, de 1989, e Match Point, de 2005). Mas, sinceramente, achei o filme bem inferior a Celebrity. Small Time Crooks é uma comédia mais óbvia e direta, que conta a história de um casal de pobretões que resolve abrir uma loja de cookies como fachada para realizar um assalto a um banco que fica no prédio ao lado. No entanto, tudo vira de pernas pro ar quando o casal rapidamente fica milionário em virtude do sucesso dos cookies que vendem.

A premissa do filme é divertida e, para mim, é sempre um prazer ver o Woody Allen ator, do qual gosto tanto quanto do Allen diretor. Mas o filme, a meu ver, perde um pouco o ritmo da metade em diante, e fica devendo um pouco no geral. Ainda assim, os diversos bons momentos cômicos são mais do que suficientes para que o filme seja recomendável.



HOLLYWOOD ENDING, lançado em 2002, foi mais um filme que não deu certo nas bilheterias e que foi espinafrado pela crítica. Infelizmente, é preciso dar o braço a torcer aos críticos, pois - apesar da divertida premissa - o filme padece de alguns defeitos bastante sérios. Ele acaba sendo desnecessariamente longo e carente de objetividade, e tem pelo menos uns 20 minutos (provavelmente mais) de cenas que deveriam ter sido cortadas da edição final, e que contribuem para o filme ficar arrastado e sem ritmo.

Uma pena, pois a história é ótima: Allen interpreta um decadente diretor que, apesar de sua fama de temperamental e pouco confiável, é chamado para dirigir uma grande produção hollywoodiana. Envolto em conflitos artísticos e pessoais, ele simplesmente fica cego de uma hora para a outra às vésperas de começar as filmagens, e precisa encontrar uma forma de levar o projeto adiante sem que ninguém descubra o seu "pequeno" segredo. Apesar do ponto de partida interessante e de uma série de bons e divertidos momentos, o filme se perde num amontoado de cenas desnecessárias e alongadas e num andamento um pouco aborrecido. Mas insisto: é um filme "ruim" para os padrões de Allen, e não para os padrões cinematrográficos atuais. Ou seja, vale à pena conferir, sem pensar duas vezes.



Essa etapa da nossa Semana Woody Allen se encerra com SCOOP, lançado em 2006. Foi o primeiro filme dirigido por Allen depois do grande sucesso de Match Point (um filme que muita gente considera o melhor de toda a vasta filmografia do diretor - e ele mesmo já reconheceu que há bastante fundamento para se pensar dessa forma). Na trama, a sempre deslumbrante Scarlett Johansson intepreta Sondra Pransky, uma estudante americana de jornalismo que vai a um show do mágico Splendini (Allen) e, no meio de um dos truques, acaba fazendo contato com o fantasma de Joe Strombel, um repórter investigativo recentemente falecido e que, no além, conseguiu informações a respeito do Assassino do Tarô, um serial-killer que está aterrorizando Londres.

Scoop tem muitas coisas boas, como diversas boas cenas cômicas (principalmente as que envolvem as aparições de Strombel) e a divertida química de Allen com Johansson. Mas o fato bruto é que o filme, no geral, deixa muito a desejar, e - para os padrões de Allen - é muito, mas muito fraco MESMO! É uma comédia que começa bem, se desenvolve meio sem jeito e caminha previsivelmente para um final constrangedoramente aborrecido. É, meus amigos: quem disse que os gênios também não mijam fora do penico de vez em quando?

É isso por enquanto, corpos e almas! A Semana Woody Allen segue, fiquem de olho.


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