segunda-feira, 10 de novembro de 2008

REM em Porto Alegre! Grande banda, grande show!

Ainda me recordo como me tornei fã do REM. Em algum período entre 1996 e 1997, eu estava revendo, em VHS, o filme INDEPENDENCE DAY, que na época era um recente blockbuster hollywoodiano. O filme tinha uma historinha ridícula até dizer chega, mais furada que cueca de mendigo, mas era divertido e se destacava pelos efeitos visuais impressionantes para a época.

Bom, acontece que logo no começo do filme, quando uns cientistas estão matando tempo jogando mini-golfe num telescópio, pouco antes de detectarem os primeiros sinais das naves alienígenas, eis que a música de fundo que os personagens estão ouvindo me pareceu bastante interessante, além de irônica, pois dizia claramente "it's the end of the world as we know it", o que em síntese é um resumo do roteiro do filme.

Sanei minha curiosidade dando uma olhada nos créditos finais do filme, e vi que a música se chamava precisamente "It's the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)", tocada por uma banda que nunca tinha chamado minha atenção: REM.

Fui em algumas lojas de discos, mas nunca conseguia descobrir de qual disco essa música era (lembrem-se que o ano era 1996 ou 1997, eu ainda nem tinha Internet em casa!). Até que um dia eu achei o álbum, numa locadora de discos (céus, isso ainda existe?) de Porto Alegre chamada CD Express. O álbum era "Document", lançado em 1987. Aluguei o CD e gravei ele inteiro numa fita K7 em casa (pensando nisso hoje em dia, parece que faz cem anos, e não apenas dez). E até hoje "Document" é o meu álbum favorito do REM.

Curti muito o álbum, tanto que "The One I Love", clássico da banda presente nesse álbum, foi a primeira música que aprendi a tocar no violão quando eu estava aprendendo meus primeiros acordes, mais ou menos nessa mesma época. E, como é natural, em seguida acabei caindo no álbum mais comercialmente bem sucedido do grupo, "Out of Time".

Depois, no último ano do segundo grau na escola, lembro de ter curtido a música "Daysleeper", então um lançamento do disco mais recente dos caras até então, "Up" de 1998. E curti muito também o "Reveal" de 2001, sendo que posteriormente vim a conhecer melhor outros álbuns mais antigos, especialmente o excelente "Automatic for the People", de 1992.

Bom, mas disco vai e disco vem, a verdade é que sou fã do REM há mais de dez anos. Diante disso, não pude perder o show dos caras, que surpreendentemente resolveram dar as caras em Porto Alegre, e o fizeram num show sensacional.

O setlist foi muito bom e muito generoso, com nada menos do que 25 (sim, VINTE E CINCO) músicas em duas horas de show. Numa época em que muito artistinha "teen" por aí faz shows de uma hora ou um pouco mais, é sempre bacana ver uma banda de veteranos tocando ao vivo por duas horas a fio. Todas as "confirmadas" deram as caras, incluindo as clássicas "Drive", "The One I Love", "Everybody Hurts" e "Losing My Religion", passando por músicas mais recentes mas que já se tornaram clássicos também, como "Imitation of Life" (de 2001) e incluindo as músicas que abrem o excelente último álbum dos caras, "Accelerate". Desse álbum, os caras abriram com a ótima "Living Well is the Best Revenge" e depois tocaram ainda "Man Sized Wreath", "Hollow Man" e "Supernatural Superserious".

Para minha alegria, o álbum "Document" foi bem lembrado, inclusive com a presença inesperada de "Disturbance at the Heron House" (jamais esperaria ouvir essa faixa ao vivo), além da minha preferência pessoal "It's the End of the World as We Know It" e da já referida "The One I Love".

"Man on the Moon" foi a música que fechou o show. É uma das minhas músicas favoritas da banda e confesso que, naquela altura, eu já estava com medo de que não iriam tocá-la.

Algumas pessoas reclamaram do som. Confesso que, quando entrei no estádio, ainda estava tocando a banda de abertura Nenhum de Nós, e o som dos caras estava excelente. Quando o REM entrou, o som estava nitidamente pior do que o da banda de abertura, inquestionavelmente mal regulado mesmo. Mas entre a segunda e terceira música tive a impressão de que os problemas estavam resolvidos, e o som estava muito bom de onde eu estava, sentadão lá na arquibancada no fundo.

Ainda sobre a banda, não dá pra deixar de observar que Michael Stipe é um assombro ao vivo. O careca magrelo tem uma voz fenomenal e se vê que ele não recorre a nenhum recurso especial em estúdio, pois sua performance não fica devendo nada para o que se ouve nos discos.

E cabe registrar a alegria da banda - formada por Democratas de longa data - com a eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA. Stipe falou várias vezes de seu contentamento, e de que aquele era o primeiro show que estavam fazendo após a confirmação da notícia. Imagens de Obama apareceram nos telões também. Um fã levou para o show um cartaz com os dizeres "We Are Obama Too", e Stipe pediu, no meio do show, pro cara alcançar o cartaz para ele, que o exibiu de cima do palco para todo mundo. Memorável.

O show foi bastante calmo, ainda mais para um sujeito como eu, acostumado com o público de shows de heavy metal. Achei até que o pessoal conhecia pouco do som da banda, reservando uma resposta mais visceral apenas nos hits tremendamente conhecidos, como "Imitation of Life" e outros som mais antigos. De qualquer forma, a alegria era geral e a escolha do estádio do São José se provou boa, pois o local é realmente bom para shows, com acesso fácil e tranquilo, sendo provável que venha a receber mais bandas no futuro próximo.

O REM é uma das melhores bandas de rock da atualidade. Eu descobri isso há mais de dez anos, era verdade naquela época e continua sendo agora, em 2008, fato que este histórico show de Porto Alegre só veio a confirmar.

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