Ridiculamente empolgante, absurdamente divertido e absolutamente
apaixonante com o seu humor assumidamente ultraexagerado e nonsense, o
curta sueco "Kung Fury" (2015) é um triunfo sob qualquer aspecto
passível de análise.
É um sucesso no seu sistema de financiamento
independente (o filme arrecadou US$ 630.000 no Kickstarter), é um
sucesso como realização independente e um sucesso como apaixonada carta
de amor aos fãs da estética e do feeling da cultura pop dos anos 80.
Em
cada detalhe visual, narrativo e sonoro,
se percebe que os realizadores do filme não são meros fãs de ocasião,
pisando em solo desconhecido, mas sim mestres no know-how oitentista e
genuínos amantes da atmosfera da arte pop da época.
O roteiro não passa
de uma sequência absurda de bobagens viajantes das mais ridículas
possíveis, concebidas com a única e exclusiva finalidade de homenagear e
fazer referência a uma imensa gama de totens sagrados do pop
oitentista, como Tron, The Terminator, Back to the Future, Miami Vice,
Lethal Weapon, Little Trouble in Big China, Knight Rider, metal farofa,
filmes de ninja, desenhos animados dos 80s, jogos de videogame
side-scrollers do gênero beat'em up e por aí vai.
Com um visual
surpreendentemente bem concebido, cheio de personalidade, e com efeitos
especiais eficazes para além das expectativas mais otimistas, "Kung
Fury" já vem ao mundo colocado acima do bem e do mal. Não há o que
criticar no filme - exceto o fato de que a sua meia hora de duração é
cruelmente insuficiente e deixa o espectador suplicando por mais deste
universo.
Como não poderia deixar de ser, a trilha sonora se esmera para
soar tão "over the top" e épico-oitentista quanto possível, com
magnífico resultado. "Kung Fury" é mais uma prova daquilo que, no fundo,
todos nós sabemos: que o cinema é uma coisa absurdamente maravilhosa
quando feito por pessoas que realmente amam e conhecem o material com o
qual se propõem a trabalhar. Agora ficarei no aguardo de um
longa-metragem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário