Todo mundo acha que praia é legal de verdade nos meses de janeiro e fevereiro, na chamada "alta temporada". Acontece que todo mundo está enganado, essa é simplesmente a PIOR época para estar na praia. Por que? Como "por que", não confia em mim, tá me cobrando explicação, é?!? Bom, tá, como eu sou muito legal eu vou explicar ...
Primeiro, só existem dois tipos de praia: as pequenas e as badaladas. Nas pequenas, na alta temporada, se bobear você não consegue providenciar nem um pão com margarina pro café da manhã. Sem falar que, depois das dez da noite, você morre de fome mesmo que esteja com a carteira recheada de notas de cem reais.
As praias pequenas simplesmente não conseguem dar conta de fornecer uma estrutura mínima de conforto para as três dezenas de veranistas que a frequentam, e o resultado é que você precisará se deslocar para a praia vizinha para conseguir tomar um sorvete decente - ou para conseguir um repelente de insetos que seja forte o suficiente para afastar aqueles pequenos helicópteros carnívoros do tamanho de uma bola de basquete que atendem pelo nome de "mosquitos" na sua praia.
Mas as praias badaladas são ainda piores. Estar nelas na alta temporada é garantia de sofrimento. Centenas de automóveis e caminhonetes com música bagaceira no último volume infestam as pequenas ruas, avenidas e estradas. A beira da praia torna-se uma caixa de areia onde cada milímetro de espaço é disputado por hordas de bárbaros farofeiros, e qualquer possibilidade de descanso se torna ainda mais improvável.
Menos mal que, quando chove cinco dias seguidos, pelo menos hoje em dia é possível se distrair com comodidades high-tech, como um iPhone, um iPad, um notebook com modem 3G, um videogame portátil, um acelerador de partículas de bolso ou um teletransportador que o materialize novamente em sua casa na cidade. Menos mal. No meu tempo, as opções para aplacar o tédio eram: a) dormir; b) comer; c) ver o único canal de TV cujo sinal pegava; d) reler revistas de uma ou duas décadas atrás que ficaram esquecidas pelos cantos; e) desencarnar de tédio e morrer.
Mas as praias badaladas são ainda piores. Estar nelas na alta temporada é garantia de sofrimento. Centenas de automóveis e caminhonetes com música bagaceira no último volume infestam as pequenas ruas, avenidas e estradas. A beira da praia torna-se uma caixa de areia onde cada milímetro de espaço é disputado por hordas de bárbaros farofeiros, e qualquer possibilidade de descanso se torna ainda mais improvável.
Menos mal que, quando chove cinco dias seguidos, pelo menos hoje em dia é possível se distrair com comodidades high-tech, como um iPhone, um iPad, um notebook com modem 3G, um videogame portátil, um acelerador de partículas de bolso ou um teletransportador que o materialize novamente em sua casa na cidade. Menos mal. No meu tempo, as opções para aplacar o tédio eram: a) dormir; b) comer; c) ver o único canal de TV cujo sinal pegava; d) reler revistas de uma ou duas décadas atrás que ficaram esquecidas pelos cantos; e) desencarnar de tédio e morrer.
O pior de tudo, no entanto, são os preços do litoral na alta temporada: aquele pastel vagabundo de camarão (que possui 20% de massa frita, 10% de camarão e 70% de recheio de vento) que seria vendido por "dôirreal" em outras circunstâncias aparece subitamente custando R$ 6,99. E tente, TENTE conseguir uma cerveja gelada em algum lugar. Toda bebida, além de ser vendida com preço inflacionado, vem morna como um saco de urina. A alternativa é apelar para uns blocos de gelo (certamente feitos com a água mais imunda imaginável) ou para umas rodelinhas de limão (certamente o limão mais mal lavado da face da Terra). Preço de hotéis e pousadas, então, nem se fala: qualquer casinha de Snoopy vira "quarto de luxo" na alta temporada, onde os preços só não são mais irreais do que as expectativas dos veranistas.
Sim, eu sei, tem uma série de coisas boas na praia: o sol, o mar, as garotas de biquini. Mas você sabe que irá voltar para sua casa meio branco, meio vermelho, desfigurado pelas picadas de mosquito ou vítima de alguma intoxicação alimentar. Não quero desencorajar nenhum veranista, mas talvez seja o caso de dar um pulinho na praia depois da alta temporada, para ver o que acontece. Salvo engano, o mar continuará no mesmo lugar. E as caminhonetes tocando o insuportável novo hit do Michel Teló já terão ido embora. Bem, pelo menos a maioria delas ...
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