segunda-feira, 4 de maio de 2009

ÁLBUM DA SEMANA: BRUCE DICKINSON - SKUNKWORKS (1996)

Nos anos em que Bruce Dickinson esteve afastado do Iron Maiden (1994-1999), o cara lançou dois álbuns de heavy metal sensacionais que todo mundo ouviu e que, sobre vários aspectos, serviram de ensaio para seu retorno ao Iron: Accident of Birth (1997) e Chemical Wedding (1998). Acompanhado do guitarrista Adrian Smith (que voltaria ao Maiden em 1999 junto com Bruce) e do competente guitarrista e produtor Roy Z, esses álbuns exibiam heavy metal de qualidade, bem próximos ao estilo do Iron mas com mais peso e agressividade. Ao contrário do primeiro lançamento solo de Bruce após sua saída do Maiden (o controverso Balls to Picasso, de 1994), esses dois álbuns se tornaram um sucesso de crítica e público.

Mas, no meio dessa trajetória de Dickinson fora do Maiden, existe um disco muito bom que pouca gente ouviu. Um álbum que lançava uma nova banda projeto do vocalista, e que sumiu sem fazer muito barulho: o Skunkworks.

Eu tomei conhecimento desse álbum na época em que foi lançado, quando eu tinha uns quinze anos. Cheguei a ouvir algumas faixas posteriormente, como "Space Race" e, principalmente, "Inertia", cujo videoclip passava eventualmente nos programas de heavy metal da MTV (é, um dia já existiu programa de heavy metal na MTV brasileira, dá pra acreditar?).

Uma rápida audição deste álbum deixa evidente a intenção de Bruce à época. Em meados dos anos 90, o heavy metal tradicional estava em acentuado declínio. Bandas como o Iron Maiden e Judas Priest enfrentavam uma baixa em popularidade e vendas, o Metallica abraçou um rock pesado "alternativo", bandas mais pesadas foram parar no underground e as rádios e a MTV estavam tomadas pela moda do "grunge", o pós-punk nascido em Seattle e que tinha Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains como grandes nomes. Dickinson resolve, então, tentar uma abordagem diferente: um hard rock com frases de guitarra mais simples, pesado mas afastado da sonoridade e da velocidade características do heavy metal, e deixando de lado os solos de guitarra. A idéia pode ser criticada como "comercial", mas o resultado é um dos álbuns mais diferentes da carreira de Bruce.

Longe de ser um disco de "grunge", Skunkworks apresenta um hard rock (não confundir com "hair metal", como muita gente faz) de qualidade, construído sobre instrumentais simples mas com muita pegada, boa produção e linhas vocais excelentes. A lírica típica do heavy metal - horror, morte, dragões, guerreiros, etc - fica de lado e Bruce se aventura em temas mais sentimentais e até políticos, como a crítica à corrida armamentista que se vê na letra de "Space Race".

A abertura do álbum é matadora: começa com a ótima "Space Race", uma espécie de balada heavy viajante, passa pela rápida e pegajosa "Back From the Edge" e chega na excelente "Inertia", o primeiro single/videoclip do álbum. Embora o resto do disco não mantenha esse nível tão alto, as faixas seguintes reservam várias boas surpresas, com destaque para "Solar Confinement", uma das melhores faixas do álbum.

Ao total, são 13 faixas nas quais é possível ouvir um Bruce Dickinson diferente do "Deus do Metal" que todos conhecem. É claro que a voz de Bruce, perfeita para o heavy metal, dá às músicas um acento que torna impossível confundí-las com algo muito distante do hard/heavy rock. Mesmo assim, o estilo lírico e instrumental das composições torna o trabalho diferente e interessante, um álbum muito mais regular e consistente do que Balls to Picasso, por exemplo.

O Caveira recomenda.

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