quarta-feira, 24 de março de 2010

ÁLBUM RECOMENDADO: THEM CROOKED VULTURES (2009)


O que acontece quando John Paul Jones (o célebre baixista do monstro-sagrado Led Zeppelin), Josh Homme (da famosa banda Queens of the Stone Age) e Dave Grohl (ex-baterista do lendário Nirvana e líder do Foo Fighters) se juntam para um projeto musical? Para quem gosta de música boa, a prudência recomenda no mínimo dar uma conferida. E, no caso do Them Crooked Vultures, dá pra conferir sem medo, porque o trabalho dos caras ficou excelente. De regra, a marca dessa nova banda são faixas relativamente curtas, cheias de ritmo, com melodias interessantes e riffs simples (mas eficientes) de guitarra e baixo comendo solto.

É quase impossível pra quem gosta de rock não sair batendo palmas, já na primeira audição, para este álbum homônimo de estréia da banda/projeto. São nada menos do que treze faixas no disco, e a maioria delas é legal pra caralho, sendo que algumas fisgam o ouvinte logo de cara.
"No One Loves Me & Neither Do I" é um rockão arrastado e melódico, construído em cima de um riffzão bem básico de guitarra e baixo. A influência da sonoridade do Led Zeppelin não é nem um pouco disfarçada. Mais para o fim da faixa aparece uma guitarra mais pesada que dá uma sonoridade mais contemporânea para a faixa. "Mind Eraser, No Chaser" já é bem mais agitada e dinâmica, contando com backings legais de Dave Grohl. Parece uma mistura do garage-rock-revival dos anos 2000 com o grunge dos anos 90. "New Fang", o primeiro single do álbum, é ótima e com certeza uma das melhores do álbum, também girando em torno de um riff mas com um groove legal. "Dead End Friends" tem um excelente trabalho de vozes e contagia na primeira audição. "Elephants" começa rápida e nervosa, depois fica cadenciada e viajante - é uma das músicas mais longas do disco. É legal, mas longe de figurar entre os destaques do álbum.

"Scumbag Blues" é um barato, com vocais agudos e backings de rock sessentista, com a bateria ditando o andamento da música, com um clima anárquico e guitarra com o timbre no melhor estilo White Stripes. Impossível não curtir. "Bandaliers" é boa mas não tão legal, e não diz muito a que veio. "Reptiles" é mais experimental e parece saída de uma jam session improvisada. "Interlude With Ludes" é provavelmente a faixa mais doida e pouco convencional do álbum, seguida por "Warsaw or The First Breath You Take After You Give Up", que distoa por ter sete minutos e meio de duração. A faixa tem uma levada blues, sendo que em certos momentos chega a lembrar um som do The Doors. Bem legal. Da metade para o fim, a faixa vira um devaneio só. "Caligulove" é outro destaque do álbum, com sua mistura de teclados e sonoridade stoner/hard rock. "Gunman" tem uma sonoridade mais "modernosa" e bastante wah-wah na guitarra, e soa bem diferente do conjunto das faixas do álbum, mas o resultado é muito bom e a faixa gruda na memória à primeira audição. O disco fecha com a caótica e experimental "Spinning in Daffodils", que fecha o álbum deixando claro que os caras idealizaram um trabalho que, embora fiel às raízes do trio, contasse com a maior diversidade de atmosferas e sonoridades possíveis.    

Nos final dos anos 90, havia um chamado generalizado por alguém que viesse para "salvar o Rock n' Roll". Mas isso é coisa do passado, pois de uma década para cá o rock já foi "salvo" várias vezes por nomes como White Stripes e Franz Ferdinand, que - com nova roupagem - devolveram o estilo ao mainstrem. Diante disso, o caldeirão eclético de sons desse álbum de estréia do Them Crooked Vultures não chega com pretensões ou predicados para mudar o mundo. Mas quem liga? Afinal de contas, Jones e Grohl já o fizeram no passado, respectivamente com o Zeppelin e com o Nirvana. O Vultures é um projeto que soa atual e divertido, e não faz feio na comparação com a média das discografias das paradigmáticas duas bandas citadas no começo do parágrafo.

Independentemente de qual seja o seu subgênero favorito dentro do estilo rock, é uma audição mais do que recomendada.


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