terça-feira, 20 de janeiro de 2009

UMA NOVA ERA?


Ufa, acabaram-se os Anos Bush! E sobrevivemos para contar a história. Foram oito anos do governo americano mais inacreditavelmente incompetente que a minha geração testemunhou. O texano - que já vai tarde - pegou um país que crescia 7% ao ano, com pleno emprego e com uma imagem diplomática respeitável ao redor do mundo e o atirou na pior crise financeira dos últimos oitenta anos, além de atolá-lo numa guerra estúpida, injustificada e injustificável no Oriente-Médio.

Os EUA, hoje, são uma nação bem menos respeitável do que eram quando Bush sentou sua bunda na Casa-Branca.

Bush, é claro, enfrentou um dos momentos de maior fragilidade da história americana - os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Mas, se isso foi um acontecimento horrendo e traumático para o povo americano, não o foi para Bush. Não custa lembrar que o ex-presidente havia assumido numa eleição para lá de questionável (Al Gore teve maior número de votos) e que gozava de uma popularidade baixíssima até o dia dos ataques, quando de uma semana para outra se tornou o presidente com maior índice de aprovação de todos os tempos. A destruição do World Trade Center foi a chance que Bush teve de reescrever sua biografia, de dar novo rumo ao seu governo e de garantir para si um papel de honra na História. Com a sua característica "diplomacia de fazenda", ele não fez nada disso: usou o episódio como desculpa esfarrapada para uma vendetta pessoal de família contra o regime de Saddam Hussein, "caminhou" por cima da ONU, arruinou a carreira política do então brilhante Tony Blair e jogou a imagem dos Estados Unidos na lama perante o mundo. Na saída, mostrou a que veio também na economia.

A missão do fenômeno Barack Obama é cruel. O que os americanos esperam dele? O que o mundo espera dele? A resolução dos conflitos na Palestina? A retirada das tropas do Iraque e a paz naquele país? O fim da crise nos EUA e no mundo? O reestabelecimento da importância e efetivadade da ONU? O fim do embargo à Cuba? O fim da prisão-masmorra de Guantánamo? Negociações de paz efetivas com o Irã? Estabilidade no Oriente Médio? A redução da pobreza no mundo? Maior avanço nas pesquisas com células-tronco para curar doenças? Uma relação mais aberta com países emergentes? Menos militarismo e beligerância? Ou tudo isso junto?

Um único homem pode abrir caminho para tudo isso em apenas quatro - ou oito - anos? Ou o fenômeno pop do menino negro e pobre que se torna o homem mais poderoso do mundo está fadado a causar decepção?

A História nos dirá, em capítulos que começam a ser escritos a partir de hoje.

Pelo menos uma coisa é certa: o simples fato de Obama se tornar presidente dos EUA já é um primeiro e importantíssimo passo para um mundo mais democrático, aberto ao diálogo, plural e no qual maus governantes são devidamente reprovados por seu eleitorado quando exercem mandatos desastrosos.

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